Um aparente contra-senso
O sistema eleitoral americano pode gerar resultados que podem ser vistos como um contra-senso. E isso deve-se ao modelo de grandes eleitores na eleição presidencial, no qual os eleitores começam por votar nas primárias dos partidos para atribuírem delegados afectos a um determinado candidato e, assim, ser nomeado para disputar uma eleição.
Ao ler uma passagem do livro "The Audacity to Win", de David Plouffe, director de campanha presidencial de Barack Obama em 2008, percebe-se que nem sempre uma derrota em votos significa uma derrota. Confuso? Nem tanto.
Depois de Obama ter ganho as primárias no Iowa e ter perdido, dias depois, em New Hampshire, logo no início de 2008, o palco que se seguia era o Nevada, onde uma derrota era quase certa contra a outra candidata democrata, Hillary Clinton. Mas, na noite das eleições, e com os resultados a darem 51 por cento para Clinton e 45 para Obama, Jeff Berman, coordenador regional da campanha deste último no Nevada, entra na sala onde estava o staff e, segundo Plouffe, estava mais contente do que aquilo que seria de esperar, tendo em conta os resultados conhecidos.
"I think we might have won more delegates than Clinton", disse Berman.
"Why, because we were more balanced statewide?", perguntou Plouffe.
"Yep", respondeu Berman.
De um momento para o outro, em contraponto à tristeza da derrota dos votos, a equipa de Obama pôde festejar pela vitória dos delegados ganhos.