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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Desapareceu um conservador honesto que fez história no reino dos liberais

Alexandre Guerra, 28.09.09

 

George Tames/The New York Times

 

A cena política conservador americana perdeu William Safire, que este Domingo não resistiu a um cancro do pâncreas, morrendo aos 79 anos, deixando como legado uma vasta obra jornalística e literária, que lhe valeu um prémio Pulitzer.

 

Ao longo de mais de três décadas, entre 1973 e 2005, Safire foi colunista residente do New York Times, ocupando um espaço residente naquele jornal com uma perspectiva conservadora, por vezes, bastante acutilante, do qual o autor destas linhas era leitor.

 

Mas já antes Safire era uma figura influente na cena política de Washington ao pertencer  ao núcleo duro do antigo Presidente Richard Nixon enquanto seu "speachwriter". Começara a sua actividade como jornalista, transitando mais tarde para a área das "public relations" ao serviço do poder da Casa Branca.

 

Aliás, Safire presenciou e, através das suas capacidades negociais, terá mesmo ajudado a promover o famoso "kitchen debate", um encontro informal realizado a 24 de Julho de 1959 entre Richard Nixon, na altura vice-Presidente dos Estados Unidos, e o chefe de Estado russo, Nikita Khrushchev, durante a American National Exhibition em Moscovo. 

 

Os dois líderes encontraram-se na cozinha da casa pré-fabricada construída para a exposição de modo a demonstrar ao povo russo o estilo de vida que qualquer cidadão americano podia ter.

 

Logo após ter iniciado a sua colaboração no New York Times como colunista, em 1973, Safire fez questão de informar os seus leitores de que não estaria naquele lugar para desculpar os erros de Nixon, no entanto, também referiu que não teria qualquer problema em elogiar aquilo que considerasse passível de o ser.

 

Não é por isso de estranhar que muitos dos seus novos colegas no New York Times, na sua maioria liberais, olhassem para Safire com desconfiança e intimamente ligado a Nixon, um homem caído em desgraça e, na altura, considerado como pouco recomendável para quase todos os círculos em Washington.

 

A verdade é que rapidamente Safire vincou o seu espaço, criando um registo muito próprio, sustentado no seu calibre intelectual e, muitas das vezes, enriquecido com o trabalho de campo e fontes fidedignas. De tal modo, que em 1978 Safire seria galardoado com o prémio Pulitzer.

 

O Washington Post, citando um antigo colega de Safire, descreve o momento em que a redacção do New York Times se terá rendido ao seu carácter e perfil.

 

Como John Nichols da The Nation observou, nem sempre era possível concordar com Safire, mas era impossível não reconhecê-lo como um conservador honesto. Também o Wall Street Journal teceu um enorme elogio a Safire, considerando-o como um dos "gigantes" do pensamento conservador emergentes no jornalismo na década de 70.