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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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A próxima cimeira da NATO em Varsóvia

Alexandre Guerra, 03.06.16

 

A 8 e 9 de Julho vai realizar-se a Cimeira da NATO em Varsóvia. Em visita à Polónia esta semana, o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, fez uma antecipação do que estará na agenda do encontro. Perante os desafios de segurança e também de valores aos fundamentos europeus, pretende-se que nesta cimeira a NATO reforce a sua presença nos países da parte Leste da organização e que se projecte estabilidade para lá das fronteiras da Aliança.

 

Quanto ao reforço da posição da NATO nesses países de Leste, um dos pontos que será discutido tem a ver com a colocação de vários batalhões em diferentes Estados daquela região, embora o secretário-geral da NATO tenha referido que esta medida não tem um carácter ofensivo contra a Rússia. Para já, sabe-se que os três países bálticos e a Polónia irão receber estes batalhões. Além disso, a Polónia anunciou hoje que vai criar uma força paramilitar de 35 mil civis que terão treino militar e que serão distribuídos por várias brigadas territoriais, com o objectivo de estarem preparados para um tipo de conflito como aquele que aconteceu no leste da Ucrânia.

 

Sobre a capacidade de projecção de estabilidade para lá das fronteiras da Aliança, Jens Stoltenberg adiantou que a NATO vai intensificar a cooperação e o treino conjunto com países do Médio Oriente e Norte de África, para que estas regiões possam fortalecer as suas instituições de defesa e forças militares com dois objectivos: reconquistarem território que tenham perdido para forças terroristas, como o Estado Islâmico ou a Al Qaeda; criarem condições mais favoráveis para facilitar a eventualidade de mobilização de tropas da NATO naqueles países.

 

Na próxima cimeira será também discutido o investimento do PIB que cada país faz na área da Defesa, com a meta de dois por cento sempre presente. Outro dos pontos que será também abordado é a cooperação entre a NATO e a União Europeia em matéria de ameaças híbridas, como a ciber defesa e a segurança marítima. 

 

Entretanto, dentro da NATO Response Force (NRF), que conta com 40 mil homens, foi activada há dias a Very High Readiness Joint Task Force (VJTF), que é uma espécie de “ponta de lança” composta por 5 mil homens com capacidade de mobilização em 48 horas em qualquer parte do mundo. Será anunciado, certamente, com entusiasmo e pompa na cimeira de Julho.

 

As trágicas coincidências da História

Alexandre Guerra, 10.04.10

 

Oficial russo guarda os destroços do Tupolev 154 na floresta próxima de Katyn/Sergei Karpukhin/Reuters

 

A História está cheia de coincidências trágicas. Não são mais do que um desafio ousado às estatísticas das probabilidades, mas nem por isso deixam de provocar interpretações transcendentais ou sentimentos de crença sustentados no irracional.

 

As circunstâncias em que ocorreu o acidente aéreo desta amanhã, perto de Katyn, e que vitimou o Presidente Lech Kaczynski, a cúpula do Estado Maior polaco, assim como outras figuras relevantes políticas e intelectuais, cruzam-se com os horrores de acontecimentos passados precisamente na mesma região.

 

Durante a II GM, o massacre de Katyn foi um dos episódios mais marcantes da violência perpetrada pelo Exército Vermelho aquando da invasão da Polónia, tendo Moscovo ordenado o massacre de milhares de soldados e oficiais, de elites políticas e intelectuais polacas nas florestas próximas de Katyn, em 1940.

 

A cicatriz de Katyn nunca foi sarada, simbolizando durante décadas o domínio russo sobre o povo polaco, e era precisamente para assinalar o 70º aniversário desse trágico acontecimento que uma delegação de alto nível partiu esta manhã de Varsóvia com destino ao aeroporto de Smolensk, capital da região russa com o mesmo nome, e cidade próxima da vila de Katyn.

 

Ao tentar aproximar-se à pista, pela quarta vez e sob forte nevoeiro, o Tupolev 154 terá embatido no topo das árvores e despenhado. As mais de pessoas que iam a bordo morreram.

 

O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, disse tratar-se do evento mais trágico desde o pós II GM, tendo o antigo Presidente polaco, Aleksander Kwasniewski, afirmado que “Katyn” é um “lugar amaldiçoado”.

 

Tal como há 70 anos, a tragédia deste Sábado ocorreu na mesma floresta da região russa de Smolensk. “It sends shivers down my spine. First the flower of the Second Polish Republic is murdered in the forests around Smolensk, now the intellectual elite of the Third Polish Republic die in this tragic plane crash when approaching Smolensk airport”, disse Kwasniewski.