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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

As lágrimas (de alegria) vertidas em Moscovo

Alexandre Guerra, 07.02.14

 

 

No dia em que começam os já muito polémicos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, cidade russa localizada na costa do Mar Negro, a BBC News relembra que em 1975, o então secretário-geral da Partido Comunista Soviético, Leonid Brezhnev, escrevera a um colega no Politburo, alertando para os eventuais avultados custos financeiros e possíveis escândalos que surgiriam caso a União Soviética acolhesse os Olímpicos de 1980. E Brezhnev terá ido ainda mais longe, sugerindo que seria possível à URSS desistir do projecto, submetendo-se apenas a uma pequena multa.

 

Os Jogos Olímpicos de 1980 acabaram por realizar-se em Moscovo, embora sob um dos maiores boicotes de sempre liderado pelos Estados Unidos. Apesar disso, aqueles JO foram marcanres e ficaram simbolizados no Misha, a primeira mascote que se celebrizou à escala global. Para a História e na memória de quem viu, ficaram as lágrimas do Misha vertidas na cerimónia de encerramento.  

 

Recordações de Verão

Alexandre Guerra, 21.08.11

 

Russos a celebrarem a tentativa de golpe de Estado, a 21 de Agosto de 1991, junto à Casa Branca (sede do parlamento) em Moscovo/Vladimir Filonov/The Moscow Times

 

Uma das recordações de Verão do Diplomata remonta há 20 anos, precisamente por estes dias no ano de 1991, quando estava a desfrutar férias num parque de campismo em São Pedro Moel com um grupo de amigos, todos ainda jovens adolescentes na casa dos 15.

 

Ainda sem uma percepção política apurada, mas com um gosto claro para os temas internacionais, o autor destas linhas associou para sempre esses dias de férias ao golpe de Estado fracassado na ainda União Soviética.

 

Na altura, entre praia, saídas nocturnas e outros interesses menos produtivos, as atenções não estavam naturalmente focadas para o que se passava em Moscovo, mas percebia-se, entre os noticiários das oito da noite ouvidos aos soluços através das televisões espalhadas pelas tendas, roulottes e auto-caravanas ao longo do parque, que algo de histórico estava a acontecer na Rússia.

 

Com mais calma, e já regressado de férias, foi possível ao autor destas linhas perceber os contornos das movimentações turbulentas em Moscovo, que acabaram por se revelar infrutíferas (naquele momento) e permitir o regresso do então Presidente Mikhail Gorbachev a Moscovo, no dia 22 de Agosto, depois de ter estado durante vários dias em prisão domiciliária na sua casa de férias na Crimeia.  

 

Esta Segunda-feira assinalam-se 20 anos sobre aquele regresso ao Kremlin, que, como se viria a constatar pouco tempo depois, seria de curta duração. A 25 de Dezembro de 1991 Gorbachev anunciava a demissão do cargo de Presidente da URSS e enterrava definitivamente o império soviético.