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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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A Taxa Tobin começa a ter alguns apoios políticos de peso

Alexandre Guerra, 09.06.10

 

Aquilo que era visto há uns anos como um devaneio de algumas correntes mais esquerdistas e liberais, algumas delas inspiradas na Nova Esquerda, tendo o Presidente brasileiro Lula da Silva como referência, e associadas ao Fórum de Porto Alegre, começa a assumir uma forma mais sustentada.

 

O Diplomata está a referir-se à famosa e polémica Taxa Tobin, que prevê uma taxação sobre as transacções financeiras internacionais. Desde há alguns anos que se discute este assunto, no entanto, o debate não tem passado do nível académico e poucos foram os líderes políticos de Governo que quiserem realmente discutir de forma séria esta questão.

 

É verdade que, por exemplo no caso português, partidos como o Bloco de Esquerda têm insistido na aplicação da Taxa Tobin, porém, o seu distanciamento do poder aliado a um discurso, por vezes extremado, tem relegado para a irrelevância a sua posição nesta matéria.

 

O mesmo já não se pode dizer de outras figuras políticas que ao pronunciarem-se sobre a eventual aplicação da Taxa Tobin deram um novo ímpeto ao assunto.

 

Atravessando-se uma das piores crises económicas dos últimos 100 anos, motivada, em parte, por excessos e ausência de controlo do sistema financeiro, líderes como o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, já vieram dizer há uns meses que talvez fosse interessante ponderar a aplicação daquela taxa.

 

Ontem, foi a vez do comissário europeu, Michel Barnier, responsável pelo Mercado Interno e Serviços, em entrevista, defender pessoalmente a aplicação da Taxa Tobin. Uma taxa que deve o seu nome ao economista americano, James Tobin, que nos anos 70 foi o primeiro a sugerir um mecanismo financeiro sobre as transacções internacionais.

 

Com estas vozes a fazerem-se ouvir, e tendo em conta o seu peso político e institucional, e numa altura em que vários países adoptam medidas de austeridade, a Taxa Tobin começa a deixar de ser vista como um “devaneio”, para ser encarada com uma política racional em tempo de crise.