Mais um ataque de muçulmanos contra muçulmanos no Paquistão
Comandos paquistaneses tentam controlar uma das duas mesquistas atacadas hoje em Lahore/Arif Ali/Agence France-Press/Getty Images
Ataques simultâneos em duas mesquistas na cidade paquistanesa de Lahore provocaram hoje mais de 80 mortos. Aproveitando o dia de descanço muçulmano, vários homens armados lançaram granadas e dispararam tiros sobre as pessoas que se encontravam naqueles recintos para as suas orações.
As vítimas destes ataques pertenciam a uma seita minoritária islâmica, os Ahmadis, e terão sido alvo, segundo algumas informações, de uma acção terrorista levada a cabo pelos taliban paquistaneses, também eles muçulmanos.
Tal como o Diplomata já aqui abordou várias vezes, este ataque é revelador da explosiva situação que se vive no Paquistão. Ali Dayan Hassan, da Human Rights Watch, disse à BBC News que estas pessoas eram "alvos fáceis" para os sunitas radicais taliban, que consideram os Ahmadis uns infiéis.
A violência sectária no Paquistão tem sido uma constante nos últimos tempos, sobretudo a partir do momento em que os taliban paquistaneses começaram a ganhar preponderância e autonomia nalgumas regiões tribais e fronteiriças com o Afeganistão. Mas, o problema coloca-se também ao nível do Estado central paquistanês, já que o Exército e outras forças de segurança têm, por vezes, uma posição dúbia em relação aos taliban paquistaneses.
Estes ataques já foram condenados pelas autoridades regionais e nacionais, no entanto, desde há muito que Islamabad tem sido acusado por Washington, muitas vezes de forma informal, de não ter uma política coerente no combate ao radicalismo islâmico no país.