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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Mais um ataque de muçulmanos contra muçulmanos no Paquistão

Alexandre Guerra, 28.05.10

 

 

Comandos paquistaneses tentam controlar uma das duas mesquistas atacadas hoje em Lahore/Arif Ali/Agence France-Press/Getty Images

 

Ataques simultâneos em duas mesquistas na cidade paquistanesa de Lahore provocaram hoje mais de 80 mortos. Aproveitando o dia de descanço muçulmano, vários homens armados lançaram granadas e dispararam tiros sobre as pessoas que se encontravam naqueles recintos para as suas orações.

 

As vítimas destes ataques pertenciam a uma seita minoritária islâmica, os Ahmadis, e terão sido alvo, segundo algumas informações, de uma acção terrorista levada a cabo pelos taliban paquistaneses, também eles muçulmanos.

 

Tal como o Diplomataaqui abordou várias vezes, este ataque é revelador da explosiva situação que se vive no Paquistão. Ali Dayan Hassan, da Human Rights Watch, disse à BBC News que estas pessoas eram "alvos fáceis" para os sunitas radicais taliban, que consideram os Ahmadis uns infiéis.

 

A violência sectária no Paquistão tem sido uma constante nos últimos tempos, sobretudo a partir do momento em que os taliban paquistaneses começaram a ganhar preponderância e autonomia nalgumas regiões tribais e fronteiriças com o Afeganistão. Mas, o problema coloca-se também ao nível do Estado central paquistanês, já que o Exército e outras forças de segurança têm, por vezes, uma posição dúbia em relação aos taliban paquistaneses.

 

Estes ataques já foram condenados pelas autoridades regionais e nacionais, no entanto, desde há muito que Islamabad tem sido acusado por Washington, muitas vezes de forma informal, de não ter uma política coerente no combate ao radicalismo islâmico no país.

  

No Dia de São Valentim, Abdullah "rompeu" com waabitas do Governo saudita

Alexandre Guerra, 18.02.09

 

 

Enquanto no passado Sábado corações e mentes se entregavam ao romance do Dia dos Namorados ( ou São Valentim), em Riade estava a acontecer um "massacre" no seio da corrente waabita instalada no Governo saudita.

 

A palavra "massacre" foi utilizada  em sentido figurado por Nina Shea, directora do Centro de Liberdade Religiosa do Hudson Institute, para descrever o ataque feroz que o Rei Abdullah desferiu nos ministros e altos responsáveis políticos mais conservadores do regime.

 

Entre as várias medidas, Abdullah promoveu pessoas da sua confiança, mais tolerantes em termos religiosos e políticos e que se adequam melhor às necessidades do país em pleno século XXI. 

 

O principal sinal de esperança para uma verdadeira reforma e abertura política, social e religiosa terá sido a nomeação de Noura al-Faez como vice-ministra para a pasta da Educação das Mulheres. É a primeira mulher a ocupar um lugar no Executivo.

 

A iniciativa é de tal maneira importante que o correspondente internacional da CNN, Nic Robertson, interrogava-se com o seguinte: O que poderá ser maior do que a nomeação de uma mulher para um lugar ministerial? A resposta foi: "Talvez uma ministra da Justiça."

 

Desde 2005 no poder de facto e de juri, após a morte do seu irmão, o Rei Fahd, este foi o mais importante gesto político levado a cabo por Abdullah, afastando do Governo alguns dos guardiões do waabismo, substituindo-os por mentes mais reformistas e próximas do chefe de Estado.

 

Entre os que saíram encontram-se o ministro da Justiça e o líder da Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício.

 

Nic Robertson diz tratar-se de um novo curso irreversível para a modernização da Arábia Saudita, que já vem sendo preparado por Abdullah há algum tempo.

 

Com 80 anos, o monarca apercebeu-se que o seu país está cada vez mais dominado por uma faixa etária muito jovem, com acesso à TV satélite, a telemóveis, a Blackberry's, a contactos com o exterior... Ou seja, no fundo trata-se de uma parte da população sedenta de mudança e potencialmente muito crítica, caso o Governo não suavizasse os preceitos orientadores da sociedade.

 

Apesar do sentido reformista de Abdullah, tudo tem sido feito com moderação, não sendo de esperar mudanças drásticas. Porém, o Rei tem emitido importantes sinais para a sociedade saudita, demonstrando que pretende atenuar o domínio radical waabita em prol de uma maior influência do ramo sunita.