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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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O'Donnell é a mulher que se segue no Tea Party, mas não deverá chegar ao Senado

Alexandre Guerra, 15.09.10

 

Christine O'Donnell a celebrar a vitória em Dover, Delaware/Foto:Jessica Kourkounis/NYT

 

É a nova sensação da cena política americana. Christine O’Donnell venceu ontem as primárias no Estado de Delaware, fazendo cair por terra o candidato do Partido Republicano, Michael N. Castle, que pretendia renovar o seu lugar no Senado americano nas eleições intercalares do próximo dia 2 de Novembro.

 

Até aqui tudo poderia parecer uma normal contenda intestina eleitoral entre candidatos republicanos, mas a verdade é que O’Donnell apresentou-se às urnas como representante do Tea Party e não pelo Partido Republicano.

 

O Tea Party é considerado um movimento ideologicamente mais conservador no campo republicano, e que tem como principal figura Sarah Palin, candidata à vice-presidência dos Estados Unidos no “ticket” com John McCain nas eleições de 2008.

 

As declarações proferidas por O’Donnell imediatamente a seguir à sua vitória demonstram bem o distanciamento que o Tea Party quer vincar em relação ao aparelho republicano, ao dizer que terá todo o gosto em aceitar o apoio do partido, mas deixando o recado de que não precisaria.

 

Com este resultado nas primárias, e contra todas as expectativas, do lado conservador será O’Donnell a enfrentar o candidato democrata no dia 2 de Novembro na corrida ao lugar do Senado.

 

Perante esta e outras vitórias do Tea Party nas primárias de ontem, dentro do aparelho republicano começam a surgir alguns sinais de desconforto e de desorientação.

 

Karl Rove, antigo estratego do ex-Presidente George W. Bush, não viu com bons olhos a vitória de O’Donnell e já veio dizer que esta não tem qualificações para assumir um eventual lugar de senadora. Por outro lado, o comité nacional republicano do Senado deu o seu apoio a todos os candidatos republicanos no Delaware, incluindo a O’Donnell.

 

Para todos os efeitos, os seguidores do Tea Party são formalmente membros do Partido Republicano, embora se assumam cada vez mais como um movimento marginal ao “aparelho” do Grand Old Party.

 

Mas, as considerações de Rove poderão fazer algum sentido, já que segundo alguns analistas, a vitória de O’Donnell poderá ter afastado as hipóteses de uma vitória sobre o Partido Democrata na disputa pelo lugar no Senado no dia 2 de Novembro, o que a acontecer poderá comprometer a estratégia republicana de voltar a ganhar a maioria naquela câmara.

 

O adeus à política ou o início de uma corrida à Casa Branca?

Alexandre Guerra, 04.07.09

 

Robert DeBerry/The Mat-Su Valley Frontiersman/AP 

 

Como em quase todos os processos eleitorais cujos resultados implicam rupturas no sistema político, mais concretamente ao nível da governação, uma das primeiras consequências para os derrotados é renovar quadros e procurar novos intervenientes que possam apresentar-se ao eleitorado nos anos seguintes.

 

De certa forma, é isto que tem acontecido no seio do Partido Republicano nos Estados Unidos, após a derrota nas presidenciais de Novembro e a perda de peso político no Congresso, terminando assim um ciclo de oito anos de poder em Washington. 

 

Nos últimos meses, vários nomes têm sido referidos como potenciais candidatos do GOP à presidência dos Estados Unidos em 2012. O problema é que as supostas estrelas republicanas em ascensão têm caído rapidamente, muitas delas, curiosamente, por causa de escândalos sexuais.

 

De entre os nomes surgidos, há pelo menos um que se tem mantido na corrida, e que agora parece estar a ganhar mais fôlego. Sarah Palin, ex-candidata à vice-presidência dos Estados Unidos nas últimas eleições, anunciou esta Sexta-feira a sua demissão do cargo de governadora do Alaska, apesar do seu mandato só terminar em 2010.

 

Esta manobra lançou de imediato a especulação entre os meios políticos, quanto à possibilidade de Palin estar a preparar-se para iniciar um trajecto que terá a Casa Branca como destino.

 

Efectivamente, tal ideia não será para já de descartar, visto que Palin não revelou planos quanto ao seu futuro, deixando tudo em aberto, tendo apenas informado que deixará o cargo de governadora no final do mês. Além disso, ao citar o Major General Oliver Prince Smith (embora tenha dito que a frase era do General Douglas MacArthur), Palin disse o seguinte: "We are not retreating. We are advancing  in another direction."

 

O site Politico referia que esta surpreendente decisão libertava Palin de todas as obrigações e constrangimentos que o cargo de governador obriga, ficando assim totalmente à vontade para fazer contactos e preparar terreno por todo o país. Relembre-se que Palin tem sido acusada de descurar as suas obrigações no Alaska por estar constantemente em viagens noutros estados.

 

Por outro lado, a sua demissão pode simplesmente estar relacionado com o facto de Palin querer afastar-se das luzes da ribalta, uma vez que desde a campanha eleitoral a agora ex-governadora do Alaska não tem tido tréguas por parte da imprensa.

 

E a verdade é que Palin acabou de assinar um contrato bastante lucrativo para escrever um livro. Ao New York Times, o neo-conservadora William Kristol, editor da Weekly Standard, referiu que Palin estava permanentemente a ser acusada de descurar nas suas funções enquanto governadora do Alaska. Com esta decisão, refere Kristol, Palin vai ter a possibilidade de se dedicar a outras actividades, sem prejudicar o estado do Alaska.