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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Iémen, o perigo de uma nova Somália

Alexandre Guerra, 20.09.11

 

Mulheres iemenitas mostram as mãos com sangue depois de terem ajudado companheiros seus, feridos durante a manifestação contra o Governo de Saleh/Foto: Mohammed Huwais/AFP/Getty Images

 

O Iémen está a “ferro e fogo” há várias semanas, embora a situação há muito se arraste. Segundo as últimas informações, desde Domingo terão morrido 50 pessoas, depois das forças governamentais terem carregado sobre manifestantes em Sanaa.

 

Apesar da violência que assola o País, são poucos os correspondentes estrangeiros e enviados especiais que lá estão, com a comunidade internacional a dar pouca atenção ao que por ali se passa, talvez distraída com a “crise” económico-financeira e com a Líbia.

 

Seja como for, há muito que era previsível que aquele Estado se poderia tornar num cenário de conflito interno, tendo condições para se vir a transformar num “Estado falhado”, uma espécie de nova Somália, e assim um vespeiro de terroristas e todo o género de “piratas”.

 

O autor destas linhas há algum tempo que acompanha os acontecimentos naquele País, tendo chamado a atenção a 3 de Setembro de 2009 para o que se estava a passar no terreno. A 10 de Janeiro de 2010 voltaria ao tema, que seria relembrado já este ano, a 21 de Março.

 

Texto publicado originalmente no Forte Apache.

 

Jihadistas infligem golpe ao Governo do Ìémen com divulgação de imagens

Alexandre Guerra, 03.09.09

 

 

Embora distante dos noticiários internacionais e das manchetes dos jornais, o Iémen tem sido um dos palcos mais activos nas movimentações terroristas e antiterroristas desde os atentados do 11 de Setembro. Foi aliás neste país que a CIA procedeu pela primeira vez a assassinatos selectivos no âmbito da "guerra ao terrorismo" lançada pelo ex-Presidente George W. Bush.

 

O Governo do Iémen tem sido um aliado de Washington, mas também de Riade, que pretende conter o extremismo islâmico na sua origem. Porém, o alinhamento de Sanaa tem exacerbado o espírito insurgente islâmico contra o regime e impulsionado uma nova geração de jihadistas, que se têm feito sentir de forma violenta no território, nomeadamente com atentados contra interesses norte-americanos e ocidentais.

 

Desde Novembro de 2001, quando o Presidente do Iémen Ali Abdallah Saleh foi a Washington dar o seu apoio a Bush, que a situação no Iémen tem piorado, com o Governo e os jihadistas a envolverem-se numa verdadeira guerra, provocando centenas de mortes.

 

Apesar disso, o Governo do Iémen tem tentado transmitir para os seus aliados e para a comunidade internacional uma imagem de controlo da situação e de repressão eficaz dos terroristas. Ainda agora em Agosto, o Governo informou de que teria morto 100 rebeldes xiitas.

 

No entanto,  as imagens divulgadas agora pelos mesmos rebeldes xiitas do Iémen (caso se verifique a sua autenticidade), vêm demonstrar que os jihadistas estão mais empenhados e organizados do que aparentemente se pensaria.