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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Saeb Erekat demite-se e o Diplomata relembra uma entrevista feita em Jericó

Alexandre Guerra, 13.02.11

 

 

Saeb Erekat, um dos principais rostos palestinianos na diplomacia internacional, apresentou a sua demissão do cargo de negociador chefe da Autoridade Palestiniana. Uma notícia que não é propriamente uma surpresa, depois do mesmo ter ameaçado fazê-lo há umas semanas, quando foram tornados públicos documentos relativos ao processo negocial israelo-palestiniano, que o colocaram uma situação bastante fragilizada.  

 

Porém, esta situação terá apenas precipitado o seu afastamento, porque a verdade é que Erekat há muito tempo que tinha perdido protagonismo e fulgor no processo negocial israelo-palestiniano. O que não é de estranhar, depois de ter servido a Autoridade Palestiniana durante duas décadas, na maior parte do tempo em condições de enorme dificuldade e tensão, com duas guerras (sul do Líbano e Faixa de Gaza) e duas intifadas pelo meio.

 

Com um perfil moderado e calmo, Erekat tornou-se um dos responsáveis palestinianos mais respeitados pela comunidade internacional. Internamente, o seu estatuto é também inquestionável.

 

O autor destas linhas recorda-se claramente do dia em que entrevistou Erekat, no seu escritório em Jericó.

 

Estava-se no infernal Verão de 2001, com os territórios da Cisjordânia a ferro e fogo e os atentados suicidas a sucederem-se semanalmente nas principais cidades israelitas. Era o segundo ano da Intifada de al Aqsa e israelitas e palestinianos viviam um dos piores momentos das últimas décadas.

 

Jericó, uma das cidades mais antigas da Humanidade e situada no meio do deserto, estava isolada pelas forças de segurança israelitas (IDF) e só se entrava com autorização especial.

 

A conversa com Erekat foi bastante agradável, mostrando-se uma pessoa pouco efusiva, mas simpática. O assunto da entrevista andou à volta da violência que se fazia sentir na altura e das condições impostas por Israel na Cisjordânia e Faixa de Gaza. Por outro lado, Erekat mostrou-se sempre muito crítico aos atentados terroristas palestinianos em território hebraico.

 

Esta sua visão equilibrada da uma realidade complexa ajudou-o a manter-se durante estes anos todos como chefe negociador palestiniano, mesmo após a morte do histórico líder, Yasser Arafat, em 2004.

 

Apesar do papel diplomático que desempenhou, sobretudo na década de 90 e nos primeiros anos do século XXI, a saída de Erekat não deverá ter grandes reflexos no actual estado do processo negocial, praticamente paralisado.

 

Na verdade, desde a morte de Arafat que os líderes palestinianos e israelitas quase não têm conseguido encontrar plataformas sólidas para qualquer espécie de acordo.