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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Interpretações

Alexandre Guerra, 09.11.15

 

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Deputados do PP, esta manhã no Parlamento catalão, ostentando as bandeiras da Espanha e da Catalunha, em sinal de união/Foto: M.Minocri/El País 

 

Lá, como cá, o Junts pel Sí e o CUP fizeram a sua própria interpretação dos resultado das eleições autonómicas de 27 de Setembro, para os auto-legitimar a votarem no Parlamento catalão uma resolução que iniciasse o processo de declaração de independência da Catalunha. É importante relembrar que aquelas duas formações tinham encarado as últimas eleições como um autêntico plebiscito ao seu plano soberanista, defendido acerrimamente pelo líder catalão, Artur Mas (Junts pel SÍ). O problema é que, apesar de terem conseguido obter a maioria dos assentos no Parlamento, politicamente, os resultados não foram aquilo que Mas esperava, ou seja, um "sim" expressivo aos seus intentos. Efectivamente, a coligação Junts pel Sí e CUP não obteve a maioria dos votos populares, não passando dos 48 por cento, enquanto um pouco mais de 52 por cento dos eleitores se manifestou nas urnas contra essa via secessionista. Na verdade, e foi essa a leitura que quase todos os analistas fizeram na altura, as eleições na Catalunha demonstraram uma maior moderação do seu povo em relação àquilo que muitos e o próprio Mas esperariam.

 

Certo é que a interpretação de Mas e seus correligionários da causa independentista foi diferente e hoje foi votada no Parlamento catalão a tal resolução que abre formalmente caminho ao processo de independência daquele estado. Os nove pontos da proposta obtiveram 72 votos a favor contra 63. Mais uma vez refira-se que a maioria parlamentar não corresponde à maioria de voto e isto é um dado muito importante quando o que está em causa é algo tão fundamental como o destino de uma região autonómica e de um Estado soberano. E, de facto, numa leitura política equilibrada e racional, conclui-se que os resultados eleitorais não foram suficientemente cabais para legitimar politicamente Artur Mas para esta importante demanda. Formalmente, está dentro dos seus plenos direitos ter levado aquela resolução ao Parlamento (embora, é muito provável que seja considerada inconstitucional), mas a questão que se coloca aqui é, sobretudo, política.

 

Seja como for, o processo está neste momento formalmente aberto, sendo agora necessário ver duas coisas: primeiro, como vai reagir a sociedade catalã, sobretudo a maioria que não se identifica com esta via; depois, é preciso perceber como o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, vai reagir, sabendo que poderá contar com o apoio do líder da oposição do PSEO, Pedro Sánchez, e também com o líder do Ciudadanos, Albert Rivera. Para já, Rajoy interpôs um recurso no Tribunal Constitucional. Vai ser também interessante ver o impacto que todas estas movimentações políticas terão nas eleições legislativas espanholas de 20 de Dezembro. Uma coisa é certa, Rivera, catalão, moderado e opositor à via de Mas, surge, cada vez mais, como uma figura de proa no sistema político espanhol.   

 

Um alerta muito sério

Alexandre Guerra, 13.05.14

 

Embora já estejam detidas duas suspeitas (mãe e filha), o Ministério do Interior espanhol não avançou ainda com dados concretos sobre as razões que levaram ao assassinato da presidente do Partido Popular de Léon, Isabel Carrasco, que ontem foi baleada mortalmente com quatro tiros perto de sua casa.  

 

De acordo com as informações mais recentes veiculadas pelas autoridades e pela imprensa espanhola, terá tratado-se de uma "vingança pessoal" da suspeita mais jovem detida, que foi despedida em 2011 da Deputacíon Provincial de Léon, órgão autonómico que era actualmente presidido por Isabel Carrasco. Pelo meio, a suspeita teria também algumas dívidas por pagar àquela entidade.

 

Os contornos começam agora a ser conhecidos, mas o importante nesta trágica história é que vem de Espanha mais um exemplo de como a "rua" se pode tornar violenta contra os decisores políticos ao ponto de fazer derramar o seu próprio sangue. É verdade que Espanha tem um histórial dramático naquilo que se pode chamar de violência contra os representantes do Estado (ao contrário de Portugal, onde a violência extrema se encontra, sobretudo, ao nível dos crimes passionais).

 

Embora Portugal não tenha uma tradição de violência contra os seus governantes e políticos em geral, isso não quer dizer que o desespero se alie à irracionalidade num determinado momento e alguém, no limite da sua resistência moral e psicológica, venha a "importar" alguns destes maus hábitos do País vizinho. 

 

O cerco aperta para Mariano Rajoy

Alexandre Guerra, 09.07.13

 

 

O cerco aperta para Mariano Rajoy, que viu o jornal El Mundo divulgar hoje documentos originais do antigo tesoureiro do PP, Luis Bárcenas, que mostram, alegadamente, pagamentos ilícitos ao chefe do Governo espanhol, em 1997, 1998 e 1998, na altura ministro de José Maria Aznar.

 

Já não se trata apenas de uma campanha do El País, jornal que espoletou este caso em Fevereiro. O caso assume-se cada vez mais problemático para Rajoy, numa altura em que a número dois do PSOE, Elena Valenciano, é taxativa: "Se se demonstrar que Rajoy recebeu enquanto ministro e mentido enquanto presidente [do Governo], não poderá continuar à frente do Governo de Espanha."