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Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais
Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais
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Carl Court/Agence France-Presse — Getty Images
Um país que só dependa do seu "hard power" para se posicionar no sistema internacional terá grandes dificuldades para se afirmar como um referencial de valores e princípios que suscitem a admiração e o respeito pelos demais Estados. É por isso que, sobretudo depois do fim da Guerra Fria e com o espoletar da globalização, os governantes virtuosos começaram a dar mais atenção àquilo que é denominado por "soft power". Negócios como aquele que o Governo polaco acabou de fazer, ao comprar por 100 milhões de euros a famosa Colecção Czartoryski, onde se inclui o raríssimo retrato de Leonardo Da Vinci, "Dama com Arminho" (um dos quatro retratos que fez com mulheres), vão cada vez mais além de uma mera questão Cultural, para se tornar uma matéria de poder e prestígio. Aliás, para o conservador Partido Lei e Justiça que está à frente do Governo polaco, esta aquisição é vista como uma matéria de orgulho nacional.
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Entrada do campo de concentração Auschwitz I com a tristemente célebre frase forjada em metal: "O trabalho liberta"
Quando Steven Spielberg realizou o filme A Lista de Schindler, em 1993, estava a prestar uma homenagem emotiva aos seis milhões de judeus que perderam a vida no Holocausto (este número tem sido motivo de acesa discussão entre historiadores), mas também estava a despertar consciências (ou a relembrá-las) para uma realidade específica daquele genocídio, que se viveu nos campos de concentração de Auschwitz (eram três), no sul da Polónia. As célebres imagens recriadas por Spielberg, também ele judeu, em que se vêem comboios compostos por vagões apinhados de judeus a chegarem a Auschwitz II-Birkenau, veio relançar o interesse do público por aqueles acontecimentos dramáticos da História recente da Humanidade.
O campo de Auschwitz II-Birkenau, que ficou genericamente conhecido por Auschwitz, o campo de extermínio, era o maior e o único que tinha acesso ferroviário, no entanto, havia mais dois campos, o Auschwitz I e o Auschwitz III - Monowitz. Em Birkenau terão sido mortos cerca de um milhão de judeus e ciganos (também aqui não há consenso quanto ao número), embora, tenha sido no primeiro campo que começaram as experiências de extermínio numa câmara de gás construída propositadamente para o efeito, com o respectivo crematório anexado.
Sensivelmente três anos após a libertação dos campos de Auschwitz, a 27 de Janeiro de 1945, as autoridades polacas decidiram fazer um museu e um memorial de homenagem às vítimas, que engloba Auschwitz I e Birkenau e, por isso, é denominado de Auschwitz-Birkenau. Este complexo foi considerado Património Cultural da Humanidade pela UNESCO, sendo que em Birkenau houve maior dificuldade em restaurar os edifícios originais (devido aos materiais de que eram feitos) do que no complexo de Auschwitz I (ambos estão separados por apenas 3 km) que, para quem já teve o privilégio de visitar, apresenta um bom, mas arrepiante, estado de conservação.
Ao cruzar-se o portão de entrada de Auschwitz I (onde a dimensão da tragédia não foi tão massiva, estimando-se que ali tenham sido exterminados 60 mil judeus) tem-se sobre a cabeça a célebre frase forjada a metal: "Arbeit macht frei" ("O trabalho liberta"). Lá dentro, o visitante é confrontado com uma realidade física impressionante, onde tudo parece estar como era dantes. Aliás, fazendo-se uma comparação do que se vê hoje em dia com os registos fotográficos da época, percebe-se como Auschwitz I mantém praticamente intacto o seu espaço. O Muro da Morte onde eram feitos os fuzilamentos, as celas do Bloco 11, o Bloco 10 onde se faziam as experiências médicas, tudo está lá, igual. Ainda mais impressionante é visitar a única câmara de gás existente naquele campo, que foi a primeira a ser construída a título experimental. Birkenau viria depois a acentuar o extermínio dos judeus com as outras câmaras (em Birkenau restam apenas algumas ruínas).
No que diz respeito à preservação da memória histórica das milhares de pessoas que ali pereceram nas mãos do regime nazi, nada é tão chocante como entrar numa sala de um dos blocos de Auschwtiz preparada para o efeito museológico e ver uma vitrine com cerca de 30 metros cheia até cima de cabelo humano, cortado aos prisioneiros antes de irem para a câmara de gás. Noutro espaço pode-se ver ainda pertences pessoais, como roupa, óculos e outro tipo de objectos e utensílios. Muito perturbador.
Embora Auschwitz I não tenha tido a dimensão trágica de Auschwitz II-Birkenau, como objecto histórico é provável que ofereça uma perspectiva mais cruel e realista do que aconteceu, atendendo ao seu estado de conservação é à forma como está organizado em termos museológicos. Por outro lado, Birkenau oferece aquela vista aterradora que Spielberg projectou no cinema, do caminho de ferro a entrar directamente nas portas daquele campo, e imagina-se o que terá sido aqueles comboios a conduzir milhares de pessoas literalmente para a morte. Por isso mesmo, os responsáveis do Memorial e Museu Auschwitz-Birkenau aconselham que os visitantes conheçam os dois campos para melhor compreenderem a dimensão de toda a tragédia.
Faz por estes dias 20 anos que visitei Auschwitz I, num dia cinzento, que mais parecia de Outono. No entanto, estava nas minhas férias de Verão, ainda jovem, prestes a entrar no curso de Relações Internacionais, movido pela paixão que me suscitava (e suscita) essa disciplina. Apesar de chegar àquele local já com algum conhecimento sobre as atrocidades ali cometidas, percebi de imediato que nada é comparável ao exercício empírico na reconstrução dos factos in loco. Uma experiência enriquecedora e sobretudo inesquecível.
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Uma das componentes do pipeline a bordo do navio Castoro Sei no Mar Báltico/Foto: Nord Stream
No meio de tanto "entusiasmo" no que respeita ao debate sobre a crise dos mercados e das dívidas soberanas e respectivas fórmulas milagrosas de salvação europeia, talvez seja importante sublinhar que a Alemanha e a Rússia acabam de concretizar um dos projectos estratégicos mais importantes para os próximos anos no âmbito da política energética, não apenas daqueles dois países, mas também da Europa. O tão esperado Nord Stream já está operacional, devendo em Outubro começar a fornecer gás natural proveniente da Rússia directamente para a Alemanha, através do gasoduto de pipeline duplo colocado no Mar Báltico.
Ainda numa fase técnica inicial, visando o aumento da pressão no pipeline, a cerimónia de arranque foi levada a cabo esta terça-feira pelo primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, um dos mentores deste projecto, que também teve o apoio fervoroso da chanceler alemã, Angela Merkel. A inauguração oficial, no entanto, será só em Novembro com uma visita do Presidente Dimitri Medvedev à Alemanha.
Atendendo às necessidades energéticas europeias crescentes e às consequentes políticas de conflito daí resultantes, o Nord Stream é mais do que um mero gasoduto. É sobretudo uma arma de política externa da Rússia que se jogará no tabuleiro da geoestratégia e da geopolítica da Europa. Isto não quer dizer que este projecto seja hostil aos interesses da Europa. Na verdade, alguns países da União Europeia serão beneficiados, já que receberão o gás natural russo de uma forma mais segura, rápida e eficaz. Convém não esquecer as várias “crises” energéticas que a Europa tem assistido em invernos recentes, como em 2006 e 2009, provocando nalguns países situações de autêntica ruptura no fornecimento de energia.
Mas dentro do espaço comunitário é sem dúvida a Alemanha a principal beneficiária, tendo o privilégio de ter um gasoduto directamente ligado à “fonte”, poupando-se às dores de cabeça provocadas pelas passagens turbulentas em países como a Ucrânia. Há muito que Merkel tinha percebido a importância estratégica deste projecto para a Alemanha, não sendo por isso de estranhar que o mesmo tenha despertado a “realpolitik” pura e dura do Estado alemão.
Quando em Outubro de 2008 a chanceler alemã e Dimitri Medvedev se encontraram em São Petersburgo, tinham passado poucas semanas sobre a “invasão” russa na Ossétia do Sul, que tinha gerado a indignação da Europa, incluindo a alemã. Ora, indignação à parte, a ofensiva militar russa e os supostos crimes de guerra cometidos durante os cinco dias de conflito com os soldados da Geórgia não foram suficientes para travar os ímpetos negociais de Merkel em São Petersburgo na defesa dos seus interesses.
Na altura, Merkel assegurou para a Alemanha uma importante participação (25 por cento) na exploração do campo de gás natural de Yuzhno-Russkoye na Sibéria. Em troca, o Estado alemão abdicara de metade dos 6,5 por cento que detinha na Gazprom, a empresa russa de gás natural. Com aquele negócio, a E.On, empresa alemã de energia, passou a ter acesso a um vasto campo de gás natural e a Gazprom abdicou das suas pretensões de adquirir uma parte do capital daquela companhia. Como contrapartidas, a Gazprom enfraqueceu a presença alemã no capital da empresa e obteve por parte daquele país um impulso para a construção do projecto Nord Stream.
Mas é sem dúvida Moscovo o principal interessado ao ver no Nord Stream uma ferramenta económica poderosa e uma "arma" de política externa eficaz para lidar com alguns Estados vizinhos com quem o relacionamento tem sido mais conturbado. Com este gasoduto a Rússia coloca directamente no mercado europeu (através da Alemanha) o gás natural proveniente das suas imensas reservas, sem que tenha que recorrer a outros gasodutos que transitam por vários países, como a Ucrânia ou a Polónia. Não é por acaso que a Polónia e a Ucrânia foram as vozes mais críticas ao projecto Nord Stream, vendo os seus territórios serem secundarizados no âmbito da estratégia energética europeia.
Mas é sobretudo em relação a Kiev que a rota do Nord Stream vai permitir que Moscovo se liberte das tensões e chantagens político-diplomáticas exercidas pelo Governo ucraniano. O Nord Stream, orçado em 8,8 mil milhões de euros, é composto por um pipeline duplo, estando a primeira linha totalmente construída, com os seus 1224 quilómetros, devendo a segunda linha estar operacional em 2013, tendo até ao momento sido construídos 663 quilómetros.
Texto originalmente publicado no Forte Apache.
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Oficial russo guarda os destroços do Tupolev 154 na floresta próxima de Katyn/Sergei Karpukhin/Reuters
A História está cheia de coincidências trágicas. Não são mais do que um desafio ousado às estatísticas das probabilidades, mas nem por isso deixam de provocar interpretações transcendentais ou sentimentos de crença sustentados no irracional.
As circunstâncias em que ocorreu o acidente aéreo desta amanhã, perto de Katyn, e que vitimou o Presidente Lech Kaczynski, a cúpula do Estado Maior polaco, assim como outras figuras relevantes políticas e intelectuais, cruzam-se com os horrores de acontecimentos passados precisamente na mesma região.
Durante a II GM, o massacre de Katyn foi um dos episódios mais marcantes da violência perpetrada pelo Exército Vermelho aquando da invasão da Polónia, tendo Moscovo ordenado o massacre de milhares de soldados e oficiais, de elites políticas e intelectuais polacas nas florestas próximas de Katyn, em 1940.
A cicatriz de Katyn nunca foi sarada, simbolizando durante décadas o domínio russo sobre o povo polaco, e era precisamente para assinalar o 70º aniversário desse trágico acontecimento que uma delegação de alto nível partiu esta manhã de Varsóvia com destino ao aeroporto de Smolensk, capital da região russa com o mesmo nome, e cidade próxima da vila de Katyn.
Ao tentar aproximar-se à pista, pela quarta vez e sob forte nevoeiro, o Tupolev 154 terá embatido no topo das árvores e despenhado. As mais de pessoas que iam a bordo morreram.
O primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, disse tratar-se do evento mais trágico desde o pós II GM, tendo o antigo Presidente polaco, Aleksander Kwasniewski, afirmado que “Katyn” é um “lugar amaldiçoado”.
Tal como há 70 anos, a tragédia deste Sábado ocorreu na mesma floresta da região russa de Smolensk. “It sends shivers down my spine. First the flower of the Second Polish Republic is murdered in the forests around Smolensk, now the intellectual elite of the Third Polish Republic die in this tragic plane crash when approaching Smolensk airport”, disse Kwasniewski.
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Jan Fischer e Durão Barroso esta Terça-feira na Comissão/Thierry Rouge/Reuters
O Diplomata escreveu neste espaço há poucos dias que depois do passado Sábado, dia em que o Presidente polaco, Lech Kaczynski, ratificou o Tratado de Lisboa, a pressão iria aumentar sobre o chefe de Estado da República Checa, Vaclav Klaus.
Com a ratificação de Kaczynski, um eurocéptico que acabou por cumprir aquilo que já tinha sido acordado e assinado em Lisboa em 2007, durante a presidência portuguesa da União Europeia (UE), Klaus tornou-se no último dirigente dos Vinte e Sete a dar "luz verde" ao documento.
Por isso, e tendo em conta os argumentos e obstáculos que agora está a impor, a sua posição começa a tornar-se insustentável, ao ponto de provocar um endurecimento no discurso do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que esta Terça-feira considerou inaceitável a posição de Klaus.
O próprio primeiro-ministro checo, Jan Fischer, mostrou-se compreensivo perante as preocupações manifestadas por Barroso, e informou que o assunto será abordado na cimeira europeia de 29 e 30 de Outubro.
Por esaa altura, o Tribunal Constitucional checo já deverá ter-se pronunciado sobre uma queixa interposta por senadores eurocépticos sobre a compatibilidade do Tratado de Lisboa na ordem interna da República Checa.
As informações que têm surgido na imprensa são de que o Tribunal Constitucional poderá não dar razão aos senadores e considerar que o Tratado não viola a lei fundamental checa, no entanto, esta posição não será suficiente para que Klaus ratifique o documento.
Além da decisão favorável do Tribunal, Klaus pretende ver cumprida uma outra exigência feita aos parceiros europeus, de que o Tratado de Lisboa inclua uma nota de rodapé que permita à República Checa ausentar-se da jurisdição da Carta dos Direitos Fundamentais.
Esta exigência deve-se ao facto da Carta poder vir a permitir teoricamente que os três milhões de alemães expulsos da então Checoslováquia no final da II GM possam vir a reclamar as suas propriedades entao confiscadas por Praga.
Fischer, no encontro que teve hoje com Barroso, critica o timing de Klaus para esta exigência e lamenta que a mesma não tenha feito sido feita no tempo próprio, aquando da negociação do Tratado de Lisboa.
De acordo com o que tem circulado nas capitais europeias, parece estar fora de questão quaisquer alterações materiais ao Tratado, já que isso poderia obrigar a um novo processo de ratificação por parte dos Vinte e Sete. Perante este cenário, poderá haver uma outra solução que passará pela aprovação de uma declaração política na próxima cimeira europeia, que estabeleça uma espécie protocolo adicional que acautele os interesses checos.
O problema é que nem mesmo esta solução poderá satisfazer Klaus, já que este parece intransigente na inclusão da nota de rodapé no Tratado.
Fisher teve a preocupação de informar os parceiros europeus de que o Governo checo tem a melhor das vontades em concluir o processo de ratificação, porém, segundo o EuObserver, o próprio primeiro-minisro checo terá demonstrado alguma insegurança e desconhecimento quanto ao comportamento de Klaus sobre esta matéria.
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Reuters
O Presidente da Polónia, Lech Kaczynsky, ratificou hoje o Tratado de Lisboa, para grande satisfação de Durão Barroso, recentemente reconduzido à frente dos desígnios da Comissão Europeia. Depois de mais de um ano de resistência criada em parte pelo próprio Kaczynsky, um eurocéptico assumido, o chefe de Estado polaco acabou por ceder aos apelos e pressões externas e concluiu este Sábado um longo e conturbado processo de ratificação.
Assim, a República Checa torna-se no único país dos Vinte e Sete que ainda não ratificou o Tratado de Lisboa, estando isolada na sua oposição àquele documento.
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O Presidente da República checa, Vaclav Klaus, conhecido pelo seu eurocepticismo, está a tornar-se numa pessoa pouco recomendável na cena política europeia, ao querer alterar as "regras" de um processo que há muito ficou fechado.
Efectivamente, se o processo de ratificação do Tratado de Lisboa ainda continua em curso, todo o seu conteúdo foi ampla e minuciosamente discutido pelos Vinte e Sete e aprovado pelos mesmos em sede própria: Conselho Europeu. Ora, parece que Klaus pretende agora introduzir uma nota de rodapé ao documento, fazendo desta uma exigência como contrapartida para ratificar o Tratado.
O Diplomata não coloca em causa a sua descconfiança e até mesmo desprezo pelo Tratado de Lisboa, sendo este um direito que lhe assiste, no entanto, já é menos aceitável as condições que Klaus vem agora impor para assinar o Tratado.
Na verdade, isto está longe de ser negociação diplomática, assemelhando-se mais a uma chantagem política face a uma Europa refém de Praga (entrento, o Presidente polaco, Lech Laczynski, tenha informado que vai assinar o Tratado este Sábado).
As novas exigências de Praga só foram conhecidas após uma conversa telefónica entre Klaus e Fredrik Reinfeldt, primeiro-ministro da Suécia, país que actualmente ocupa a presidência rotativa da União Europeia.
Segundo Reinfeldt, o Presidente checo disse que apenas ratificaria o Tratado se fosse incluída uma nota de rodapé com duas frases relacionadas com a Carta dos Direitos Fundamentais. O conteúdo exacto das mesmas não é conhecido, mas Klaus pretende que a nota de rodapé seja formalizada em Conselho Europeu.
Além desta exigência, Klaus avisou ainda que no âmbito do processo interposto por alguns senadores do seu país junto do Tribunal Constitucional, e caso este venha a considerar que o Tratado de Lisboa viola normas fundamentais da República Checa, então o documento jamais será assinado.
Perante isto, o chefe do Governo sueco ficou irritado, tendo mesmo alertado Klaus de que não estava a enviar os "sinais" mais adequados para a Europa, que vive um período particularmente sensível.
Com estas manobras de última hora, Vaclav Klaus vai-se descredibilizando junto dos seus homólogos europeus, ao mesmo tempo que vai gerindo a situação politicamente de acordo com os seus interesses internos. No entanto, depois do "sim" expressivo irlandês, e a partir de Sábado com a ratificação da Polónia, Klaus ficará com muito pouco espaço de manobra junto dos parceiros europeus.
Klaus é agora um chefe de Estado com pouco capital político, com uma palavra diplomática que pouco vale, porque, tal com referia Gavin Hewitt, correspondente da BBC News em Bruxelas, nunca se poderá ter verdadeiramente a certeza se o Presidente checo vai assinar o Tratado até ao momento em que efectivamente o fizer.
Apesar desta constatação, Klaus será ironicamente, a partir de Sábado, o único estadista europeu a deter o poder quase "divino" para concluir um longo e conturbado processo iniciado há alguns anos.
O Presidente checo certamente terá noção deste facto, restando agora saber se vai utilizar este "poder" para dar uma alegria à presidência sueca ou se, por outro lado, aproveitará a situação para endurecer o tom da chantagem política.
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Taking Central Europe for Granted, publicado no New York Times, é da autoria de Slawomir Debski, director do Instituto de Assuntos Internacionais polaco, e analisa a forma de como Washington lida com a Polónia e com a República Checa enquanto parceiros e aliados no âmbito da NATO. Para o autor, existe alguma displicência e até mesmo falta de consideração no modo como as administrações americanas têm abordado Varsóvia e Praga em questões sensíveis de segurança.
A propósito do 60º Aniversário do regime comunista da China, Li Ling, professor no China Center for Economic Research da Universidade de Pequim, escreve no China Daily Great legacy of first three decades. Um artigo que deverá ser lido com algum distanciamento face ao "entusiasmo" demonstrado, por vezes, pelo autor.
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