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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Um luxo insuportável para o Pentágono

Alexandre Guerra, 15.06.12

 

F-22 Raptor a ser reabastecido no ar durante um voo de treino/Foto: USAF 

 

Há quase dois anos, o Diplomata escrevia que “nas últimas duas décadas, os Estados Unidos envolveram-se num projecto para construir aquele que seria o mais extraordinário caça até à data.

 

O F-22 Raptor, introduzido em 2005, foi desenvolvido pela Lockeed Martin e pela Boeing, e acabou por revelar-se um sorvedouro de dinheiro, gerando muitas críticas, tendo sido decidido pela administração americana que a sua produção iria terminar no final de 2011, com 187 caças.

 

O seu elevado custo de venda, na ordem dos 160 milhões de dólares por unidade, a proibição de exportação daquele avião por uma questão de segurança nacional e a ausência de missões reais de combate ar-ar, fizeram do F-22 um luxo insustentável para o Departamento de Defesa americano”.

 

Ora, hoje, além do seu preço de produção ter ficado em 377 milhões de dólares por unidade, parece que aquele aparelho acarreta riscos acrescidos para os seus pilotos.

 

De acordo com o blogue Danger Room da Wired, o ambiente do cockpit do F-22 apresenta índices de toxidade e de asfixia (falta de oxigênio) nove vezes superior às dos outros caças, uma conclusão avançada por dois congressistas e que está a gerar alguma polémica.

 

Para já, o Pentágono diz que o aparelho está a operar normalmente, no entanto, já há algum tempo que existem relatos de pilotos a manifestar sintomas estranhos a bordo, levando a que a Força Aérea mantivesse em terra os F-22 durante quatro meses para inspecções aos seus sistemas.

 

Na altura, a Força Aérea não chegou a conclusões dramáticas, optando por instalar uns filtros nos caças e pouco mais. A verdade é que para o Pentágono era prioritário que os Raptor voltassem a voar quanto antes, tendo em conta o investimento feito para desenvolver aqueles aparelhos.

 

Mais tarde, acabariam por ser dois pilotos dos Raptor a dizer no programa 60 Minutes que existia uma “vasta maioria silenciosa” que achava aqueles caças inseguros para voar.

 

Perante isto, o secretário de Defesa, Leon Panetta, ordenou que as investigações fossem aprofundadas e que os F-22 voassem a baixas altitudes e em distâncias mais próximas das suas bases. Entretanto, a Força Aérea procedeu a alterações nos fatos dos pilotos.

 

Perante tudo isto, o tempo parece estar a dar razão ao Diplomata quando escreveu que os Raptor eram “um luxo insustentável para o Departamento de Defesa americano”.

 

Pentágono investe 9 milhões para desenvolver Humvee voador

Alexandre Guerra, 20.10.10

 

 

Nem mesmo a actual conjuntura de dificuldades económicas parece impedir o Pentágono de apostar em projectos militares inovadores e arrojados. A Agência de Defesa para o Desenvolvimento de Projectos Avançados (DARPA) lançou um concurso de 9 milhões de dólares para o desenvolvimento de um Humvee voador.

 

Parece brincadeira, mas não é. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos pretende construir um veículo que responda às necessidades de transporte em cenários de conflito assimétrico, através da combinação das vantagens das viaturas terrestres e da mobilidade dos helicópteros.

 

O DARPA seleccionou 6 consórcios para desenvolveram os seus projectos durante 12 meses, devendo a primeira reunião entre as várias entidades acontecer já esta Quinta-feira.

   

Do glamour de Top Gun ao poder aéreo táctico na versão “low cost”

Alexandre Guerra, 24.09.10

 

Piloto aos comandos de um F-16 Falcon

 

Na Era dos conflitos assimétricos, materializados no terrorismo, na pirataria, nos movimentos separatistas, nas acções criminosas de grupos organizados, nas guerras cibernéticas, entre outros, as formas convencionais de combate entre inimigos parecem estar cada vez mais desajustadas à realidade. Os portentosos embates de infantaria, as espectaculares batalhas marítimas, os glamorosos combates aéreos, fazem, de uma forma genérica, parte do passado.

 

Como dizia recentemente a The Economist, os caças supersónicos podiam ser “sexy” no tempo em que Tom Cruise estava aos seus comandos no filme Top Gun, mas nos dias que correm aparelhos como os ágeis F-14 Tomcat (Grunman Aerospace Corporation), os lindíssimos F-16 Falcon (General Dynamics/Lockeed Martin) ou os ameaçadores Mig 21 (Mikoyan) deixaram de ser tão procurados e venerados.

 

O que está na moda neste momento é o poder aéreo numa versão “low cost”, numa lógica de regresso à velha tecnologia das avionetas de hélice com propulsão de turbina a gás.

 

Aparelhos que possam custar apenas 2 milhões de dólares, ao invés dos 40 milhões de um F-16; Aparelhos que numa hora custem apenas 500 dólares de combustível, contrastando com os cerca de 10 mil de um caça; Aparelhos que possam aterrar em qualquer sítio e não estejam dependentes de bases aéreas ou de porta-aviões; Aparelhos que não exijam conhecimento mecânico particularmente especializado em termos de manutenção.  

 

A aeronave Super Tucano construída pela Embraer

 

Além disso, estes aviões de guerra “low cost” já podem suportar muita da alta tecnologia de navegação e de detecção que os caças têm, e são ideais para operações de vigilância e de transporte de bombas. São mais difíceis de abater, devido à sua simples composição em termos de tubagens e de circuitos electrónicos, que os torna menos vulneráveis a rajadas de metralhadora.

 

Alguns países com orçamentos mais reduzidos na área da Defesa estão a investir nesta solução, e até mesmo os Estados Unidos reconhecem o valor deste tipo de aparelho e abordagem, estando a Força Aérea norte-americana a ponderar a aquisição de 100 avionetas e a Marinha a compra do avião Super Tocano à empresa brasileira Embraer.

 

Citado pela The Economist, Robyn Read, especialista do Air Force Research Institute, que pilotou este tipo de aviões no Cambodja nos anos 70, lembra que estes aparelhos podem também ter altifalantes, essenciais para se comunicar com eventuais alvos antes da decisão de atacá-los. Porque, como Winston Churchill dizia, “já que se tem que matar um homem, não custa nada ser-se educado”.

 

Seja como for, e apesar de uma desvalorização do poder aéreo táctico, os governos não deixaram de investir nos caças supersónicos, incluindo Portugal, dotado de uma esquadra de F-16 estacionada na Base Aérea de Monte Real.

 

Mig-21 da Força Aérea indiana

 

Nas últimas duas décadas, os Estados Unidos envolveram-se num projecto para construir aquele que seria o mais extraordinário caça até à data.

O F-22 Raptor, introduzido em 2005, foi desenvolvido pela Lockeed Martin e pela Boeing, e acabou por revelar-se um sorvedouro de dinheiro, gerando muitas críticas, tendo sido decidido pela administração americana que a sua produção iria terminar no final de 2011, com 187 caças.

 

O seu elevado custo de venda, na ordem dos 160 milhões de dólares por unidade, a proibição de exportação daquele avião por uma questão de segurança nacional e a ausência de missões reais de combate ar-ar, fizeram do F-22 um luxo insustentável para o Departamento de Defesa americano.

 

Eurofighter Typhoon a manobrar em "afterburner"

 

Também a Europa se aventurou nos últimos anos num grandioso projecto, com a produção do Eurofighter Typhoon, um caça de sonho, considerado único na sua classe.

 

Construído pelo consórcio Eurofighter GmbH (Alenia Aeronautica, BAE Systems e EADS), o caça europeu é um programa ambicioso, que dá emprego directa e indirectamente a 100 mil pessoas, no entanto, teve contornos mais moderados e realistas, com cada unidade a custar cerca de 60 milhões de euros e com a sustentabilidade comercial do projecto assegurada.

 

O Eurofighter está operacional desde 2003, com cerca de 200 unidades, estando em carteira mais de 400 encomendas, embora algumas destas estejam a ser revistas por causa das fortes restrições financeiras com que alguns governos se confrontam.

 

Xe Services obrigada a pagar multa pelas violações dos mercenários da ex-Blackwater

Alexandre Guerra, 22.08.10

 

Ao ver o filme de The Expendables (Mercenários, na versão portuguesa), o autor destas linhas relembrou algumas das histórias verídicas de mercenários ao serviço de Estados que nos últimos anos têm vindo a público.

 

Blackwater, agora rebaptizada de Xe Services, foi dos primeiros nomes que veio à memória. Empresa de “segurança privada” (leia-se mercenários com ordenados mensais de muitos milhares de euros a actuar no Iraque) que durante anos actuou de forma camuflada até ao momento em que vários dos seus elementos se viram envolvidos numa situação de conflito que resultou na morte de vários iraquianos.

 

A Blackwater, agora Xe Services, notabilizou-se pelos seus serviços no Iraque após a invasão deste pelas forças norte-americanas em 2003. Estes mercenários foram preencher os vazios de segurança que as forças militares dos Estados Unidos e de outros países não podiam preencher nem estavam mandatadas para tal.

 

Protecção de edifícios ou estruturas, de individualidades, de complexos estratégicos, formação paramilitar, foram algumas das funções atribuídas aos homens da então Blackwater. Durante os primeiros anos a sua presença passou praticamente despercebida aos decisores políticos em Washington e à imprensa internacional. No entanto, assim que começaram a surgir os primeiros casos de abusos por parte da Blackwater, a cúpula política, nomeadamente o Pentágono e o Departamento de Estado, começou a ter um problema para resolver.

 

Entre as várias acusações de que a Blackwater foi alvo - tais como de exportação ilegal de armas para o Afeganistão, de propostas não autorizadas para treinar tropas no sul do Sudão, de tentativa de corrupção a funcionários iraquianos - foi o acontecimento de 16 de Setembro de 2007, no qual paramilitares da Blackwater mataram 17 civis e fizeram 27 feridos numa praça em Bagdad.

 

Este foi o momento de viragem na história daquela empresa, que viria a culminar no seu afastamento do Iraque e na sua extinção para dar lugar à Xe Services em 2009 e que, segundo uma informação avançada este Sábado pelo Departamento de Estado, terá de pagar uma multa de mais de 40 milhões de dólares ao Governo americano pela violação de várias leis.

 

Congresso põe fim ao programa dos F-22 e dá vitória política a Barack Obama

Alexandre Guerra, 03.08.09

 

 

O New York Times dedicou o seu editorial desta Segunda-feira aos caças F-22 "Raptor", já aqui referidos no Diplomata, congratulando-se com o facto da Câmara dos Representantes ter corroborado a decisão do Senado em terminar aquele programa militar.

 

Ojornal nova-iorquino considera que estas decisões do Congresso representam uma importante vitória para o Presidente Barack Obama, que colocou nas suas prioridades uma reorientação dos programas militares do Pentágono.

 

O programa F-22 teve início nos anos 80 numa lógica de Guerra Fria e rapidamente adquiriu contornos milionários, para resultar na construção de 187 aparelhos, os quais ninguém sabe ao certo para que servem.

 

Relembre-se que no ano em que foi adjudicada a sua construção à Lockheed Martin, 1991, a União Soviética implodia. Desde então, que o programa dos F-22 tem servido apenas para gastar dinheiro aos cofres do Pentágono, não tendo servido em qualquer guerra. Cada F-22 custa 140 milhões de dólares.