Um luxo insuportável para o Pentágono
F-22 Raptor a ser reabastecido no ar durante um voo de treino/Foto: USAF
Há quase dois anos, o Diplomata escrevia que “nas últimas duas décadas, os Estados Unidos envolveram-se num projecto para construir aquele que seria o mais extraordinário caça até à data.
O F-22 Raptor, introduzido em 2005, foi desenvolvido pela Lockeed Martin e pela Boeing, e acabou por revelar-se um sorvedouro de dinheiro, gerando muitas críticas, tendo sido decidido pela administração americana que a sua produção iria terminar no final de 2011, com 187 caças.
O seu elevado custo de venda, na ordem dos 160 milhões de dólares por unidade, a proibição de exportação daquele avião por uma questão de segurança nacional e a ausência de missões reais de combate ar-ar, fizeram do F-22 um luxo insustentável para o Departamento de Defesa americano”.
Ora, hoje, além do seu preço de produção ter ficado em 377 milhões de dólares por unidade, parece que aquele aparelho acarreta riscos acrescidos para os seus pilotos.
De acordo com o blogue Danger Room da Wired, o ambiente do cockpit do F-22 apresenta índices de toxidade e de asfixia (falta de oxigênio) nove vezes superior às dos outros caças, uma conclusão avançada por dois congressistas e que está a gerar alguma polémica.
Para já, o Pentágono diz que o aparelho está a operar normalmente, no entanto, já há algum tempo que existem relatos de pilotos a manifestar sintomas estranhos a bordo, levando a que a Força Aérea mantivesse em terra os F-22 durante quatro meses para inspecções aos seus sistemas.
Na altura, a Força Aérea não chegou a conclusões dramáticas, optando por instalar uns filtros nos caças e pouco mais. A verdade é que para o Pentágono era prioritário que os Raptor voltassem a voar quanto antes, tendo em conta o investimento feito para desenvolver aqueles aparelhos.
Mais tarde, acabariam por ser dois pilotos dos Raptor a dizer no programa 60 Minutes que existia uma “vasta maioria silenciosa” que achava aqueles caças inseguros para voar.
Perante isto, o secretário de Defesa, Leon Panetta, ordenou que as investigações fossem aprofundadas e que os F-22 voassem a baixas altitudes e em distâncias mais próximas das suas bases. Entretanto, a Força Aérea procedeu a alterações nos fatos dos pilotos.
Perante tudo isto, o tempo parece estar a dar razão ao Diplomata quando escreveu que os Raptor eram “um luxo insustentável para o Departamento de Defesa americano”.