O problema da teoria de Hersh: ninguém consegue guardar segredo em Islamabad
Embora se saiba que os governos em geral, e o americano em particular, caem, por vezes, na tentação de camuflar factos, reescrever alguns acontecimentos e, até mesmo, ficcionar a realidade, o Diplomata está com alguma relutância em aceitar a versão do conceituado jornalista, Seymour M. Hersh, sobre os contornos em ocorreu a operação que conduziu à morte de Osama bin Laden, e que coloca em causa a posição oficial da Casa Branca .
A nova teoria de Hersh foi publicada esta Segunda-feira no London Review of Books e, entre outras coisas, é referido que, ao contrário do que Washington sempre disse, os chefes dos serviços secretos (ISI) e do Exército paquistaneses teriam conhecimento prévio da operação militar norte-americana para capturar bin Laden.
Ora, além de não identificar qualquer fonte concreta, limitando-se a classificações genéricas, a versão de Hersh admite que as autoridades paquistanesas teriam mesmo bin Laden à sua guarda e que foram informadas por Washington do que estaria prestes a acontecer. Mas é aqui que a questão levanta mais dúvidas ao Diplomata. Conhecendo-se os alinhamentos próximos que existiam nalguns sectores das forças armadas e das secretas paquistanesas com bin Laden, dificilmente não chegaria ao seu conhecimento a informação de que estaria um ataque iminente à residência fortificada de Abbotabad. Porque, a verdade é que um dos grandes problemas de Islamabad no combate ao terrorismo foi a inconsistência e a divisão das suas cúpulas no que ao empenhamento na "caça" a bin Laden dizia respeito.
O Diplomata acredita que se alguém do Exército ou do ISI soubesse que Washington iria desenvolver uma operação militar para capturar ou eliminar bin Laden, seguramente que aquele que era o inimigo número 1 dos Estados Unidos não estaria na noite de 1 para 2 de Maio naquele casa fortificada em Abbotabad.