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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O despacho...

Alexandre Guerra, 31.07.17

 

"Estamos em plena cultura da imagem. Não é de agora, terá vindo do século da fotografia. Foi uma revolução de consequências infinitas e esta é o prolongamento da outra. Hoje podemos estar a vida inteira a ver cinema, televisão ou um ecrã e morrer sem ter entrado na vida. Somos mais do que perecíveis, a todo o instante, mas a ideia de que podemos passar a maior parte da nossa vida ao lado de coisas interessantes para visitar, para nos apossarmos, com que nos interrogarmos ou sermos interrogados... Estarmos morbidamente fixados a esta paixão pela imagem devora-nos vivos."

 

Aos 94 anos, Eduardo Lourenço continua a pensar o mundo e a sociedade com uma clarividência cristalina. Numa entrevista ao jornal Público, o pensador descreve desta forma como o poder da imagem torna refém as pessoas de uma ideia ilusória de vida que passa ao lado das coisas interessantes para visitar.

 

O despacho...

Alexandre Guerra, 06.06.17

 

"Now, to be clear, Iran is a destabilizing force in the Middle East and supports some very bad actors. But it is wildly inaccurate to describe it as the source of jihadist terror. According to an analysis of the Global Terrorism Database by Leif Wenar of King’s College London, more than 94 percent of deaths caused by Islamic terrorism since 2001 were perpetrated by the Islamic State, al-Qaeda and other Sunni jihadists. Iran is fighting those groups, not fueling them. Almost every terrorist attack in the West has had some connection to Saudi Arabia. Virtually none has been linked to Iran."

 

A propósito da recente viagem de Trump à Arábia Saudita, o jornalista e analista Fareed Zakaria recentra a questão do financiamento ao terrorismo islâmico nos factos. Numa altura em que muito se fala sobre esta temática e também muito se especula, é sempre profícuo acompanhar os escritos daqueles que sabem do que falam.  

 

O despacho...

Alexandre Guerra, 17.03.17

 

"O revoltado preconceituoso, que assume atitudes racistas, xenófobas ou religiosamente discriminatórias, bem como discursos de extremado nacionalismo e de intolerância cultural, deve ser ouvido, mas não tem razão e não deve ser 'servido' por políticas que confortem essas repugnantes ideias. Se não assumirmos isto, estaremos a dizer adeus à ética da democracia. Os líderes políticos não existem para serem apenas correias de transmissão dos sentimentos do eleitorado, sejam eles quais forem. Só os populistas actuam assim. Quem se preocupa com o bem-estar das sociedades e com a paz social tem a obrigação de tentar reconduzir essa revolta, através da pedagogia cívica, para a adopção de políticas de razoabilidade e bom senso." 

 

Uma análise muito acertada ao fenómeno do populismo feita pelo embaixador Francisco Seixas da Costa na coluna de opinião que assina no Jornal de Notícias. Além da objectividade, o que gosto sobretudo nesta leitura é o despego pelo politicamente correcto, que, aliás, é uma marca nos escritos de Seixas da Costa.

 

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Alexandre Guerra, 03.03.17

 

"Temos um problema. Quando pensamos nos EUA pensamos nos nova-iorquinos, em quem está em Washington ou Boston ou na Califórnia.Que são democratas. Não pensamos no homem que está no seu camião TIR no Nebrasca a quem estão a dizer que um imigrante ilegal vai tirar-lhe o trabalho, roubá-lo... Esse não lê o Washington Post, lê o boletim do preço do milho. Não tem acesso à internet nos EUA. Ficamos malucos com os números que não acedem à internet nos EUA, que são a primeir potência mundial. São milhões de pessoas."

 

Eric Frattini, um autor e jornalista que muitas vezes pode ser visto como um defensor de teorias de conspiração e até mesmo sensacionalista, não deixa de ter alguma razão nesta sua afirmação proferida numa entrevista publicada esta Sexta-feira no DN, a propósito do seu mais recente livro "Manipulação da Verdade (Bertrand Editora).

 

O despacho...

Alexandre Guerra, 10.02.17

 

"Neste país ninguém quer saber de intelectuais ou escritores. As únicas figuras públicas que as pessoas gostam de ouvir são os actores de cinema. Os actores de cinema são a realeza americana. Se vierem muitos actores falar de política, as pessoas prestam atenção, mas aos escritores não. Ninguém se interessa por escritores nos Estados Unidos."

 

Uma observação crítica de Paul Auster em entrevista ao jornal Público desta Sexta-feira. Se, por um lado, o escritor enaltece as qualidades da América, por outro, lamenta como o país pode ser "tão cruel, cego, estúpido e violento", numa alusão ao momento actual que se vive com a chegada de Donald Trump ao poder. 

 

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Alexandre Guerra, 19.09.16

 

"Sou como você, um jornalista a relatar o que se passa à nossa volta. A única diferença é que eu sou brutalmente directo."

 

O rapper Ice Cube, interpretado por O'Shea Jackson Jr. no filme biográfico Straight Outta Compton, quando se dirige furiosamente ao jornalista durante uma entrevista televisiva, em 1991, para falar sobre o caso Rodney King, um motorista negro que foi agredido por quatro polícias brancos, entretanto, absolvidos, apesar das imagens recolhidas mostrarem um claro abuso de força policial.

 

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Alexandre Guerra, 16.09.16

 

"As soon as you have a communications problem you have a political problem."
 
Quando li esta frase há cerca de três anos, proferida por um grande empresário francês, referia-se às debilidades políticas de François Hollande, as quais, na verdade, nunca conseguiu ultrapassar. O certo é que, quase diariamente, seja em Portugal ou no estrangeiro, se vai reforçando a validade deste princípio. Normalmente, um erro de comunicação gera quase sempre um problema ou um embaraço político, como ainda recentemente se viu com a questão da pneumonia de Hillary Clinton, mas o inverso já não tem necessariamente esse grau de correlação. Ou seja, nem sempre um erro político se transforma num "issue" comunicacional.
 

O despacho...

Alexandre Guerra, 30.08.16

 

"Quando o teu mandato acaba, parece que a tua vela se apaga e toda a gente passa à próxima vela."

 

Vinni Restiano (Winona Rider), uma ex-vereadora de Yonkers, na espectacular série Show Me A Hero, lamenta-se ao recém-eleito mayor e seu amigo, Nick Wasicsko (Oscar Isaac), numa conversa ao balcão de um bar, pelo vazio criado na sua vida com a perda do seu mandato nas eleições locais.  Diz Restiano que, de um dia para o outro, a adrenalina foi-se, os jornalistas deixaram de ligar e o quotidiano passou a ser chato e desinteressante. Conclusão: a política é viciante e empolgante, mas é efémera. 

 

O despacho...

Alexandre Guerra, 27.06.16

 

"Russia is once again capable of deterring any other great power, defending itself if necessary, and effectively projecting force along its perphery and beyond. After a quarter century of military weakness, Russia is back as a serious military force in Eurasia."

 

Quem o escreve é Dimitri Trenin, director do Carnegie Moscow Center, depois de relembrar que nos primeiros anos a seguir à implosão da União Soviética, as forças armadas russas encolheram de 5 milhões para um milhão de homens e que os gastos em defesa passaram de 246 mil milhões de dólares, em 1988, para 14 mil milhões em 1994. Durante os anos 90 de Boris Yeltsin as forças militares russas foram perdendo toda a sua capacidade de projeção de poder e o seu prestígio. O acidente com o submarino nuclear Kursk, a 12 de Agosto de 2000, acabou por simbolizar tragicamente a degradação e a impotência de um Estado, que tinha deixado de garantir a capacidade de defesa dos seus próprios homens e equipamentos. Morreram todos os seus 118 tripulantes, num drama que, para lá da dimensão humana, humilhou toda a nação russa. 

 

O despacho...

Alexandre Guerra, 21.05.16

 

"As falhas fazem parte do processo de construção europeia."

 

Observação feita por Filipe Pathé Duarte, professor de Relações Internacionais, no programa "Olhar o Mundo" da RTP3. Até que enfim que alguém diz alguma coisa acertada em relação ao que se passa na Europa.