Sarkozy discutiu com Barroso ao almoço, mas terá Barroso discutido com Sarkozy?
Durão Barroso e Nicolas Sarkozy, hoje, na foto de família do Conselho Europeu/Reuters/Francois Lenoir
Durante o almoço de hoje no Conselho Europeu o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e o chefe de Estado francês, Nicolas Sarkozy, ter-se-ão envolvido numa “discussão violenta” a propósito da problemática dos ciganos que estão a ser expulsos de França com destino ao seu país de origem, a Roménia.
Esta informação foi avançada pelo primeiro-ministro búlgaro, Boyko Borissov, a um grupo de jornalistas, no entanto, até ao momento não são conhecidos mais pormenores sobre esta troca de palavras.
Borissov terá dito que foi o próprio Sarkozy a colocar o assunto na ementa, depois do tema ter sido abordado na reunião da manhã. Ao almoço Sarkozy voltou a insurgir-se contra as declarações da comissária da Justiça, Viviane Reding, que tinha comparado as acções do Executivo gaulês às perseguições nazis dos judeus durante a ocupação francesa.
Embora se desconheça o conteúdo e os contornos da conversa ao almoço, é de presumir que Sarkozy tenha adoptado um tom bastante agressivo na defesa da imagem da França e nas críticas à Comissão Europeia.
Conhecendo-se minimamente o perfil do Presidente francês não é difícil imaginar a rispidez das suas palavras e a vê-lo a contribuir para a tal “discussão violenta”. Menos provável (e o Diplomata coloca aqui muitas reticências ao relato de Borissov) é que Barroso tenha alinhado neste registo crispado, já que o seu estilo político, claramente marcado por uma paciência maoista e por um calculismo realista, não se enquadra nesta lógica.
Porém, e admitindo que o Presidente da Comissão Europeia ao almoço tenha dado uma réplica a Sarkozy no mesmo tom e registo, então Barroso, enquanto animal político, revela um lado desconhecido.