A banda sonora dos anos Thatcher
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Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais
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O Diplomata deixa aqui o vídeo obituário de Margaret Thatcher (1925-2013) do jornal Guardian. São cerca de 10 minutos que recuperam a forma intensa e disruptiva como a "Dama de Ferro" esteve na política britânica. Como todas as grandes figuras da história dos governos, foram tantas as paixões como os ódios que gerou.
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É sempre um exercício intelectual estimulante ler um verdadeiro conservador como João Carlos Espada a escrever sobre uma personagem como Margaret Thatcher, quem aliás chegou a conhecer pessoalmente.
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Ainda a propósito das manifestações de Sábado nalgumas cidades em Portugal e da actual conjuntura político-económica, o Diplomata recupera a música Don't Give Up de Peter Gabriel, interpretada em dueto com Kate Bush, que apesar de já ter 25 anos, encaixa-se perfeitamente enquanto banda sonora dos tempos que se vivem.
A letra conta o desespero de um homem que se sente frustrado, isolado da sociedade e derrotado pelo sistema capitalista, prestes a cair no abismo, sem esperança no seu futuro. Numa das passagens lê-se: "For every job, so many men. So many men no-one needs".
Estariam os tempos nos anos 80 no Reino Unido assim tão maus para Gabriel escrever uma letra deste género? Talvez, eventualmente nas classes mais operários e fabris, fortemente afectadas pelas políticas liberais de Margaret Thatcher, que conduziram à privatização de inúmeros sectores de actividade. Seja como for, a maioria dos britânicos apoiou a Dama de Ferro, mantendo-a mais de uma década à frente dos desígnios britânicos.
Supõe-se então que os tempos não estariam assim tão maus, pelo menos para a maioria dos ingleses. Mas, hoje, é quase certo que para a maioria das portugueses, a música Don't Give Up faça mais sentido, tal como terá feito há 25 anos para os tais operários e trabalhadores fabris britânicos.
*O Peter Gabriel fez duas versões de teledisco para esta música, sendo que aquela aqui apresentada é posterior à original e a menos conhecida.
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Em parte, os receios históricos da França e do Reino Unido perante a possibilidade de ressurgimento de uma Alemanha unificada e poderosa após a II Guerra Mundial acabaram por estar na génese do projecto europeu. Esta entidade, segundo a visão de alguns líderes europeus, seria uma espécie de regulador e inibidor de qualquer ímpeto ou tentação germânica.
François Miterrand, antigo Presidente francês entre 1981 e 1995, foi um dos estadistas que assumiu como missão tornar a Europa forte para manter a Alemanha controlada. Na verdade, e ao contrário da visão americana, líderes como Miterrand tinham, apesar de tudo, mais receio de uma Alemanha poderosa do que da ameaça soviética.
Preferiam manter, na medida do possível, a Alemanha agrilhoada às condicionantes herdadas da II Guerra Mundial, sendo que a maior delas era a sua divisão territorial. Um país amputado no seu espaço geográfico está sem dúvida mais fragilizado num dos mais importantes factores de poder.
Miterrand estava consciente desse facto e, por isso, o cenário da reunificação alemã era algo que o preocupava e, eventualmente, o assustava. O seu empenho na construção europeia tinha uma componente ideológica, mas também servia os interesses realistas da França.
Documentos agora revelados pelo Foreign Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico) revelam como Mitterrand estava preocupado com o processo que estava em curso para a reunificação da Alemanha. O Presidente francês deu o seu apoio à antiga primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, que se opunha com veemência à junção da RDA e da RFA.
Mitterrand terá mesmo dito a Thatcher durante um encontro no Palácio do Eliseu a 20 de Janeiro de 1990, que a "Europa não estava preparada para a reunificação da Alemanha e que isto não poderia tornar-se prioritário sobre tudo o resto".
Apesar desta posição, Mitterrand tinha a perfeita consciência de que a reunificação alemã era um processo imparável e que seria apenas uma questão de tempo até isso acontecer.
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