Como foi possível que Londres deixasse a Escócia chegar à beira da independência?
Os sinais de alerta soaram em Londres (e também na Europa) depois de conhecida a primeira sondagem a dar vantagem ao "sim" à independência da Escócia, divulgada este Domingo pelo Sunday Times. Motivo de grande satisfação para o primeiro-minstro escocês, Alex Salmond, que vê 51 por cento dos inquiridos a optarem por deixar o jugo de Sua Majestade no referendo do próximo dia 18.
Por outro lado, o trabalhista Alistair Darling, coordenador da campanha pelo "não", deve estar a pensar como é que foi possível Londres deixar que as coisas chegassem a este ponto. E, de facto, foi precisa muita inabilidade e falta de jeito por parte do Governo de David Cameron para permitir que Salmond esteja agora a levar dele por diante.
Porém, para quem tivesse acompanhado este processo desde o início, talvez conseguisse antecipar o que se está a passar neste momento. Quando em Novembro do ano passado Alex Salmond apresentou o "white paper" de 670 páginas com as linhas orientadores para o futuro Estado independente, Darling reagiu da pior forma possível, considerando aquele documento uma "obra de ficção", sem soluções credíveis.
Logo na altura, o Diplomata referiu que as palavras de Darling podiam ser contraproducentes e iam contra os interesses que ele defendia. E perante isto, o autor destas linhas sublinhava o seguinte:
Ora, isto foi escrito há quase um ano, mas só agora Londres, através do seu ministro do Tesouro, George Osborne, parece estar a seguir a estratégia acima descrita, com a promessa de algumas medidas de maior autonomia para a Escócia caso se mantenha no Reino Unido. O problema é que agora pode já ser tarde demais e, pior do que isso, poderá ser visto como uma acção de desespero por parte de Londres.