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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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F-35, "unconventional, unprecedented", num hangar perto de si

Alexandre Guerra, 21.12.11

 

 
Depois de muitos anos de desenvolvimento, o F-35, também conhecido por Joint Strike Fighter (JSF), já começou a voar nos céus americanos, com os primeiros testes a decorrem há alguns meses. Em 2009, o Diplomata já tinha feito uma referência a este projecto, que iria provavelmente condenar o programa do F 22 Raptor.
 
O F-35 é já uma realidade e a Lockheed Martin parece empenhada em ter sucesso na sua comercialização, daquele que é considerado o caça polivalente stealth mais avançado do  mundo.
 
 
E como se de um carro tratasse, a Lockheed está a desenvolver uma campanha de comunicação muito interessante, onde nem anúncios no Washington Post faltam. Vale a pena visitar o site do F-35 e ver os vídeos. Alguns deles parecem autênticos trailers de cinema.
 
Porque, como diz a marca, o F-35 é "Unconventional. Unprecedented".
 

Do glamour de Top Gun ao poder aéreo táctico na versão “low cost”

Alexandre Guerra, 24.09.10

 

Piloto aos comandos de um F-16 Falcon

 

Na Era dos conflitos assimétricos, materializados no terrorismo, na pirataria, nos movimentos separatistas, nas acções criminosas de grupos organizados, nas guerras cibernéticas, entre outros, as formas convencionais de combate entre inimigos parecem estar cada vez mais desajustadas à realidade. Os portentosos embates de infantaria, as espectaculares batalhas marítimas, os glamorosos combates aéreos, fazem, de uma forma genérica, parte do passado.

 

Como dizia recentemente a The Economist, os caças supersónicos podiam ser “sexy” no tempo em que Tom Cruise estava aos seus comandos no filme Top Gun, mas nos dias que correm aparelhos como os ágeis F-14 Tomcat (Grunman Aerospace Corporation), os lindíssimos F-16 Falcon (General Dynamics/Lockeed Martin) ou os ameaçadores Mig 21 (Mikoyan) deixaram de ser tão procurados e venerados.

 

O que está na moda neste momento é o poder aéreo numa versão “low cost”, numa lógica de regresso à velha tecnologia das avionetas de hélice com propulsão de turbina a gás.

 

Aparelhos que possam custar apenas 2 milhões de dólares, ao invés dos 40 milhões de um F-16; Aparelhos que numa hora custem apenas 500 dólares de combustível, contrastando com os cerca de 10 mil de um caça; Aparelhos que possam aterrar em qualquer sítio e não estejam dependentes de bases aéreas ou de porta-aviões; Aparelhos que não exijam conhecimento mecânico particularmente especializado em termos de manutenção.  

 

A aeronave Super Tucano construída pela Embraer

 

Além disso, estes aviões de guerra “low cost” já podem suportar muita da alta tecnologia de navegação e de detecção que os caças têm, e são ideais para operações de vigilância e de transporte de bombas. São mais difíceis de abater, devido à sua simples composição em termos de tubagens e de circuitos electrónicos, que os torna menos vulneráveis a rajadas de metralhadora.

 

Alguns países com orçamentos mais reduzidos na área da Defesa estão a investir nesta solução, e até mesmo os Estados Unidos reconhecem o valor deste tipo de aparelho e abordagem, estando a Força Aérea norte-americana a ponderar a aquisição de 100 avionetas e a Marinha a compra do avião Super Tocano à empresa brasileira Embraer.

 

Citado pela The Economist, Robyn Read, especialista do Air Force Research Institute, que pilotou este tipo de aviões no Cambodja nos anos 70, lembra que estes aparelhos podem também ter altifalantes, essenciais para se comunicar com eventuais alvos antes da decisão de atacá-los. Porque, como Winston Churchill dizia, “já que se tem que matar um homem, não custa nada ser-se educado”.

 

Seja como for, e apesar de uma desvalorização do poder aéreo táctico, os governos não deixaram de investir nos caças supersónicos, incluindo Portugal, dotado de uma esquadra de F-16 estacionada na Base Aérea de Monte Real.

 

Mig-21 da Força Aérea indiana

 

Nas últimas duas décadas, os Estados Unidos envolveram-se num projecto para construir aquele que seria o mais extraordinário caça até à data.

O F-22 Raptor, introduzido em 2005, foi desenvolvido pela Lockeed Martin e pela Boeing, e acabou por revelar-se um sorvedouro de dinheiro, gerando muitas críticas, tendo sido decidido pela administração americana que a sua produção iria terminar no final de 2011, com 187 caças.

 

O seu elevado custo de venda, na ordem dos 160 milhões de dólares por unidade, a proibição de exportação daquele avião por uma questão de segurança nacional e a ausência de missões reais de combate ar-ar, fizeram do F-22 um luxo insustentável para o Departamento de Defesa americano.

 

Eurofighter Typhoon a manobrar em "afterburner"

 

Também a Europa se aventurou nos últimos anos num grandioso projecto, com a produção do Eurofighter Typhoon, um caça de sonho, considerado único na sua classe.

 

Construído pelo consórcio Eurofighter GmbH (Alenia Aeronautica, BAE Systems e EADS), o caça europeu é um programa ambicioso, que dá emprego directa e indirectamente a 100 mil pessoas, no entanto, teve contornos mais moderados e realistas, com cada unidade a custar cerca de 60 milhões de euros e com a sustentabilidade comercial do projecto assegurada.

 

O Eurofighter está operacional desde 2003, com cerca de 200 unidades, estando em carteira mais de 400 encomendas, embora algumas destas estejam a ser revistas por causa das fortes restrições financeiras com que alguns governos se confrontam.

 

F-22 Raptor cai no deserto do Sul Califórnia esfumando 140 milhões de dólares

Alexandre Guerra, 26.03.09

 

Foto: Lockeed Martin

 

Um caça F-22 Raptor da Força Aérea norte-americana despenhou-se ontem no deserto do Sul da Califórnia, quando estava numa sessão de treinos, a alguns quilómetros da base de Edwards.

 

As razões da queda deste aparelho da Lockeed Martin, considerado um dos caças mais avançados da actualidade, são ainda desconhecidas, tendo o Pentágono apenas revelado os detalhes sobre a localização do acidente.

 

Já é o segundo acidente a envolver este tipo de aparelho, depois de em 2004 um outro ter caído na Base Aérea de Nellis no deserto do Nevada. Na altura, os voos dos F-22 foram suspensos durante duas semanas.

 

Os dois acidentes vêm apenas enriquecer o conturbado e controverso historial do F-22. Sobretudo porque o seu programa de desenvolvimento foi orçado em 65 mil milhões de dólares, para construir um avião que muitos consideram ser desadequado às novas realidades militares. Do plano original dos anos 80, que previa a construção de 750 F-22, o actual programa ficou-se pelos 183 caças. 

 

Totalmente focado para o combate aéreo, os seus principais críticos dizem que o F-22 Raptor é pouco versátil e muito caro. Cada máquina custa 140 milhões de dólares. Além disso, os mesmos detractores consideram o projecto F-35 Joint Strike Fighter, actualmente em desenvolvimento, muito mais adaptado às necessidades actuais, com um custo inferior por unidade de 80 milhões de dólares. 

 

O F-22 Raptor é claramente focado para o combate aéreo, equipado com mísses ar-ar, de modo a poder dominar os céus, tal como a Lockeed Martin o gosta de apresentar.

 

Uma das suas características, além da capacidade stealth, é a possibilidade de atingir velocidades supersónicas sem precisar de entrar em regime de "afterburner", podendo assim escapar mais facilmente aos radares térmicos.

 

Ora, o problema é que nos actuais cenários de conflito e de operações de imposição e de manutenção de paz, dificilmente se assistirá a combates aéreos pela supremacia dos céus ao estilo "Top Gun". E neste cenário, um caça como o F-22 Raptor estará sempre subaproveitado.