Nicholas D. Kristof/The New York Times
A criança nesta fotografia chama-se Bakit Musa e tem oito anos. Vive no Chade junto ao inferno de Darfur. Nicholas D. Kristof, do New York Times, conheceu Bakit recentemente, e na sua habitual coluna de opinião do jornal nova-iorquino escrevia o seguinte: "When the International Criminal Court issued its arrest warrant for Sudan’s president on Wednesday, an 8-year-old boy named Bakit Musa would have clapped — if only he still had hands."
As mãos de Bakit Musa não se foram num infeliz acidente ou por causa de doença ou de uma deficiência de nascença, mas sim porque rebentaram literalmente quando ele e um amigo brincavam com um granada encontrada na região do Chade onde vive.
Uma granada trazida do Darfur para o Chade durante uma das incursões das forças sudanesas naquele país. Este é apenas um dos muitos crimes de guerra e contra a humanidade pelos quais o Presidente sudanês Omar al-Bashir é agora acusado pelo Tribunal Penal Internacional.
A estes crimes o Presidente sudanês prepara-se para juntar outros tantos, tendo ontem ordenado a expulsão de todas as organizações humanitárias do Darfur, naquilo que Kristof classificou como mais um crime contra a humanidade. Sem o apoio daquelas organizações, o povo do Darfur estará condenado a morrer.
Perante a decisão do TPI, e apoiada pela chamada comunidade internacional, será agora interesssante vislumbrar a reacção das grandes potências, nomeadamente dos Estados Unidos e da União Europeia face à deterioração anunciada das condições já precárias das milhares de pessoas que vão morrendo nas areias do Darfur.
O secretário-geral das Nações Ban Ki-moon apelou ao regime de Cartum para recuar na sua decisão, alegando que a mesma terá consequências irreparáveis nos esforços humanitários que têm sido feitos na região.
Omar al-Bashir pouco importância dará às palavras de Ban Ki-moon, indo certamente explorar as divergências de alguns Estados face ao estatuto do TPI. A Liga Árabe e a União Africana, por exemplo, já pediram à ONU para adiar durante um ano o mandado de captura do Presidente do Sudão, referindo que tal processo poderá colocar em causa as tentativas de trazer estabilidade àquela região.