A Somália e a caminhada pelo reino da anarquia
Membros do al-Shabab em actividade na Somália/EPA
A Somália continua a viver o seu quotidiano num autêntico ambiente de anarquia. Através de alguns meios internacionais, o autor destas linhas ficou a saber que alguns dos islamistas radicais, que em Janeiro de 2007 tinham sido derrotados por uma coligação de forças governamentais somalis e etíopes, voltaram a ocupar uma cidade naquele país.
O grupo al-Shabab -- um dos herdeiros da União dos Tribunais Islâmicos (UIC), que em Junho de 2006 tomaram Mogadishu, alastrando a sua conquista a grande parte do território da Somália até serem derrotados há pouco mais de dois anos -- conquistou Jowar, uma importante cidade a norte da capital somali.
Há várias semanas que os combates se intensificaram, obrigando as forças governamentais a recuarem novamente, confinando o controlo político a um pequeno espaço de Mogadishu e à cidade fronteiriça de El Berde . Com a saída dos soldados etíopes o Governo conta apenas com o apoio dos soldados da União Africana (UA).
Não é por isso de estranhar, embora seja um pedido invulgar aos olhos de qualquer cidadão de um país minimamente estável, que o ministro do Interior da Somália, Farhan Mohamoud, citado pela al-Jazeera, tenha exortado a comunidade de Jowar a ripostar contra os "invasores".
A cidade de Jowar é de extrema importância estratégica, sobretudo nesta altura de chuvas, já que é a única passagem para o centro da Somália para quem vem de Mogadishu. Além disso, esta cidade tem um valor simbólico, porque albergou o Governo transitório em 2005 e é a terra natal do Presidente Sheikh Sharif Sheikh Ahmed.
Além de ter conquistado Jowar, o grupo al-Shabab, ao qual o Diplomata já tinha feito referência em Agosto do ano passado, tem feito violentos ataques de morteiro em Mogadishu. Quanto ao resto do território continua controlado por milícias de "senhores da guerra", alguns deles aliados do Governo.
Os mais recententes acontecimentos apenas confirmam a tristemente distinção atribuída à Somália no ano passado, de Estado mais instável do mundo. Por este andar, será um galardão a repetir em 2009.