Clinton Cash
Estreou no primeiro dia da Convenção Democrata e poderá fazer estragos na campanha de Hillary.
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais
Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais
Estreou no primeiro dia da Convenção Democrata e poderá fazer estragos na campanha de Hillary.
Mais para ler
Até que ponto Vladimir Putin detestará Hillary Clinton? É díficil dar uma resposta com total objectividade, mas existem alguns indícios de que, efectivamente, o Presidente russo não "morrerá de amores" pela candidata presidencial democrata. Será uma animosidade política e até pessoal que já vem de longe, mas que se terá intensificado nos últimos meses de campanha, com as palavras cada vez mais duras que Clinton foi dirigindo a Putin. Ao mesmo tempo, o Kremlin foi ouvindo da boca de Donald Trump autênticas odes às virtudes do líder russo.
Quando na passada Sexta-feira, em vésperas da Convenção Nacional do Partido Democrata, foram divulgados e-mails comprometedores para a campanha de Hillary Clinton, que terão sido enviados a cerca de 20 mil militantes democratas, com o objectivo de denegrir Bernie Sanders,surgiram de imediato algumas teorias que metiam o Kremlin por detrás desta "fuga", já que esta informação iria prejudicar claramente Hillary. Algumas fontes ouvidas pela NBC, entre especialistas e antigos diplomatas, parecem ter poucas dúvidas quanto à antipatia que Putin nutre por Hillary. O antigo embaixador dos EUA em Moscovo, Michael McFaul, considera que aquela fuga de informação foi levada a cabo por hackers profissionais apoiados pelo Kremlin, uma tese corroborada por vários especialistas em ciber-segurança.
Não seria a primeira vez que um Estado estaria por detrás de uma iniciativa deste género com o objectivo de atingir o inimigo, seja ele qual for. Neste momento, o Kremlin já parece ter feito a sua escolha no que diz respeito aos dois candidatos presidenciais nos EUA: Donald Trump. Não seria por isso de estranhar que o Kremlin tivesse patrocinado esta fuga de informação, até porque às vezes são os pequenos sinais que ajudam a comprovar a existência de uma estratégia concertada. Ainda esta manhã, por coincidência ou não, na RT, canal em inglês de alcance internacional financiado pelo Governo russo, passava uma reportagem bastante crítica sobre a fortuna dos Clinton, partindo da análise ao filme propagandístico Clinton Cash, que acabou de estrear e é simplesmente arrasador para Hillary.
Mais para ler
Jeb Bush (esq.) cumprimenta Marc Rubio (dir.)/Foto: Politico
Tal como em Portugal, as presidenciais começam a agitar (e de que maneira) o panorama político nos Estados Unidos. É verdade que falta ainda muito para a contenda de Novembro de 2016, que dará acesso à Casa Branca, mas, o processo de primárias, que caracteriza o sistema eleitoral por terras do "Tio Sam", impõe que os interessados à presidência se comecem a apresentar a mais de um ano e meio das eleições.
Se as coisas estão mais calmas para os lados do Partido Democrata -- depois do avanço, mais que esperado, de Hillary Clinton, sendo a única, até ao momento, a chegar-se à frente --, já no campo republicano, o combate está aceso, com vários candidatos assumidos à corrida e já com uma novidade. "Sparks are going to fly. For the first time in our country's history you've got two guys from the same town in the same state from same party running in the same primary", observou Al Cardenas à Associated Press, referindo-se ao embate entre Jeb Bush (62), de quem é assessor, e Marc Rubio (43), de quem é próximo.
Jeb e Rubio são de Miami, desde sempre aliados e politicamente muito próximos. Aliás, Jeb, que já foi governador da FLorida, sempre viu em Rubi um "protegido" seu.
Se, por um lado, os dois candidatos têm evitado críticas mútuas em público, é também verdade que os apoiantes de ambos lados já começaram as típicas movimentações hostis de campanha. Vai ser um combate interesse de seguir, até porque tanto Jeb Bush como Marc Rubio são dois candidatos muito fortes do lado republicano.
Mais para ler
Foto: Emmanuel Dunand/AFP/Getty Images
Foto: Lucas Jackson/Reuters
As sessões da Assembleia Geral das Nações podem, por vezes, ser entediantes.
Mais para ler
Foto: David Furst/AFP
Quando Joseph S. Nye escreve sobre “poder” convém prestar alguma atenção, ou não fosse este homem um dos principais responsáveis pelo conceito da “interdependência” complexa nas relações internacionais.
Num artigo sobre o futuro do poder americano, assinado na última edição da Foreign Affairs, o co-autor (o outro foi Robert Keohane) do famoso livro Power and Interdependence (1977) desconstrói, de certa maneira, a ideia instalada de que o poder da América entrou em declínio no século XXI.
Nye começa por sublinhar que qualquer análise de previsão para as próximas décadas contempla um grau elevado de incerteza, sobretudo quando assenta em interpretações enviesadas dos indicadores e factores de poder dos Estados Unidos.
Aquele autor relembra, por exemplo, as estimativas sobrevalorizadas feitas por Washington em relação ao poder militar soviético, nos anos 70, ou ao poder económico japonês, na década de 80. Tal como se enganaram aqueles que ainda há dez anos diziam que o sistema internacional iria assentar num paradigma unipolar liderado pelos Estados Unidos, e estes seriam tão poderosos que aos outros países não restaria outra hipótese senão acatarem a vontade de Washington sem qualquer tipo de contestação.
Ora, estas previsões ou análises revelaram-se, de uma forma ou de outra, erradas. Da mesma maneira que Nye considera sobrevalorizados os prognósticos mais pessimistas em relação à evolução negativa do poder americano no sistema internacional durante este século XXI. Sobretudo quando essas previsões apontam para a ascensão da China como líder mundial, ultrapassando os Estados Unidos em termos de poder.
Nye rejeita esta ideia. Embora admita que a China continue a registar taxas de crescimento económicas muito elevadas durante as próximas décadas e que se aproxime dos Estados Unidos, dificilmente o Império do Meio se tornará a maior potencia mundial durante este século.
Aquele autor alerta para um erro comum entre os analistas que é o de fazerem previsões baseadas exclusivamente no crescimento do PIB, ignorando por completo outros factores de poder (“hard” e “soft”), muitos dos quais resultado de décadas de investimento.
Nye tem toda a razão neste ponto, já que uma análise do crescimento do PIB oferece apenas uma perspectiva unidimensional, não reflectindo, assim, a verdadeira dimensão do poder de um Estado. E nesta matéria Nye diz que muitos dos analistas têm ignorando o avanço que os Estados Unidos levam em relação a qualquer outra nação em termos de “hard power” (militar, espaço geográfico, recursos, etc) e “soft power” (democracia, “Public Diplomacy”, “R&D”, poder de atracção, etc),
É um facto que países como a China, a Índia ou a Alemanha têm potenciado o crescimento daqueles dois níveis de poder, “obrigando” os Estados Unidos a enfrentar as exigências da interdependência entre os Estados.
Sob esta perspectiva pode-se falar de um “declínio relativo” de poder dos Estados Unidos face a outros países, não tanto pela fragilização do poder americano, mas sobretudo pela valorização dos vários recursos que algumas nações têm potenciado. Mas o processo de equilíbrio de poder entre essas nações e os Estados Unidos poderá demorar décadas ou nem sequer vir a existir.
O sistema internacional é hoje, e deverá ser durante muitas décadas, unimultipolar, já que dificilmente surgirá outro pólo de poder tão afirmativo como os Estados Unidos.
Para se compreender o abismo de poder entre a América dos dias de hoje com os restantes países basta ver três exemplos:
a) No campo militar nenhum Estado consegue chegar perto do complexo e das estruturas militares americanas, muito menos a China, que tem, por exemplo, um Exército mal preparado e equipado e uma marinha praticamente inexistente (embora tenha começado recentemente a investir forte nesta área);
b) No sector da investigação e desenvolvimento, em 2007 os Estados Unidos investiram 369 mil milhões de dólares, mais do que todo o investimento feito pelos países asiáticos (338 mil milhões). A União Europeia investiu nesse ano 263 mil milhões. Ou seja, os Estados Unidos foram líderes nesse investimento, com 2,7 por cento do seu PIB, quase o dobro do que a China investiu. O resultado traduziu-se no registo de mais de 80 mil patentes nos Estados Unidos, mais do que o somatório de todos os países do mundo;
c) A capacidade de atrair mão de obra qualificada e técnicos altamente especializados é cada vez mais um factor de poder a ter em consideração e neste campo os Estados Unidos (após um breve período de medidas securitárias hiper-restritivas na sequência do 11 de Setembro) estão a reforçar a sua liderança. Nye sublinha a capacidade que os Estados Unidos têm de atrair as melhores e mais brilhantes mentes de todo o mundo e misturá-las num ambiente cultural diverso de criatividade. Por exemplo, em 2005, os imigrantes ajudaram a fundar uma em quatro “start-up's” de base tecnológica em Silicon Valley
É por estas e outras razões que Nye rejeite a ideia de “declínio absoluto” dos Estados Unidos, deixando, no entanto, a ideia de que se está perante um “declínio relativo” tendo em conta a potenciação e o melhor uso dos recursos de poder por parte de outras nações.
E talvez para se compreender melhor esta dinâmica será interessante recorrer-se à imagem elaborada pelo próprio Nye. Para este, a distribuição do poder assemelha-se um complexo jogo tridimensional de xadrez, onde num primeiro nível se encontra o poder militar, dominado pelos Estados Unidos num sistema claramente unipolar. Num segundo patamar vem o poder económico, sendo que o sistema tende a ser mais multipolar, com os Estados Unidos a partilharem a liderança com a Europa, o Japão, a China e outros países emergentes. Por fim, estão as relações transnacionais que incluem todo o tipo de actores não estatais, e aqui o poder é bastante difuso sendo difícil encontrar um modelo estanque que enquadre esta realidade.
Perante esta problemática, Nye defende uma “nova narrativa” sobre o futuro do poder americano.
Dizer que o século XXI é uma espécie de transição para o declínio do poder dos Estados Unidos é uma visão errada e, na opinião de Nye, pode ter implicações perigosas para o próprio sistema internacional, tais como, por exemplo, encorajando a China ou outros actores em “aventuras” irresponsáveis, partindo do pressuposto da subvalorização das verdadeiras capacidades americanas.
Nye alerta que o verdadeiro problema do poder americano no século XXI não é o seu declínio, mas sim o que fazer com este à luz da emergência de outros pólos de poder de modo a que os Estados Unidos alcancem os seus objectivos nas relações internacionais.
E é aqui que Nye, tal como a secretária de Estado, Hillary Clinton, fala numa nova forma de poder, o “smart power”. Um poder que combina recursos do “hard” e do “soft power”, o que necessariamente pressupõe um novo entendimento sobre o conceito de poder.
Texto publicado originalmente no Albergue Espanhol
Mais para ler
Soldados sul coreanos prestam homenagem aos marinheiros mortos no navio Cheonan/Ahn Young-joon/Associated Press
Se a Índia e o Paquistão parecem estar a caminhar para uma reaproximação negocial, o mesmo não se pode dizer das relações entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul, que atingiram hoje um dos momentos mais tensos dos últimos anos.
Esta mais recente crise foi espoletada há uns dias com a publicação de um relatório internacional, que implicou directamente Pyongyang no afundamento de um navio de guerra sul coreano no passado dia 26 de Março, e no qual morreram 46 marinheiros. De acordo com as investigações, o acidente deveu-se a um torpedo norte coreano.
Como seria de esperar, Pyongyang rejeitou de imediato as conclusões deste relatório, e classificou-o como uma afronta à Coreia do Norte. Além disso, o regime norte coreano acusa a Marinha da Coreia do Sul de ter violado recentemente as águas territoriais do seu país.
A península da Coreia é o melhor exemplo daquilo é conhecido como um “conflito congelado”, herdado do sistema da Guerra Fria e que subsiste pelo facto das duas Coreias continuarem tecnicamente em guerra, visto nunca terem assinado qualquer armistício em 1953, após um conflito de três anos.
Deste então, que os dois países mantêm um “status quo” tenso, materializado no Paralelo 38, uma Zona Desmilitarizada que serve de tampão aos dois países e que concentra um elevado número de soldados em ambos os lados da fronteira. De referir que esta deverá ser a zona mais minada do planeta.
As esperanças vividas há uns anos de reaproximação entre as duas Coreias começaram a deteriorar-se com o “dossier” nuclear norte-coreano, continuando sem fim à vista. No entanto, nos últimos dias Pyongyang e Seul envolveram-se numa escalada diplomática acentuada, culminando hoje com a agência de notícias norte coreana KCNA a anunciar que aquele país cortava todas as relações com a Coreia do Sul, incluindo as comunicações. Pyongyang expulsou ainda responsáveis oficias da Coreia do Sul de um projecto conjunto e interditou todo o seu espaço marítimo e aéreo.
Horas antes tinha sido Seul a reclassificar a Coreia do Norte como o seu “arqui-inimigo” (uma designação que tinha caído em 2004 durante o período de “detente”), depois de no Domingo ter cortado relações comerciais com o vizinho do Norte.
Como referiu Jonathan Marcus, correspondente diplomático da BBC News, as relações entre as duas Coreias voltaram ao “congelador”. Efectivamente, depois dos tempos de esperança da “Sunshine Policy”, a tensão e a desconfiança regressaram à Península da Coreia, sendo o programa nuclear norte-coreano a principal fonte.
Numa altura em que a situação poderá ficar fora de controlo, certamente que Pyongyang e Seul já foram avisados por Pequim e Washington para refrearem os ânimos.
A Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, tem-se multiplicado em contactos e iniciativas diplomáticas, no sentido de garantir que Washington controla todo o processo em Seul. Pretende também transmitir uma mensagem de apoio incondicional à Coreia do Sul, tendo sido anunciados exercícios conjuntos entre os dois países.
Por outro lado, a China já apelou a todas as partes para terem calma e, através do seu vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Cui Tiankai, mostrou total disponibilidade para trabalhar com os Estados Unidos na resolução deste problema.
Esta é a abordagem que mais interessa a Pequim, visto querer evitar que o assunto vá ao Conselho de Segurança, vendo-se aí obrigada a tomar uma posição, algo que neste momento não deseja.
É por isso que analistas citados pela BBC News referem que a China é crucial neste problema, porque se o assunto for discutido no Conselho de Segurança das Nações Unidas o seu voto será preponderante.
Para já, Pequim mostra prudência, deixando Washington assumir o seu papel de “aliado” tradicional junto da Coreia do Sul. Uma abordagem realista e inteligente, já que tanto Seul como Pyongyang, e apesar de toda a retórica e medidas anunciadas, têm mostrado bastante relutância em avançar para qualquer movimentação militar.
Enquanto isso não acontecer, Pequim limita-se a acompanhar, prudentemente, esta situação, evitando interferir ao máximo. A China sabe perfeitamente que, em caso de conflito, terá sempre de recorrer ao seu Exército para equilibrar o potencial militar da Coreia do Norte face à Coreia do Sul.
Sabe-se que o Presidente norte-coreano, Kim Jong Il, terá dito aos seus oficiais para estarem preparados, mas é referido igualmente que não será a Coreia do Norte a dar o primeiro tiro. Embora tenha uma das maiores infantarias do mundo, as forças militares norte-coreanos estão mal preparadas, pobremente equipadas e com o moral em baixo. Dizem alguns desertores norte-coreanos que os soldados daquele país optam por tirara sestas em vez de treinarem, porque têm tão poucos alimentos para comer, que preferem poupar energia.
Verdade ou mentira, certo é que a Coreia do Norte está longe ter as condições para confrontar militarmente o seu vizinho do Sul. Mesmo em relação à sua capacidade nuclear, para já é apenas uma intenção, não tendo ogivas disponíveis e vectores de lançamento ainda pouco fiáveis.
Mais para ler
Presidente Barack Obama e o seu Vice, Joseph Biden, hoje, na Casa Branca Luke Sharrett/NYT
Em véspera de Natal, Barack Obama não poderia ter uma melhor prenda do que aquela que o Senado hoje lhe deu, ao votar favoravelmente a importante "bill", sobre a reformulação do sistema nacional de saúde, uma das principais promessas eleitorais feitas pelo Presidente americano.
A votação de 60 contra 39 finaliza um longo processo de 25 dias de intensas discussões nas duas câmaras do Congresso sobre uma proposta que, entre outras coisas, permitirá alargar os seguros de saúde a cerca de 30 milhões de americanos que actualmente não têm qualquer cobertura médica.
Após a aprovação da Câmara dos Representantes no mês passado e a votação de hoje no Senado, o próximo passo no Congresso é juntar as duas propostas de lei e torná-las num documento único. Este deverá ser um processo burocrático que não deverá levantar grandes problemas.
Quando a "bill" se tornar lei representará uma autêntica revolução no sistema nacional de saúde dos Estados Unidos e terá impacto na vida de todos os americanos, já que proposta prevê reduzir substancialmente os custos astronómicos que o Governo federal tem na quela área e que todos os anos fazem aumentar o défice americano.
Em termos genéricos, a nova lei vai estabelecer que todos os americanos (legalizados) tenham seguro de saúde, através de um modelo de responsabilização partilhada entre o Governo e as empresas. Este novo modelo vai imputar mais responsabilidades às autoridades federais, no entanto, permitirá ao mesmo tempo aliviar os custos da administração. Segundo o Congressional Budget Office, a lei irá custar 870 mil milhões de dólares nos próximos 10 anos.
A votação de hoje no Senado coloca os Estados Unidos a um passo de fazer História, algo que tinha sido tentado infrutiferamente ao longo das últimas décadas . Em tempos mais recentes, sob a administração de Bill Clinton, Hillary ainda tentou avançar com um projecto, porém, sem grande sucesso.
Politicamente, esta sempre foi uma batalha dos democratas, que comparam o actual momento à criação da Segurança Social em 1935 ou do Medicare em 1965. Exemplo disso, é o facto de nenhum republicano ter votado favoravelmente hoje no Senado e apenas um o ter feito na Câmara dos Representantes no mês passado.
Mais para ler
Milícias tribais em Kanju, 5 de Outubro de 2009/Foto Alex Rodriguez/Los Angeles Times
A propósito da onda de ataques terroristas que têm assolado o Paquistão com particular intensidade neste mês de Outubro e face aos desenvolvimentos militares no Afeganistão, Max Hastings, colunista do Financial Times, questionava num artigo de opinião esta Quinta-feira se os interesses estratégicos do Ocidente na região são vitais.
Para Hastings, esta é uma pergunta para a qual a Casa Branca anda à procura de resposta, e que à luz das dificuldades crescentes faz cada vez mais sentido reflectir sobre a mesma.
Na opinião do famoso jornalista e escritor paquistanês, Ahmed Rashid, os Estados Unidos devem manter o seu empenho e o seu compromisso militar e político na região. Caso contrário, existe um risco real de “talibanização” de toda a região da Ásia Central, alastrando a países remotos como o Tajiquistão, o Turquemenistão, o Uzbequistão ou Quirguistão.
Porque apesar das dificuldades que os soldados americanos têm encontrado no terreno afegão e que as forças da CIA têm enfrentado no Paquistão, todo este envolvimento militar e político serve, de certa forma, como “travão” a uma constante pressão de “talibanização” não só no Afeganistão, mas em várias regiões no Paquistão e noutros países da Ásia Central. O Afeganistão, aliás, é um bom exemplo dessa realidade, quando nos anos 90 se tornou um autêntico “playground” de terroristas, a partir do qual saíram os estrategos e os autores dos atentados de 11 de Setembro.
Polícia paquistanês observa refugiados do Waziristão em Paharpur, 22 de Outubro de 2009/Foto B.K.Bangash)
É reconhecido por todos que o combate ao movimento taliban está cada vez mais difícil no Afeganistão e no Paquistão, sobretudo nalgumas zonas rurais, sendo que um dos grandes objectivos neste momento passa pelo afastamento dos radicais islâmicos dos grandes centros de poder.
É por isso que o pensamento de Rashid assenta numa lógica algo cruel, mas simples e realista: é preferível ter líderes corruptos nos países da Ásia Central do que governantes fundamentalistas islâmicos, cuja sua missão é impor a sharia da forma mais conservadora possível e combater o estilo de vida ímpio de todos aqueles que não seguem a orientação rigorosa e estrita dos preceitos do Corão.
Quanto mais fracos e debilitados forem os governos (e refira-se que naquela região são quase todos, incluindo o de Islamabad), mais tentados pela conquista de poder surgem os movimentos associados aos taliban. Perante este cenário, o apoio político por parte dos Estados Unidos e da Europa a esses mesmos governos assume-se como vital para a sua sobrevivência e resistência aos ataques taliban.
Peshawar, 28 de Outubro de 2009/Foto Mohammad Sajjad/Associated Press
Para já, e a julgar pelos mais recentes sinais enviados pela liderança de Washington, os Estados Unidos parecem continuar empenhados politicamente no Paquistão, tendo a secretário de Estado norte-americana, Hillary Clinton, manifestado apoio ao Paquistão perante o ataque bombista de Peshawar, na Quarta-feira, que fez mais de 100 mortos.
Porém, concomitantemente, Clinton encostou o Governo paquistanês à parede, exigindo explicações pelo falhanço na captura de alguns altos membros da al-Qaeda. Clinton admitiu que desde 2002 que o Paquistão é um “paraíso” para aquela rede.
Mais para ler
Phillip Gordon, Secretário de Estado Adjunto para a Europa/AFP
Já lá vão alguns anos, mas terá sido em 2001 ou 2002 que este autor entrevistou Phillip Gordon na Fundação Calouste Gulbenkian, à margem de uma conferência em que aquele participava.
Na altura, Gordon, um especialista em assuntos internacionais, era um dos mais conceituados colunistas do New York Times. Este autor era um seguidor entusiasta dos seus textos, tendo-o citado por inúmeras vezes. Porém, por nenhuma razão em especial, o Diplomata deixou de seguir os seus escritos e já há bastante tempo que não sabia por onde parava... Até ao início desta semana.
Numa entrevista dada ao El País, Phillip Gordon fala na qualidade de Secretário de Estado Adjunto para a Europa, tendo sido um agradável "reencontro" para o autor destas linhas.
Esta nomeação representa o reconhecimento do mérito de Gordon pelo Presidente Barack Obama e pela Secretária de Estado Hillary Clinton.
Mais para ler