Christine O'Donnell a celebrar a vitória em Dover, Delaware/Foto:Jessica Kourkounis/NYT
É a nova sensação da cena política americana. Christine O’Donnell venceu ontem as primárias no Estado de Delaware, fazendo cair por terra o candidato do Partido Republicano, Michael N. Castle, que pretendia renovar o seu lugar no Senado americano nas eleições intercalares do próximo dia 2 de Novembro.
Até aqui tudo poderia parecer uma normal contenda intestina eleitoral entre candidatos republicanos, mas a verdade é que O’Donnell apresentou-se às urnas como representante do Tea Party e não pelo Partido Republicano.
O Tea Party é considerado um movimento ideologicamente mais conservador no campo republicano, e que tem como principal figura Sarah Palin, candidata à vice-presidência dos Estados Unidos no “ticket” com John McCain nas eleições de 2008.
As declarações proferidas por O’Donnell imediatamente a seguir à sua vitória demonstram bem o distanciamento que o Tea Party quer vincar em relação ao aparelho republicano, ao dizer que terá todo o gosto em aceitar o apoio do partido, mas deixando o recado de que não precisaria.
Com este resultado nas primárias, e contra todas as expectativas, do lado conservador será O’Donnell a enfrentar o candidato democrata no dia 2 de Novembro na corrida ao lugar do Senado.
Perante esta e outras vitórias do Tea Party nas primárias de ontem, dentro do aparelho republicano começam a surgir alguns sinais de desconforto e de desorientação.
Karl Rove, antigo estratego do ex-Presidente George W. Bush, não viu com bons olhos a vitória de O’Donnell e já veio dizer que esta não tem qualificações para assumir um eventual lugar de senadora. Por outro lado, o comité nacional republicano do Senado deu o seu apoio a todos os candidatos republicanos no Delaware, incluindo a O’Donnell.
Para todos os efeitos, os seguidores do Tea Party são formalmente membros do Partido Republicano, embora se assumam cada vez mais como um movimento marginal ao “aparelho” do Grand Old Party.
Mas, as considerações de Rove poderão fazer algum sentido, já que segundo alguns analistas, a vitória de O’Donnell poderá ter afastado as hipóteses de uma vitória sobre o Partido Democrata na disputa pelo lugar no Senado no dia 2 de Novembro, o que a acontecer poderá comprometer a estratégia republicana de voltar a ganhar a maioria naquela câmara.