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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Os alinhamentos geoestratégicos e geopolíticos do futuro

Alexandre Guerra, 02.09.14

 

Putin com Alexei Miller (dir.) da Gazprom e Zhang Gaoli (esq.), ontem em Namsky Highway/Foto: (RIA Novosti / Alexey Nikolsky)

 

Poucos deram atenção, mas ontem ocorreu um facto revelador daquilo que poderão ser os alinhamentos geoestratégicos e geopolíticos dos próximos anos na Ásia, com base na interdependência complexa entre os Estados. O Presidente russo, Vladimir Putin, e o vice-primeiro-ministro chinês, Zhang Gaoli, estiveram presentes no início da construção do novo gasoduto que vai ligar os dois países.

 

As obras arrancaram na Sibéria e pela primeira vez a parte oriental da Rússia vai estar toda ligada por um gasoduto que chegará à China. O "Power of Siberia", nome pelo qual o gasoduto é conhecido, era uma obra há muito ambicionada pelos dois países. São 4000 quilómetros e trata-se do maior projecto do mundo deste género. O gasoduto deverá começar a funcionar em 2019 e será um elo forte nas relações entre Pequim e Moscovo. 

 

Por um lado, a China consegue uma fonte de energia segura e eficiente e, por outro, a Rússia garante a diversificação do seu mercado exportador, passando a depender menos da Europa. 

 

 

Desta vez, os líderes europeus tiveram alguma sorte

Alexandre Guerra, 10.04.14

 

No meio de toda esta crise entre a Ucrânia e a Rússia, os líderes europeus têm pelo menos uma razão para respirar de alívio: o início da Primavera. Com a chegada do bom tempo e a menor necessidade dos europeus recorrerem ao consumo de gás natural para aquecimento, o Kremlin vê enfraquecer uma das suas principais "armas" de pressão político-diplomática.

 

O presidente Vladimir Putin já veio avisar a Europa, através de uma carta enviada os seus líderes, que poderão haver cortes no fornecimento de gás natural, tendo em conta os atrasos de pagamentos da Ucrânia à fornecedora Gazprom.

 

São avisos (leia-se ameaças) que a Europa deve levar a sério, é certo, até porque no passado já houve crises energéticas, precisamente, por causa do corte do abastecimento de gás natural por parte da Rússia. No entanto, o efeito pretendido por Putin não terá os mesmos resultados se esta situação estivesse a acontecer em pleno pico do Inverno, como foi o caso das crise anteriores.

 

Desta vez, e apesar de todos os erros que a Europa tem cometido neste processo, os líderes europeus tiveram alguma sorte com os timings desta crise. Para já, têm alguns meses de menor dependência energética da Rússia, os quais poderão aproveitar para resolver ou, pelo menos, estabilizar a situação dos pagamentos entre a Ucrânia e a Gazprom.