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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

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Acima do comum dos mortais

Alexandre Guerra, 01.12.15

 

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François Hollande, Barack Obama e a presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo, foram ontem ao Bataclan, o local mais mortífero dos atentados do passado dia 13, para prestar homenagem às vítimas. Mas o que chamou a atenção do Diplomata nesta fotografia é o facto de Obama, numa noite parisiense certamente fria, ser o único a apresentar-se só de fato, dispensando o conforto do sobretudo, transmitindo,assim, uma imagem de vitalidade e de resistência inalcançável aos comuns mortais que o acompanhavam. De certa maneira, faz lembrar John F. Kennedy, que raramente aparecia de sobretudo, mesmo nos dias mais frios de Inverno, e ostentava sempre uma boa imagem, como se de um semi-deus tratasse.

 

A virose socialista

Alexandre Guerra, 28.05.14

 

 

As eleições europeias, ou melhor dizendo, os resultados das eleições europeias provocaram um fenómeno curioso nas estruturas partidárias socialistas de Lisboa a Paris. Uma espécie de virose política infectou o PS, o PSOE e o PSF. Talvez por proximidade geográfica, os sintomas são bastante semelhantes entre os dois partidos ibéricos. Tanto o PS, de (ainda) António José Seguro, como o PSOE, do demissionário Alfredo Pérez Rubalcaba, iniciaram um processo de luta interna muito idêntico.

 

Veja-se, a questão central que assalta neste momento os socialistas portugueses prende-se em saber se Seguro vai, ou não, convocar um congresso extraordinário para a disputa da liderança. Também em Espanha, com vários nomes a perfilarem-se à liderança socialista, discute-se se o PSOE deverá realizar primárias ou ir directamente para congresso.

 

No entanto, em França, e apesar da virose ter atacado forte o PSF, enfraquecendo-o de uma forma que os franceses nunca tinham visto, o seu líder e chefe de Estado, François Hollande, parece estar a ser bem medicado. Porque, não só resistiu, como lendo os destaques das edições online dos principais jornais franceses de hoje, é caso para perguntar: crise no PSF? Mas qual crise? O que está a dar são os números do desemprego, o escândalo no UMP, a Frente Nacional e Roland Garros.

 

O (eventual) interesse escondido por detrás da intevenção francesa no Mali

Alexandre Guerra, 16.01.13

 

 

O início da intervenção militar francesa no Mali, na passada Sexta-feira, supostamente a pedido do Governo de Bamako, para suster o avanço dos rebeldes islâmicos no Norte do País, deve ter apanhado algumas chancelarias de surpresa.

 

Sobretudo porque há sensivelmente três semanas o Conselho de Segurança das Nações Unidas tinha aprovado uma resolução para a criação de uma força internacional de 3300 capacetes azuis com o objectivo de combater a ramificação da al Qaeda no Norte do Mali, mas que só seria mobilizada no próximo Outono.

 

Ora, na altura da aprovação desta resolução, Paris não se pronunciou sobre a iminência de qualquer operação militar no Mali. O que é no mínimo estranho, atendendo ao facto da ONU ter formalizado uma intervenção militar. Como se lia na BBC News, “os planos [de intervenção] que tinham sido tão cuidadosamente preparados e validados pela ONU no passado mês de Dezembro têm, no mínimo, de ser reprogramados”.

 

O Presidente francês, François Hollande, acabou por justificar a intervenção militar do País com a insustentabilidade do avanço islâmico no Mali e com a ameaça inaceitável à integridade de alguns cidadãos franceses (vivem cerca de 5000 naquele país).

 

Embora se compreenda esta argumentação, até porque alguns analistas referem que se a França não estivesse no terreno a capital do Mali poderia cair em breve nas mãos dos rebeldes, há quem considere que por detrás desta acção militar francesa se escondem outros interesses.

Interesses, esses, que estão alegadamente relacionados com a Areva, uma empresa de extracção de urânio. Citada pelo DW, a cientista política Katrin Sold, do Conselho Alemão de Política Externa, um think tank alemão, refere que a decisão do Eliseu não tem só a ver com o facto do Mali se tornar uma ameaça permanente terrorista. “A longo prazo, a França tem interesse em explorar os recursos minerais da região do Sahel, principalmente petróleo e urânio, mineral que a empresa nuclear francesa Areva já explora há décadas no vizinho Níger”, sublinha Sold.

 

De acordo com a informação disponível, haverá uma mina (ou minas) com reservas de 5000 toneladas de urânio na comuna rural de Faléa, localizada numa região isolada a 350 quilómetros de Bamako. Aliás, uma notícia que alguém fez chegar ao autor destas linhas, cita uma suposta declaração do embaixador francês no Mali a dizer que a “Areva será a futura exploradora da mina de urânio em Faléa”.

 

Nada como um caso de "cama" para animar a política francesa

Alexandre Guerra, 13.06.12

 

Que se pode dizer da mais recente polémica francesa? Delirante, mas se se pensar bem, é a França no seu melhor. Da análise que o Diplomata fez, diria que se está perante um caso clássico de "cama". O leitor atente ao seguinte enredo.

 

A primeira dama, Valérie Trierweiler, deu o seu apoio público, através do Twitter, a um rival político de Ségolène Royal no círculo por onde esta concorre nas legislativas em curso, cuja segunda volta se realiza no próximo Domingo.

 

Até aqui nada de extraordinário, não fosse o facto de François Hollande, Presidente recém-eleito e companheiro de Trierweiler, já ter manifestado o seu apoio a Ségolène, mulher com quem foi casado e teve quatro filhos.

 

Perante este desconcerto do casal presidencial no Eliseu, o  Le Monde cita um conselheiro de Hollande: "Esperava crises governamentais, mas não crises conjugais, é alucinante".

 

As más línguas em França dizem que as razões por detrás da decisão de Trierweiler são, na verdade, muito elementares e ancestrais: a primeira dama não gosta da "ex" do seu actual companheiro.