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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

A afronta de Putin

Alexandre Guerra, 04.08.13

 

 

A decisão do Governo russo em dar asilo político a Edward Snowden não pode deixar ser vista como um "statement" do Kremlin dirigido a Washington. Não se tratou de uma decisão repentina e muito menos inconsciente. Pelo contrário, Moscovo teve muito tempo para ponderar sobre o que fazer com Snowden, enquanto este vagueava pelos corredores do Aeroporto de Sheremetyevo.

 

O Presidente Vladimir Putin (sim, porque a decisão última foi dele) sabia que ao permitir a entrada de Snowden em território russo estaria a afrontar directamente Washington, que fez daquele antigo consultor da NSA o homem mais procurada da América neste momento. Putin, à boa maneira da Guerra Fria, criou um incidente diplomático que vai ter consequências a médio e a longo prazo, tornando-se num dos "casos" que marcarão as relações entre os dois países nos próximos tempos.

 

Washington não vai esquecer a afronta de Moscovo e as consequências a curto prazo já se fazem sentir. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que a administração norte-americana estava "extremamente desapontada". Também vozes republicanas e democratas condenaram a atitude da Rússia e exortam o Presidente Barack Obama a tomar medidas retaliatórias contra Moscovo. Por exemplo, além do boicote diplomático a alguns encontros de alto nível e cimeiras, já há quem fale num novo impulso aos programas de defesa antimíssil na Europa e num novo alargamento da NATO a países contíguos à fronteira da Rússia, como é o caso da Geórgia.

 

O realismo de Paulo Portas no "caso Snowden"

Alexandre Guerra, 10.07.13

 

Paulo Portas, ainda como chefe da diplomacia portuguesa, esteve ontem na Comissão Parlamentar dos Negócios Estrangeiros para explicar a polémica em torno da suposta recusa do Governo português ao sobrevoo do avião em que seguia o Presidente boliviano, Evo Morales, sobre território nacional.

 

Portas veio desmentir essa tese, sublinhando que o Governo português deu autorização "atempadamente" para que o Falcon de Morales pudesse passar no espaço aéreo nacional. Aquilo que Portas agora revela é o facto das autoridades portuguesas não terem autorizado a realização de uma escala técnica em Portugal, já que existiam suspeitas de que a bordo do Falcon viesse Edward Snowden. 

 

Portas, numa lógica realista e cínica (virtudes das relações internacionais), acabou por assumir que não pretendia "importar" um problema diplomático para Portugal, o que de certa forma se compreende.

 

Suponha-se que Snowden iria de facto naquele avião, e que este aterrava em Lisboa para uma escala técnica, era bem provável que Washington instasse as autoridades portuguesas a deterem o antigo consultor da CIA e da NSA. Lisboa ficaria com pouco espaço de manobra para recusar qualquer pedido americano nestas circunstâncias. Ao mesmo tempo afrontava o Presidente da Bolívia, levantando questões de soberania sensíveis, podendo criar um grave incidente diplomático com aquele país da América Latina, que se poderia alastrar a outros Estados da região.

 

Ora, se há pessoa que é sensível aos interesses de Portugal naquela região, é Paulo Portas, que ainda recentemente esteve na Venezuela para estreitar relações entre os dois países. Aliás, Portas fez questão de sublinhar que a Bolívia é um "país amigo" de Portugal.

 

Snowden, procura-se

Alexandre Guerra, 26.06.13

 

Segundo o Kremlin, Edward Snowden ainda continua em trânsito no Aeroporto Sheretmetyevo, sem nunca ter entrado no espaço russo. É certo que aquele aeroporto é grande, mas esta argumentação começa a assumir contornos perfeitamente cómicos. Assim de repente faz lembrar aquele filme do Tom Hanks.