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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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A maior estrela da comunicação política da actualidade é, imagine-se, um idealista

Alexandre Guerra, 22.04.14

 

David Axelrod, um consultor político idealista que sempre se deu bem com candidatos "ingénuos"

 

Foi um dos grandes estrategos não apenas da primeira vitória presidencial de Barack Obama em 2008 (e também em 2012), mas da euforia comunicacional que se gerou à volta daquela que era então a grande esperança para os Estados Unidos e para o mundo. Amigo íntimo de Obama do círculo de Chicago, David Axelrod tornou-se numa estrela mundial da comunicação política.

 

Após ter reeleito Obama em 2012, Axelrod afastou-se das lides da Casa Branca para se dedicar sobretudo à sua empresa de consultoria, mas sem nunca deixar de meter ao serviço do Presidente as suas “skills” comunicacionais. Agora, mais liberto das suas responsabilidades políticas, Axelrod tem aparecido por várias vezes nos meios de comunicação social a fazer a defesa de algumas políticas de Obama. Um trabalho que também tem desenvolvido nas redes sociais.

 

Embora em muitos aspectos seja um profissional da comunicação política como tantos outros, Axelrod tem alguns traços que o diferenciam num sector, por vezes, marcado por algum mimetismo. Sempre se assumiu como um homem de causas, algumas bastante progressistas, e partiu desta sua maneira de pensar e viver para trabalhar, sobretudo, campanhas de políticos afro-americanos nos Estados Unidos. Com bastante sucesso, diga-se.

 

Esta vertente é, aliás, uma das suas imagens de marca. Assim como a abordagem inovadora às novas tecnologias no âmbito da comunicação política. Como alguém escrevia no The Guardian, Axelrod tem mais razões para clamar créditos do que muitos outros.

 

Axelrod é, de certa forma, um idealista político e, talvez por isso, o seu trabalho só seja eficazmente compatível com candidatos dotados de um perfil específico. À luz desta lógica não será de estranhar a tímida experiência comunicacional que Axelrod teve com Mário Monti na campanha para as eleições gerais em Itália do ano passado. Monti pode ser tudo, menos um homem de paixões ou convicções. É sobretudo um académico e tecnocrata sem qualquer chama, aclamado apenas pelos “mercados” e por alguns ministros das Finanças.

 

Já mais sentido para Axelrod poderá fazer a recente contratação do Labour britânico. Soube-se há uns dias que Ed Miliband vai contar com os serviços de homem de Chicago para ajudar na campanha das eleições legislativas de 2015. “Usefully for Miliband, Axelrod has an impressive record with ingenue candidates, having first helped hone Obama as a distinctive post-Clinton era politician, when he ran for the Senate in 2004”, lia-se ainda no The Guardian.

 

Em declarações dadas por Axelrod é evidenciada a sua vertente mais idealista na forma como encara comunicação política, ao justificar a assinatura do contrato pelo facto de ter tido algumas “longas conversas” com Miliband, menos políticas e mais filosóficas, de como se poderá criar modelos económicos sustentáveis para o século XXI, com oportunidades alargadas.

 

Depois da experiência pouco entusiasmante em Itália, vai ser muito interessante acompanhar o trabalho a desenvolver por Axelrod em Inglaterra, um país com uma tradição comunicacional mais próxima da dos Estados Unidos, mas que tem na sua sociedade a matriz civilizacional europeia. 

 

*Post publicado originalmente no PiaR

 

Miliband sugere que Cameron envie um SMS com um LOL a Hollande

Alexandre Guerra, 16.05.12

 

 

"It's a shame [Cameron] didn't see the French president three months ago when he was in the United Kingdom … but I'm sure, Mr Speaker, a text message and LOL will go down very well." Declarações de Ed Miliband, líder do Labour, hoje, durante o debate na Câmara dos Comuns, dirigindo-se ao primeiro-ministro David Cameron, a propósito da eleição do novo Presidente francês, François Hollande. 

 

Em poucos dias Ed fez o seu Governo "sombra", mas onde está o de Passos Coelho?

Alexandre Guerra, 12.10.10

 

Poucos dias após ter sido eleito líder do Labour, e à boa maneira da política britânica, Ed Miliband já tem o seu Governo "sombra". São 25 pessoas devidamente identificadas eleitas pelos deputados trabalhistas na Câmara dos Comuns. Alguns transitam do antigo Executivo de Gordon Brown, outros não.  

 

O mais importante neste processo é que os eleitores podem a partir de agora associar determinada área de actuação a um potencial ministro, escalpelizando, assim, o seu comportamento e percurso político até ao dia das eleições.

 

O Governo "sombra" é uma das virtudes do sistema político britânico, pois permite que se crie uma relação entre os eleitores e políticos, mesmo com estes na oposição, e se evita que todo o processo eleitoral se centre única e exclusivamente na figura do chefe de Governo, tal como acontece em Portugal. 

 

E por falar em Portugal, o actual líder do PSD, Pedro Passos Coelho, tinha prometido durante a disputa eleitoral nas "directas" do passado mês de Março que, se ganhasse, uma das primeiras medidas a adoptar seria precisamente formar um Governo "sombra".

 

Uma medida bem recebida pelo Diplomata e que seria virtuosa para o sistema político português. Mas, vários meses volvidos, constata-se que o PSD continua sem qualquer ministro "sombra", ouvindo-se apenas um ou outro vice-presidente a pronunciar-se sobre algumas matérias sectoriais.

 

Seja como for, e porque nestas coisas mais vale tarde do que nunca, seria interessante que Passos Coelho pensasse seriamente em nomear alguns ministros "sombra", pois iria certamente introduzir uma inovação na forma de se fazer política em Portugal ao mesmo tempo que assumiria junto dos eleitores um compromisso em nome de uma equipa.

 

Mais uma vez o caso britânico é exemplar, com Ed a assumir desde já a liderança de um conjunto de pessoas que vão defender os interesses dos cidadãos numa óptica de oposição ao Governo conservador liderado por David Cameron.