Por detrás da farsa montada por "Scooter" Libby que conduziu à guerra no Iraque
O leitor lembra-se do "Valeriegate"? Talvez o pior escândalo desde o "Watergate" e que chegou a ser referido pelo Diplomata em Março de 2007. Uma autêntica história de espionagem, com consequências directas na polítca externa norte-americana e na intervenção militar no Iraque.
Foi uma boa surpresa para o autor destas linhas descobrir que tinha sido feito um filme sobre este caso. "Fair Game", baseado no livro da própria Valerie Plame "Fair Game: My Life as a Spy, My Betrayal by the White House", foi lançado no ano passado e está bastante fiel às informações vindas a público na altura do escândalo.
O enredo está centrado na suposta "venda" de 500 quilos de urânio do Níger ao Iraque (algo que nunca aconteceu) e na aquisição por parte de Bagdad (que também nunca se concretizou) de tubos de alumínio que, supostamente, seriam usados para a construção de centrifugadoras, que serviriam para enriquecer aquele minério.
No filme, que conta com a participação de Sean Penn no papel do embaixador Jospeh Wilson e de Naomi Watts enquanto Valerie Plame, é interessante perceber-se as movimentações da Casa Branca, em particular dos homens do vice-presidente Dick Cheney, destacando-se o então seu chefe de Gabinete, Lewis "Scooter" Libby, figura central e maquiavélica na encenação do "caso" contra o Iraque. Perante a falsidade dos argumentos apresentados, a reacção do embaixador Wilson viria a ser fulcral para o espoletar do escândalo.
Curiosamente, "Fair Game", um filme que terá passado despercebido ao grande público apesar de ter estado na competição oficial de Cannes no ano passado, é um bom testemunho dos contornos de uma fase específica da política externa americana durante a presidência de George W. Bush no que respeita à "guerra contra o terrorismo".