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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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A sorte dos conservadores britânicos

Alexandre Guerra, 02.05.16

 

No Daily Telegraph alguém escrevia que o Partido Conservador está a arder descontroladamente por causa do referendo sobre a manutenção do Reino Unido na União Europeia, com vários ministros do Executivo de David Cameron e ilustres representantes tories a digladiarem-se na defesa das suas posições, que estão longe de ser comuns. Uns defendem o "sim" à continuidade do seu país na UE, como é, naturalmente, o caso do primeiro-ministro David Cameron, ajudado pelo seu chanceler, George Osborne, mas há outros que vêem no "Brexit" a melhor solução, com o popular e carismático mayor de Londres, Boris Johnson (que se prepara para deixar o cargo), a liderar esse lado da barricada. A estes nomes de primeira linha juntam-se muitos outros que, diariamente, vão esgrimindo os seus argumentos e vão deixando um rasto de destruição no seio do partido conservador, a três dias das eleições locais, onde, entre outras coisas, vai estar em disputa a Câmara de Londres.

 

A sorte dos tories, como se lia nesse mesmo artigo, é que os trabalhistas tem à frente dos seus desígnios um senhor chamado Jeremy Corbyn, um erro de casting histórico e que transformou aquele partido em algo indefinido, sem alma e identidade, uma sombra do que foi o Labour de Tony Blair ou até mesmo de Gordon Brown.

 

A nova política de imigração, segundo David Cameron

Alexandre Guerra, 19.12.14

 

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou no final do passado mês os seus planos para reduzir o nível “inaceitavelmente alto” de imigração de países da UE para o Reino Unido. Uma das medidas mais polémicas prende-se com a necessidade dos imigrantes comunitários terem que permanecer quatro anos no país a trabalhar até poderem beneficiarem de alguns apoios da segurança social, de habitação social ou de benefícios fiscais. Se em seis meses não arranjarem trabalho, são obrigados a abandonar o país. Atenção, porque se está a falar de cidadãos comunitários.

 

Bruxelas já fez saber que estas medidas fazem “parte do debate” e que são para ser analisadas “calmamente”, mas há alguns pontos que, segundo o Diplomata, violam claramente os tratados europeus.

 

De acordo com os dados mais recentes, o número de imigrantes (net migration) no Reino Unido cresceu em 260 mil, entre Junho de 2013 e Junho de 2014. Foi um aumento superior em 78 mil comparativamente ao ano anterior. Destes 260 mil, cerca de 130 mil são imigrantes de países da UE. Cameron espera reduzir para 100 mil a “net migration” até às eleições de Maio. A net migration é obtida pelo saldo entre os que entram e os que saem do país.

 

Note-se que actualmente, os imigrantes para poderem ficar mais de três meses têm de, pelo menos, demonstrar que estão à procura de emprego ou então que têm suficientes posses para não ser um fardo nos serviços públicos. Se arranjarem emprego e passarem um teste de residência, então, a partir daqui já podem ter acesso aos benefícios do Estado. E na verdade estes benefícios podem ser iguais, ou aproximarem-se muito, dos que são recebidos pelos cidadãos nacionais.

 

Miliband sugere que Cameron envie um SMS com um LOL a Hollande

Alexandre Guerra, 16.05.12

 

 

"It's a shame [Cameron] didn't see the French president three months ago when he was in the United Kingdom … but I'm sure, Mr Speaker, a text message and LOL will go down very well." Declarações de Ed Miliband, líder do Labour, hoje, durante o debate na Câmara dos Comuns, dirigindo-se ao primeiro-ministro David Cameron, a propósito da eleição do novo Presidente francês, François Hollande. 

 

Nick Clegg, o melhor "aliado" da Europa no Reino Unido

Alexandre Guerra, 16.12.11

 

 

Nick Clegg/Foto:The Guardian - David Levene

 

As ondas de choque da última cimeira europeia continuam a fazer-se sentir com muita intensidade em terras de Sua Majestade. Mas, curiosamente, as consequências estão a ser diferentes daquelas que se poderiam supor à partida.

 

Basta relembrar que poucas horas depois de ter sido conhecido o "veto" do primeiro-ministro britânico, David Cameron, ao acordo celebrado por todos os outros dirigentes europeus, Nick Glegg, líder dos Democratas Liberais e número dois do Governo inglês, dava uma entrevista televisiva para manifestar de forma veemente a discordância com a decisão do seu "chefe".

 

Aquilo que poderiam ser declarações explosivas e fatalistas para o Governo de coligação, estão a servir, antes, para clarificar algumas águas políticas no Reino Unido. 

 

Ao vir a público com tanto estrondo, Clegg obrigou Cameron e as várias fileiras do Labour e dos tories a assumirem sem rodeios as suas posições sobre a Europa.

 

Um das primeiras consequências foi colocar o próprio Cameron à defesa, já que nunca um líder britânico tinha desferido um golpe tão duro contra o projecto europeu. E as coisas, efectivamente, não estão a correr bem ao primeiro-ministro, querendo, por um lado, enviar um sinal conciliatório para a Europa e, por outro, não decepcionar os eurocépticos britânicos.

 

Aqueles, no seu tradicional discurso, fazem-se ouvir cada vez mais alto, contaminando a opinião pública, historicamente pouco entusiasmada com a Europa, mas que nas actuais circunstâncias poderá vir a radicalizar o seu sentimento hostil em relação ao projecto europeu.  

 

Clegg está a aproveitar este momento como uma espécie de hora da verdade. Politicamente, está a jogar a sua cartada. 

 

Ainda esta Sexta-feira, em declarações ao The Guardian, Glegg, num discurso apaziguador e conciliatório, veio apelar à calma entre Paris e Londres e defender o regresso do Reino Unido ao "coração da Europa". Clegg posiciona-se, assim, como um mediador do "conflito".

 

Ao mesmo tempo, aproveitou um telefonema do primeiro-ministro francês, Francois Fillon, esta Sexta-feira, para demonstrar a firmeza que neste momento parece estar a faltar a Cameron.

 

Fillon queria clarificar as declarações inflamatórias proferidas pelo seu ministro das Finanças, Francois Baron, que referiam que a situação económica e financeira do Reino Unido era muito pior do que a da França no âmbito da vigilância das agências de rating. Clegg disse a Fillon que as declarações de Baron eram inaceitáveis, no entanto, referiu que deviam ser dados passos para acalmar a retórica.  

 

O número dois do Governo britânico sabe que por estes dias é o melhor "aliado" da Europa no Reino Unido. Mas, de forma inteligente, tenta também ganhar espaço político a Cameron, ciente de que só o conseguirá através de um discurso firme e que seja visto pelos britânicos como a defesa dos seus interesses. Porém, o grande desafio de Clegg será explicar aos britânicos, sobretudo aos mais eurocépticos, que os seus interesses também se jogam na Europa.

 

Texto publicado originalmente no Forte Apache.


Yorke criticou o Tory, nunca acreditou no New Labour, mas Cameron gosta dele

Alexandre Guerra, 03.07.11

 

 

Como já aqui foi referido por diversas ocasiões, existe uma relação íntima entre a política e as diferentes formas de expressão artística, sejam elas o cinema, a música, a literatura ou outras.

 

Os artistas, numa lógica mais intervencionista na sociedade, empenham-se em transmitir uma determinada mensagem política, social ou económica. A música tem sido um dos principais veículos para esse efeito, com cantores e bandas a produzirem, por vezes, obras de arte que são ao mesmo tempo autênticos manifestos.

 

Há uns dias, o Diplomata recuperava da prateleira um desses raros casos, uma verdadeira homenagem à música, mas também uma prolífica declaração de ideias.

 

Lançado em 1997, o intenso álbum "Ok Computer" dos britânicos Radiohead, liderados pelo carismático Thom Yorke, foi uma afirmação musical, mas também uma crítica aos valores do paradigma político e social vigente na altura, sobretudo nos países ocidentais.

 

O consumismo, a apatia das massas, a ausência de espírito crítico, a globalização, o capitalismo selvagem, são algumas das temáticas abordadas no álbum, que ainda hoje permanecem actuais.

 

A “Fitter Happier”, inspirada nos escritos de Noam Chomsky (autor que aliás serviu de referência para Yorke), a espectacular “No Surprises”, sobre a desilusão perante o vazio da sociedade e da política, ou "Let Down", que fala sobre a sensação de alheamento em relação às pessoas, são algumas das músicas que compõem "Ok Computer".  

 

Numa altura em que a Inglaterra iniciava a sua caminhada na Terceira Via do New Labour de Tony Blair, Thom Yorke mostrava-se aliviado após duas décadas de conservadorismo político, que o influenciaram na criação do álbum. No entanto, Yorke não se mostrava muito confiante que o “New Labour” pudesse trazer para a sociedade os valores que apregoava. Algo que iria confirmar anos depois, demonstrando alguma frustração ao reinado de Blair.

 

Uma das ironias interessantes é o facto do actual primeiro-ministro britânico conservador, David Cameron, ser um admirador do trabalho dos Radiohead. A este propósito, o Diplomata sugere a leitura de uma entrevista dada por Yorke ao The Comment Factory, em Fevereiro do ano passado, na qual o vocalista dos Radiohead fala sobre a sua relação com a política e políticos.  

 

"Ok Computer" é hoje uma referência dos anos 90 e um marco na história da música. Dizem os críticos que é um dos melhores álbuns jamais feitos, e talvez não seja exagero em falar-se num “antes” e num “depois” de "Ok Computer".

 

Mais um factor de tensão no seio da coligação governamental inglesa

Alexandre Guerra, 19.05.11

 

David Cameron e Nick Clegg

 

Há uns dias, por ocasião do primeiro ano de coligação governamental em Inglaterra, o líder dos liberais democratas, Nick Clegg, enfatizou o papel político do seu partido no Executivo, dando como exemplo a suspensão do programa de modernização da frota de submarinos nucleares Trident.

 

Mas, esta Quarta-feira, o secretário de Defesa, Liam Fox, informou que o Governo liderado pelos conservadores do primeiro-ministro David Cameron vai avançar de imediato com o programa de renovação dos Trident.

 

Nesta primeira fase, que está orçamentada em 3 mil milhões de libras, será iniciado o projecto de design para a construção dos submarinos e dos novos reactores nucleares.

 

Esta decisão vai aumentar ainda mais a tensão entre os dois parceiros de coligação. Os liberais democratas preferiam adiar este programa, no entanto, os “tories” opuseram-se, por considerarem que poderia colocar em risco a capacidade dissuasora nuclear inglesa.

 

Cameron pede desculpa depois de ter falhado retirada dos seus cidadãos da Líbia

Alexandre Guerra, 24.02.11

 

O Governo britânico enfrentou vários problemas na evacuação dos seus cidadãos da Líbia, acabando por atrasar a sua retirada daquele país, o que causou enormes críticas à forma como o processo foi gerido.

 

Ao contrário do que tem sucedido em Portugal, onde os casos de incompetência na gestão da "coisa pública" se vão sucedendo sem uma assumpção de culpa por parte do chefe do Governo, no caso britânico, o primeiro-ministro, David Cameron, "desfez-se" em desculpas sinceras e explicações detalhadas sobre o sucedido. 

 

É verdade que o mal está feito, mas fica sempre bem a um chefe do Governo assumir os seus erros e mostrar-se solidário com os seus cidadãos num momento de crise particularmente difícil.

     

Lições de história que Obama e Cameron devem ter bem presentes

Alexandre Guerra, 15.11.10

 

 

Estava-se no dia 13 de Novembro de 1986 quando o então Presidente da União Soviética, Mikhail Gorbachev, traçou um cenário pessimista relativo à intervenção militar do seu país no Afeganistão. “Estamos a lutar há anos e se não mudarmos de estratégia estaremos aqui mais 20 ou 30”, disse o líder durante uma reunião do Politburo.

 

Corria então o sétimo ano de guerra e os 110 mil soldados soviéticos continuavam sem conseguir derrotar os mujahedin. Oito mil homens do Exército Vermelho já tinham morrido e 50 mil ficado feridos. Do lado afegão os mortos contavam-se às centenas de milhar.

 

Perante este cenário, Gorbachev acrescentou ainda: “Nós não estamos a conseguir aprender a forma de travar a guerra. Nós tínhamos definido um objectivo: promover um regime amistoso no Afeganistão. Mas, agora, temos que acabar com este processo o mais rápido que conseguirmos.”

 

Palavras que, de certa forma, se assemelham àquilo que o Presidente americano Barack Obama e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disseram recentemente sobre o actual conflito no Afeganistão.

 

O Diplomata não gosta de comparações entre diferentes realidades históricas, no entanto, já ilações devem ser tiradas do envolvimento soviético no Afeganistão durante os anos 80.

 

O historiador Victor Sebestyen aconselha mesmo, num artigo de opinião na edição de Novembro da revista Prospect, que os actuais líderes americano e britânico analisem com atenção os mais recentes documentos disponibilizados por Moscovo a investigadores russos e americanos sobre os últimos anos da era soviética e o seu envolvimento no Afeganistão.

 

É certo que os contornos são diferentes e qualquer comparação arrisca-se a ser um exercício desvirtuado. Porém, há algo em comum entre estes dois conflitos no que respeita às motivações e dilemas das lideranças políticas.

 

Então, tal como hoje, Gorbachev era um líder recém-chegado ao poder e herdava nas mãos um conflito prolongado, oneroso e sem fim à vista, tal como aconteceu com Obama e Cameron.

 

Quando em Março de 1985 ocupou o Kremlin, Gorbachev disse de forma convicta que a retirada do Afeganistão seria a sua prioridade. Uma declaração feita numa perspectiva política e dirigida à opinião pública, mas desligada da verdadeira realidade do conflito. Gorbachev rapidamente percebeu que a tarefa a que se propôs era praticamente impossível de concretizar sem que com isso a União Soviética “perdesse a face”.

 

Um dilema com o qual Obama e Cameron se viram confrontados mal chegaram aos seus gabinetes, obrigando-os a refrear os ímpetos de debandada do Afeganistão.

 

A retirada soviética do Afeganistão sem qualquer ganho no terreno teria sempre consequências desastrosas para o império. Quando em Fevereiro de 1989 os últimos soldados soviéticos abandonam o Afeganistão deixavam para trás 15 mil camaradas mortos.

 

Política ou estrategicamente a União Soviética nada ganhara com a intervenção no Afeganistão, tendo pelo contrário, sido humilhada e ferida de morte na projecção da sua imagem enquanto super potência militar.

 

Dois anos depois e algumas revoluções pelo meio dava-se a implosão do império soviético e o desmembramento da URSS. O desastre no Afeganistão não foi a única causa do fim da Guerra Fria, mas foi certamente o catalisador que precipitou a derrocada do Pacto de Varsóvia e da URSS.

   

Em poucos dias Ed fez o seu Governo "sombra", mas onde está o de Passos Coelho?

Alexandre Guerra, 12.10.10

 

Poucos dias após ter sido eleito líder do Labour, e à boa maneira da política britânica, Ed Miliband já tem o seu Governo "sombra". São 25 pessoas devidamente identificadas eleitas pelos deputados trabalhistas na Câmara dos Comuns. Alguns transitam do antigo Executivo de Gordon Brown, outros não.  

 

O mais importante neste processo é que os eleitores podem a partir de agora associar determinada área de actuação a um potencial ministro, escalpelizando, assim, o seu comportamento e percurso político até ao dia das eleições.

 

O Governo "sombra" é uma das virtudes do sistema político britânico, pois permite que se crie uma relação entre os eleitores e políticos, mesmo com estes na oposição, e se evita que todo o processo eleitoral se centre única e exclusivamente na figura do chefe de Governo, tal como acontece em Portugal. 

 

E por falar em Portugal, o actual líder do PSD, Pedro Passos Coelho, tinha prometido durante a disputa eleitoral nas "directas" do passado mês de Março que, se ganhasse, uma das primeiras medidas a adoptar seria precisamente formar um Governo "sombra".

 

Uma medida bem recebida pelo Diplomata e que seria virtuosa para o sistema político português. Mas, vários meses volvidos, constata-se que o PSD continua sem qualquer ministro "sombra", ouvindo-se apenas um ou outro vice-presidente a pronunciar-se sobre algumas matérias sectoriais.

 

Seja como for, e porque nestas coisas mais vale tarde do que nunca, seria interessante que Passos Coelho pensasse seriamente em nomear alguns ministros "sombra", pois iria certamente introduzir uma inovação na forma de se fazer política em Portugal ao mesmo tempo que assumiria junto dos eleitores um compromisso em nome de uma equipa.

 

Mais uma vez o caso britânico é exemplar, com Ed a assumir desde já a liderança de um conjunto de pessoas que vão defender os interesses dos cidadãos numa óptica de oposição ao Governo conservador liderado por David Cameron.

 

David Cameron pede desculpa para sarar as "feridas" do "Bloody Sunday"

Alexandre Guerra, 15.06.10

 

 

Familiares das vítimas do "Bloody Sunday" congratulam-se com o Saville Report/Guardian

 

Quase 40 anos depois, o chefe do Governo britânico, David Cameron, “lamentou profundamente” a morte “injustificada” de 14 pessoas a 30 de Janeiro de 1972, na localidade de Londonderry, quando tropas do Regimento de Paraquedistas britânico abriram fogo sobre um grupo de manifestantes pela defesa dos direitos civis na Irlanda do Norte.

 

O trágico acontecimento ficou conhecido como “Domingo Sangrento” e foi sempre uma “ferida” aberta na sociedade britânica e um espinho nas relações políticas e sociais entre unionistas e republicanos na região do Ulster.

 

As declarações de David Cameron surgem na sequência da apresentação do Saville Report, resultante do processo de inquérito aos acontecimentos do Domingo Sangrento, e que se prolongou durante 12 anos. Com 5000 páginas, mais de 2500 testemunhos escritos e 922 orais, o Saville Report concluiu que as forças militares britânicas agiram precipitadamente ao terem disparado sem qualquer tipo de aviso sobre as pessoas que não representavam qualquer ameaça.

 

Cameron considerou que o Exército britânico agiu de forma errada na altura, uma opinião partilhada pelo actual chefe do Estado Maior, General Mike Jackson, que corroborou as palavras do primeiro-ministro proferidas hoje na Câmara dos Comuns.

 

No entanto, e tendo em conta a sensibilidade deste tema, nem todos concordam com estas conclusões, nomeadamente os sectores unionistas mais radicais. Por outro lado, é preciso saber se o ministério público da Irlanda do Norte vai proceder a alguma acusação criminal a soldados envolvidos nos acontecimentos de Londonberry.

 

É muito provável que tal não aconteça, de modo a evitar-se o reavivar de situações tensas e de conflito, numa altura em que se conclui o processo de devolução de poderes para Stormont.

 

A importância deste relatório reveste-se sobretudo de consequências políticas, com o reconhecimento formal por parte de Londres do seu erro e da sua responsabilidade nas mortes de 1972. Como diz Mark Davenport, editor de política da BBC News, as conclusões do Saville Report representam acima de tudo um momento de “júbilo e de “justiça” para os familiares das vítimas.