Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Duas pequenas histórias de excessos

Alexandre Guerra, 02.06.14

 

Fazendo lembrar os tiques dos Estados autoritários e totalitários de outros tempos, a Rússia embarcou numa aventura de proporções gigantescas, quando se lançou na missão de realizar recentemente os mais ambiciosos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi. Tudo numa lógica de projecção de "soft power", com o objectivo de mostrar ao mundo uma nova Rússia, reerguida dos escombros soviéticos, supostamente mais poderosa e de cariz global. Ora, não só aquele projecto assumiu custos exorbitantes, tornando-se nos jogos olímpicos mais caros de sempre, como se revelou desastroso para os intentos de Vladimir Putin, pondo a descoberto muitas das fragilidades da Rússia.    

 

Os Jogos Olímpicos de Sochi tiveram um orçamento quase cinco vezes superior ao do Campeonato do Mundo de Futebol no Brasil. E por falar no Brasil, também os governantes daquele país, numa ânsia de mostrar ao mundo o seu poderio emergente, lançaram-se numa tarefa hercúlea (e quase impossível) de organizar praticamente em simultâneo o Mundial 2014 e os Olímpicos 2016. 

 

Tal como aconteceu na Rússia, também no Brasil os efeitos têm-se revelado perversos para os objectivos dos governantes brasileiros. E dificilmente essa imagem sairá melhorada. Pelo contrário. Com a chegada de milhares de turistas e adeptos às cidades brasileiras da Copa nos próximos dias, os problemas de infraestruturas, de saneamento, de vias de comunicação, de segurança, entre outros, deverão sentir-se de forma mais acentuada.  

 

A questão é saber como o Governo de Dilma Rousseff irá gerir esta crise em plena Copa do Mundo. Ironicamente, o seu grande aliado será a equipa canarinha, que, enquanto ganhar, distrairá os brasileiros do seu quotidiano.