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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Do criacionismo à masturbação, passando pela feitiçaria, O'Donnell é má demais

Alexandre Guerra, 14.10.10

 

Christine O'Donnell no primeiro debate com o seu rival, Chris Coons/Jacquelyn Martin/AP

 

Christine O'Donnell, que saltou para a ribalta depois de ter vencido surpreendentemente as primárias do Partido Republicano no Delaware para a corrida ao lugar do Senado em disputa para aquele estado nas eleições de Novembro, participou ontem no primeiro debate televisivo com o seu rival democrata, Chris Coons.

 

O resultado não podia ter sido mais desastroso para O'Donnell, uma das "estrelas" em ascensão do Tea Party, uma corrente ultraconservadora dentro do Grand Old Party. Ramón Lobo, no seu blogue Aguas Internacionales do El País, e com a ajuda do The Daily Beast, faz uma síntese da prestação de O'Donnell que, nalguns momentos, chega a ser embaraçosa e angustiante, devido à ignorância e falta de preparação da candidata. Ramón Lobo recupera ainda algumas "pérolas" antigas de O'Donnell.

 

O péssimo desempenho de O'Donnell, na forma e na substância, vem assim dar razão aos analistas que aquando da sua vitória nas primárias consideraram que teria poucas possibilidades de conquistar o assento no Senado.

 

Também no seio do GOP se ouviram algumas vozes críticas, tendo a de Karl Rove, estratego do ex-Presidente George W. Bush, sido a mais audível, acusando O'Donnell de não ter qualificações para assumir um eventual lugar de senadora.

 

O'Donnell é a mulher que se segue no Tea Party, mas não deverá chegar ao Senado

Alexandre Guerra, 15.09.10

 

Christine O'Donnell a celebrar a vitória em Dover, Delaware/Foto:Jessica Kourkounis/NYT

 

É a nova sensação da cena política americana. Christine O’Donnell venceu ontem as primárias no Estado de Delaware, fazendo cair por terra o candidato do Partido Republicano, Michael N. Castle, que pretendia renovar o seu lugar no Senado americano nas eleições intercalares do próximo dia 2 de Novembro.

 

Até aqui tudo poderia parecer uma normal contenda intestina eleitoral entre candidatos republicanos, mas a verdade é que O’Donnell apresentou-se às urnas como representante do Tea Party e não pelo Partido Republicano.

 

O Tea Party é considerado um movimento ideologicamente mais conservador no campo republicano, e que tem como principal figura Sarah Palin, candidata à vice-presidência dos Estados Unidos no “ticket” com John McCain nas eleições de 2008.

 

As declarações proferidas por O’Donnell imediatamente a seguir à sua vitória demonstram bem o distanciamento que o Tea Party quer vincar em relação ao aparelho republicano, ao dizer que terá todo o gosto em aceitar o apoio do partido, mas deixando o recado de que não precisaria.

 

Com este resultado nas primárias, e contra todas as expectativas, do lado conservador será O’Donnell a enfrentar o candidato democrata no dia 2 de Novembro na corrida ao lugar do Senado.

 

Perante esta e outras vitórias do Tea Party nas primárias de ontem, dentro do aparelho republicano começam a surgir alguns sinais de desconforto e de desorientação.

 

Karl Rove, antigo estratego do ex-Presidente George W. Bush, não viu com bons olhos a vitória de O’Donnell e já veio dizer que esta não tem qualificações para assumir um eventual lugar de senadora. Por outro lado, o comité nacional republicano do Senado deu o seu apoio a todos os candidatos republicanos no Delaware, incluindo a O’Donnell.

 

Para todos os efeitos, os seguidores do Tea Party são formalmente membros do Partido Republicano, embora se assumam cada vez mais como um movimento marginal ao “aparelho” do Grand Old Party.

 

Mas, as considerações de Rove poderão fazer algum sentido, já que segundo alguns analistas, a vitória de O’Donnell poderá ter afastado as hipóteses de uma vitória sobre o Partido Democrata na disputa pelo lugar no Senado no dia 2 de Novembro, o que a acontecer poderá comprometer a estratégia republicana de voltar a ganhar a maioria naquela câmara.