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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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À descoberta de Berlim

Alexandre Guerra, 27.02.14

 

A cúpula do Reichstag, concebida por Norman Foster, é um dos pontos de atracção turística de Berlim.

 

Berlim atingiu o máximo de visitantes em 2013. Foram cerca de 11,3 milhões que visitaram a capital alemã. Compreendem-se estes números, perante uma cidade que tem vivido anos de profunda mudança, tornando-se ímpar em termos arquitectónicos e culturais, surpreendendo quem a visita.

 

O mais interessante para quem vai à descoberta de Berlim é ser-lhe revelado algo mais do que estava à espera. De Paris, Londres ou Roma, toda a gente tem uma certa ideia, mesmo que nunca lá tenha estado. Agora, de Berlim, além das "Portas de Brandenburgo" e de vestígios do "Muro", o que esperar mais?  Para quem a visita, fica a saber que há mais, muito mais. E isso vai passando de "boca em boca", como os números agora conhecidos demonstram.

 

Três mil bombas sob Berlim

Alexandre Guerra, 03.04.13

 

Joerg Neumann, um dos elementos da equipa de especialistas que desmantelou a bomba russa de 110 quilos/Foto: Johannes Eisele/AFP/Getty Images

 

Uma bomba da II Guerra Mundial lançada pelos Aliados sobre Berlim, e que nunca explodiu, foi encontrada na Terça-feira à noite próxima da principal estação de comboios da capital alemã. Durante os trabalhos de desmantelamento, a circulação de comboios foi desviada e a polícia evacuou todas as casas nas imediações. Toda a operação demorou quatro horas, embora os especialistas tenham desmantelado o engenho explosivo em apenas meia hora.

 

O mais surpreendente de toda esta história é a informação fornecida pelas autoridades alemães: acreditam que ainda existem cerca de 3000 bombas enterradas sob Berlim. Uma informação que, certamente, trará uma nova perspectiva a quem pisar solo berlinense.

 

É de heróis que a Europa precisa

Alexandre Guerra, 17.11.11

 

 

Os profetas que por aí andam falam na actual "crise europeia" como se fosse a "mãe" de todas as crises. Uma crise de tal maneira avassaladora, dizem eles, que pode ameaçar os alicerces da construção europeia. É um ponto de vista, embora algo distorcido daquilo que se vai aprendendo com a História.

 

Numa das deambulações por coisas que valem mesmo a pena ouvir, o Diplomata recuperava o "Heroes", o segundo trabalho de David Bowie da famosa "Berlin Trilogy", feita em parceria com Brian Eno. Lançado em 1977, este álbum foi gravado em Berlim Ocidental a poucos metros do Muro, no famoso Hansa Tonstudio. Aliás, no próprio álbum lê-se "recorded at Hansa By The Wall".

 

Esta frase não era meramente informativa, tinha também uma conotação simbólica, num álbum que tentou captar o espírito de uma cidade dividida, símbolo de uma Europa permanentemente em tensão, separada por uma "Cortina de Ferro", com forças convencionais espalhadas por vários países prontas a atacar e sob o espectro da ameaça nuclear. Esta sim, no entender do autor destas linhas, era uma Europa que estava verdadeiramente perante um desafio de proporções históricas.

 

Mas, mesmo nesta Europa de incertezas, que nos momentos mais "quentes" da Guerra Fria chegou a temer uma Terceira Guerra Mundial, a música "Heroes" homenageia os heróis e repudia os fatalistas. Heróis personificados em duas pessoas apaixonadas que, contra todas as adversidades (e não se está a falar dos "mercados"), vivem o seu momento de felicidade, por um dia, junto do Muro. Um sinal de esperança mas também de desafio ao que muitos aceitavam ser uma realidade consumada e determinista.

 

Israel ordena as suas embaixadas a usar foto como "arma" de "public relations"

Alexandre Guerra, 22.07.09
 
As “public relations”, quando utilizadas ao serviço de um qualquer Estado, podem transformar-se num importante instrumento de “soft power”, visando os mais variados interesses e objectivos políticos. Por vezes, os governantes assumem frontalmente a sua estratégia, sobretudo quando estão perante um tema consensual no seio da sua opinião pública. Os “desígnios nacionais” são normalmente objecto de campanhas de comunicação e de “public relations” por parte do Estado, sempre na defesa dos interesses de um país.
 
Husseini e Hitler reunidos em Berlim, 1941
 
Por exemplo, tal aconteceu com a causa de Timor Leste, em que o Governo português, em nome de um desígnio nacional, accionou uma campanha de “public relations” (e também “public affairs”) sem precedentes, conseguindo transformá-la em “soft power”, utilizando-o posteriormente com mestria nos corredores diplomáticos. A estratégia delineada pelo Governo português acabaria por conduzir ao processo de independência daquela pequena nação.
 
Resumindo, os Estados recorrem às “public relations” para defender os seus interesses, sejam eles virtuosos ou perversos, transparentes ou obscuros.
 
É nesta última categoria de interesses que se pode interpretar a mais recente directiva do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, ao ter ordenado aos departamentos de comunicação das suas embaixadas em todo o mundo para utilizarem nas suas iniciativas de “public relations”, sempre que puderem, uma polémica e constrangedora fotografia para o povo palestiniano.
 
Na imagem, vê-se um encontro entre o Grande Mufti de Jerusalém, Amin al-Husseini e o líder do regime nazi, Adolf Hitler, na cidade de Berlim em 1941. Embora a relação diplomática na altura da II GM entre a cúpula palestiniana e o regime nazi seja uma evidência histórica, a verdade é que tal associação continua a ser um tema sensível para os palestinianos.
 
Percebendo o quão incomodativo pode ser esta imagem para os palestinianos, foi o próprio chefe da diplomacia hebraica, o ultranacionalista Avigdor Lieberman, que deu indicações para todas as embaixadas israelitas utilizarem a foto o mais que puderem em todos os momentos de comunicação.