Temas fracturantes
Desde Domingo até esta Terça-feira à noite, Portugal debateu-se com um tema fracturante que agitou a sociedade portuguesa: a cobertura do Estádio da Luz. Alimentou paixões, inflamou ânimos e suscitou debates do mais alto nível protagonizados pela "intelligentia" deste País. Os portugueses, orientados por uma classe jornalística cada vez mais pobre e inculta, exprimiram, mais uma vez e de forma inequívoca, as suas prioridades no que concerne aos temas fracturantes para o futuro do País.
Também nas últimas 48 horas, um outro país europeu, supostamente mais evoluído e civilizado, mergulhou num debate intenso sobre um tema fracturante: a eutanásia...de uma girafa. Pois é verdade, na Dinamarca não se tem discutido outra coisa, desde que o Jardim Zoológico de Copenhaga abateu a girafa Marius para evitar a consaguinidade na comunidade daquela espécie no zoo da capital dinamarquesa. O próprio director científico daquele estabelecimento veio justificar a sua decisão ao abrigo do "programa internacional de procriação", que exige o cumprimento de várias regras, nomeadamente, na gestão do excedente de exemplares daquela espécie.
Quem não aceitou estas justificações foram pelo menos as 30 mil pessoas que assinaram uma petição para salvar a Marius. Entretanto, parte da sociedade dinamarquesa exige a demissão do director científico zoo e até já houve mesmo ameaças a alguns dos seus funcionários.
A conclusão de tudo isto parece óbvia: Pouca gente terá dúvidas sobre as diferenças abismais entre Portugal e Dinamarca relativas aos estádios de desenvolvimento social, mas quando chega a hora do debate de temas fracturantes, parece que a irracionalidade é um vírus que tanto afecta o Sul como o Norte da Europa.