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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Recordar Belém no Natal...

Alexandre Guerra, 22.12.16

 

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Em cima, a tradicional árvore de Natal no centro de Belém, Palestina, com a Basílica da Natividade e a Igreja de Santa Catarina em plano de fundo. Em baixo, duas jovens palestinianas muçulmanas entusiasmadas com a chegada do Natal.

 

Nesta altura do ano recordo sempre Belém, não em Lisboa, mas na Cisjordânia, onde nasceu Jesus Cristo. E recordo, não propriamente pela sua beleza, e muito menos pela sua sofisticação, mas porque ali vive a maior comunidade católica da Palestina. Fiz vários amigos de lá, católicos, com quem perdi contacto ao longo dos anos. E lembro-me sempre que, apesar de ser um "enclave" católico no meio de terras muçulmanas (e também judaicas), as gentes de Belém nunca tiveram medo de mostrar o seu Natal, com a célebre árvore bem no centro e as ruas devidamente engalanadas. Ao mesmo tempo, os muçulmanos sempre conviveram bem com esse facto, vendo até aí uma fonte de receitas para aquele município. E o corolário desta convivência inter-religiosa, mas sem que ninguém abdicasse dos seus credos e rituais, verificava-se na Missa do Galo, onde todos os anos víamos pela televisão uma das imagens mais icónicas daquilo que podia ser visto como pragmatismo confessional, sem preconceitos ou intolerâncias: Yasser Arafat sentado na fila da frente da Igreja da Santa Catarina. O antigo líder histórico palestinano poucos problemas tinha em aceitar o catolicismo dentro das fronteiras da Cisjordânia, na verdade, para ele, a questão da religião foi sempre secundária, sendo que o que lhe interessava mesmo era a afirmação do poder da Autoridade Palestiniana em relação a Israel.

 

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O Natal é para todos

Alexandre Guerra, 30.11.15

 

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A tradicional árvore de Natal no centro de Belém, Palestina, com a Basílica da Natividade e a Igreja de Santa Catarina em plano de fundo. 

 

Com as sociedades ocidentais a viverem sob modelos sociais, culturais e religiosos cada vez mais assépticos, têm surgido algumas notícias que dão conta da proibição de actos natalícios em escolas ou locais públicos, supostamente em nome da integração de todos. Ora, o que muitos esquecem é que integrar pressupõe precisamente o contrário, ou seja, o respeito pelas tradições existentes, sejam elas quais forem e em que circunstâncias for. Aliás, relembro que em Belém (não em Lisboa, mas na Cisjordânia), cidade onde vive a maior comunidade católica da Palestina, o Natal é comemorado efusivamente, com a tradicional árvore de Natal e as ruas devidamente engalanadas. Tudo isto acontece no meio de uma região predominantemente muçulmana e, como se não bastasse, com vizinhos judaicos. E não é por isso que o Natal em Belém deixou de ser comemorado. Pelo contrário, foi algo que as próprias autoridades daquela cidade sempre encorajaram, até porque se tornou uma importante fonte de receita para os comerciantes. Para a história, ficam as célebres imagens de todos os anos do antigo líder palestiniano, Yasser Arafat, a assistir à Missa do Galo na noite de 24 de Dezembro na Igreja de Santa Catarina.