A sala onde todos falam com todos
Panorâmica do anfiteatro da Assembleia Geral da ONU com os famosos murais de Fernando Léger, sobre os quais um dia o Presidente Harry Truman disse parecerem uns ovos estrelados. Foto: REUTERS/ Eduardo Munoz
Todos os anos, durante esta semana, Nova Iorque fervilha diplomacia, porque é quando quase todos os líderes do mundo e respectivas delegações ali se deslocam para discursar na abertura anual da Sessão da Assembleia Geral das Nações. Na verdade, é das poucas vezes que aquela imponente sala, renovada há três anos, se enche e cumpre a sua função de fórum multilateral para as 193 nações que fazem parte da ONU. Ter-se o privilégio de se estar naquele anfiteatro vazio e em silêncio, é sentir o peso da história político-diplomática do pós-II GM. Todos os líderes mundiais passam por lá.O primeiro-ministro português, António Costa, por exemplo, fará a sua estreia nestas lides na Quarta-feira, um dia depois de Donald Trump, que fará também a sua inauguração na Assembleia Geral enquanto Presidente dos EUA. Formalmente, a 72ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas iniciou os seus trabalhos no passado dia 12, mas é durante estes dias que os muitos corredores e salas do complexo projectado pelos arquitectos Oscar Niemeyer e Le Corbusier, localizado entre as ruas 42 e 48 na Primeira Avenida, se enchem de movimentações diplomáticas. Tudo acontece lá por estes dias, sobretudo reuniões bilaterais de alto nível entre chefes de Estado e de Governo, já para não falar naquilo que é conhecido como a “diplomacia de corredor” e que, muitas das vezes, faz mais pela paz no mundo do que as grandes cimeiras ou conferências. É certo que muito há a criticar nas Nações Unidas, a sua burocracia, hipocrisia, ineficácia, mas a verdade é que é o único local onde todos podem falar com todos de forma diplomática e isso já é uma grande virtude.