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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Armamento, um negócio que resiste a qualquer crise

Alexandre Guerra, 06.11.12

 

Se há negócio que continua a florescer apesar dos ventos desfavoráveis é o do armamento e sistemas de defesa. Uma notícia desta Terça-feira da Reuters informava que a Defense Security Cooperation Agency (DSCA), entidade federal dos Estados Unidos que supervisiona as vendas de material bélico nacional a países terceiros, acabou de dar “luz verde” a um negócio de 7,6 mil milhões de dólares.

 

Ou seja, quase 6 mil milhões de euros, bem acima dos famigerados 4 mil milhões que se querem cortar em Portugal.

 

A aprovação da DSCA pode, teoricamente, ser bloqueada no Congresso, mas por todas as razões e mais alguma é algo impensável. Ou não fossem por momentos destes que o complexo militar-industrial norte-americano tanto espera.

 

O negócio em causa implica a venda de sistemas de defesa antimíssil da Lockheed Martin ao Qatar e aos Emirados Árabes Unidos (EAU). Sistemas esses que pretendem, por um lado, atenuar a dependência destes Estados nos aliados americanos e, por outro, garantir um “escudo” na região contra mísseis inimigos (leia-se, Irão) de curto e médio alcance.

 

A Lockheed já tinha anunciado em Agosto que alguns países da região tinham manifestado interesse no seu sistema THAAD (Terminal High-Altitude Area Defense), tendo o Qatar e os Emirados Árabes Unidos avançado com a intenção de adquiri-lo.

 

O Qatar vai despender 6,5 mil milhões enquanto os EAU pretendem gastar um pouco acima de 1,1 mil milhões.

 

Submarinos fizeram de Portugal o sexto maior importador mundial de armas em 2010

Alexandre Guerra, 20.03.12

 

O submarino Arpão na chegada à Base Naval do Alfeite, em Abril do ano passado/Foto: Rui Miderico - Lusa

 

Portugal foi, em 2010, o sexto maior importador de armas a nível mundial, à frente de países como os Estados Unidos (7), a Argélia (8) ou a Arábia Saudita (9). Esta informação é citada pela revista Les Grands Dossiers de Diplomatie nº7 (Fevereiro/Março 2012), tendo como fonte o Yearbook 2011 do conceituado Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI).

 

Em 2010, o Governo português gastou 941 milhões de dólares em importações de armamento no âmbito da sua segurança e defesa, garantindo, deste modo, o sexto lugar dos 10 maiores importadores mundiais. No topo da lista encontrava-se a Índia, com mais de 3,3 mil milhões dólares, seguida do Paquistão, com sensivelmente 2,5 mil milhões, e da Austrália, um pouco acima dos 1,6 mil milhões. No quarto lugar estava a Coreia do Sul e no quinto Singapura.  

 

Os valores mencionados no ranking referem-se unicamente às importações de armamento no ano de 2010, sendo o anómalo caso português explicado, segundo julga o autor destas linhas, com a inclusão das verbas dos dois submarinos adquiridos à Alemanha e que terão sido totalmente pagos em Dezembro de 2010, altura em que foi entregue a segunda embarcação, à saída do estaleiro, ainda em território alemão. O Tridente, o primeiro submarino, já tinha chegado a Portugal em Agosto desse ano.

 

Na altura da discussão do OE para 2011, em Outubro, o então Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, ainda terá chegado a incluir cerca de mil milhões de euros nesse documento em “despesas excepcionais”, já que desconhecia quando seria entregue o segundo submarino, momento em que, contratualmente, Portugal era obrigado a pagar os montantes em dívida. Mas, uma vez que o processo ficou concluído em finais de 2010, segundo o próprio Ministério das Finanças confirmou ao Económico, as verbas acabaram por ser pagas ainda nesse ano. Os dois submarinos terão custado 833 milhões de euros.

 

O Arpão, o segundo submarino, acabaria por chegar a Portugal em Abril de 2011, já pago.

 

Texto publicado originalmente no Forte Apache.