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Enquanto no passado Sábado corações e mentes se entregavam ao romance do Dia dos Namorados ( ou São Valentim), em Riade estava a acontecer um "massacre" no seio da corrente waabita instalada no Governo saudita.
A palavra "massacre" foi utilizada em sentido figurado por Nina Shea, directora do Centro de Liberdade Religiosa do Hudson Institute, para descrever o ataque feroz que o Rei Abdullah desferiu nos ministros e altos responsáveis políticos mais conservadores do regime.
Entre as várias medidas, Abdullah promoveu pessoas da sua confiança, mais tolerantes em termos religiosos e políticos e que se adequam melhor às necessidades do país em pleno século XXI.
O principal sinal de esperança para uma verdadeira reforma e abertura política, social e religiosa terá sido a nomeação de Noura al-Faez como vice-ministra para a pasta da Educação das Mulheres. É a primeira mulher a ocupar um lugar no Executivo.
A iniciativa é de tal maneira importante que o correspondente internacional da CNN, Nic Robertson, interrogava-se com o seguinte: O que poderá ser maior do que a nomeação de uma mulher para um lugar ministerial? A resposta foi: "Talvez uma ministra da Justiça."
Desde 2005 no poder de facto e de juri, após a morte do seu irmão, o Rei Fahd, este foi o mais importante gesto político levado a cabo por Abdullah, afastando do Governo alguns dos guardiões do waabismo, substituindo-os por mentes mais reformistas e próximas do chefe de Estado.
Entre os que saíram encontram-se o ministro da Justiça e o líder da Comissão para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício.
Nic Robertson diz tratar-se de um novo curso irreversível para a modernização da Arábia Saudita, que já vem sendo preparado por Abdullah há algum tempo.
Com 80 anos, o monarca apercebeu-se que o seu país está cada vez mais dominado por uma faixa etária muito jovem, com acesso à TV satélite, a telemóveis, a Blackberry's, a contactos com o exterior... Ou seja, no fundo trata-se de uma parte da população sedenta de mudança e potencialmente muito crítica, caso o Governo não suavizasse os preceitos orientadores da sociedade.
Apesar do sentido reformista de Abdullah, tudo tem sido feito com moderação, não sendo de esperar mudanças drásticas. Porém, o Rei tem emitido importantes sinais para a sociedade saudita, demonstrando que pretende atenuar o domínio radical waabita em prol de uma maior influência do ramo sunita.