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Vítimas das cheias que estão a assolar o Paquistão
As grandes catástrofes naturais têm um efeito unificador entre os povos e as nações e geram de imediato movimentos de solidariedade espontâneos e sinceros, enaltecendo o que de melhor há nos seres humanos e nos seus governantes, numa lógica altruísta de ajuda àqueles que mais necessitam em períodos difíceis e anómalos.
Além das ONG, como a Cruz Vermelha ou a Oxfam, e das organizações internacionais que tem o seu expoente máximo na ONU, dotadas de estruturas altamente profissionais e organizadas para responder em cenários de catástrofe natural, também os Estados desempenham um papel fundamental no auxílio às vítimas, seja de forma bilateral ou multilateralmente, através da criação de um fundo internacional (este caso é mais aplicado num segundo momento, quando já se está perante um processo de reconstrução).
Veja-se, por exemplo, o que está acontecer com as cheias que estão a assolar o Paquistão, as piores nos últimos 80 anos, e que já provocaram mais de 1100 mortos e que estão a afectar mais de 2 milhões e meio de pessoas.
A Cruz (Crescente) Vermelha já está no terreno e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já disponibilizou 10 milhões de dólares para o auxílio humanitário. Ao nível estatal, o Reino Unido, através do seu Departamento para o Desenvolvimento Internacional, disponibilizou 10 milhões de libras, um gesto também adoptado por Washington que anunciou o envio de 10 milhões de dólares.
Estas iniciativas por parte dos Estados têm tido cada vez mais expressão, bastando recuar até Janeiro e relembrar tragédia do Haiti, tendo-se verificado uma onda de solidariedade sem precedentes.
No entanto, e não obstante os anúncios dos líderes mundiais e, admita-se, a sua sincera vontade de ajudar, existe um fosso cada vez maior de “delay” entre o momento formal da declaração de intenções e a concretização efectiva da disponibilização financeira. E este tem sido um dos maiores problemas que se verifica ao nível do apoio monetário dos Estados face a tragédias humanitárias.
A lentidão burocrática e, por vezes, a falta de pressão política interna para que as verbas sejam canalizadas para os países necessitados, compromete os trabalhos no terreno e, por vezes, passam-se meses, se não anos, até que o que foi prometido pelos líderes seja realmente cumprido.