Política e emoções
"Fala-se de política e o teu sentido de humor desaparece", diz Robert Redford, no papel do charmoso e descontraído Hubbell Gardiner, numa das muitas discussões políticas com Barbara Streisand, na pele da activista radical Katie Morosky, sua mulher. A passagem pertence ao intenso The Way We Were (1973) de Sidney Pollack, considerado por muitos como um dos grandes romances do cinema. Mas mais do que uma simples história de amor, o notável deste filme é a forma como Pollack consegue, muito ao estilo dele, envolver um drama emocional com a conjuntura política que se vai vivendo ao longo dos vários anos em que se vai desenrolando a acção. Da guerra civil espanhola, passando pela ameaça Nazi na Segunda Guerra Mundial, até à histeria anti-comunista da "caça às bruxas" levada a cabo pelo senador Joseph McCarthy, a dinâmica no ecrã criada entre Redford e Streisand é simplesmente arrebatadora. Um desses momentos é quando Streisand, na companhia de Redford, acaba de sair do Senado, após se ter manifestado contra o Governo norte-americano, e tem que enfrentar uma série de protestantes violentos. Redford, em defesa da sua mulher, acaba por ser agredido e ambos têm que se refugiar numa sala e é quando este se vira para Streisand e verbaliza a sua revolta contra o idealismo ingénuo e radical: "Isto é política de gente crescida. E é estúpida e perigosa."