O político em 2015
Como alguém constatou na antiguidade clássica, se os homens fossem anjos, então não seriam precisos políticos para os governar. Os séculos passaram e os políticos (além do Povo) continuam a ser os principais agentes dessa invenção ateniense, a Democracia. É verdade que o conceito do político tem mudado ao longo dos tempos, fruto das suas circunstâncias, mas há um traço que tem permanecido inalterado: a desconfiança do povo em relação aos seus governantes. Seja como for, com mais ou menos desconfiança e, por vezes, ódio à mistura, o político acabou por ser aceite como um "mal menor" no edifício da democracia, que, embora não sendo perfeito, seria, segundo Churchill, o menos mau entre todos os outros modelos propostos para governar os homens.
As sociedades, entretanto, foram transformando-se e hoje há quem diga que se vivem tempos novos na história da democracia Ocidental. Talvez, pela primeira vez, tenha chegada a hora do "anti-político", um sentimento nas opiniões públicas de que os seus governantes são irrelevantes na organização das sociedades do século XXI. Há, claramente, um défice do político (não necessariamente da política) que é preciso contrariar.
Há uns dias, foi aqui escrito que uma geração mais nova de políticos começava a despontar na Europa e que teria agora oportunidade de mostrar aquilo que valia. Sobretudo, estes políticos mais jovens encontram-se perante o desafio de alterar a dinâmica na relação entre si e o cidadão. Terão que provar, novamente, que o seu papel é útil na governação dos povos e reconquistar, pelo menos, o respeito dos cidadãos. Este será, talvez, o principal desafio que estes novos políticos terão em 2015.