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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Sweet Home Alabama, em defesa da América sulista

Alexandre Guerra, 16.03.14

 

 

Se há música que desperta as sensibilidades da América sulista, essa canção chama-se "Sweet Home Alabama" da mítica e trágica banda, Lynyrd Skynyrd. Lançada em 1974, como single do segundo álbum da banda "Second Helping", foi vista por muitos como uma música que fazia a defesa do modelo de vida de alguns estados do Sul dos Estados Unidos, nomeadamente do Alabama.

 

Aliás, "Sweet Home Alabama" terá sido uma resposta crítica a duas músicas de Neil Young ("Southern Man" e "Alabama"), já que estas tratavam de temas como racismo e escravatura na América sulista. Note-se que os Lynyrd Skynyrd se tornaram numa espécie de repositório de valores e ideais dos estados do Sul, no qual músicas como "Sweet Home Alabama" ou  "Free Bird" se transformaram em autênticos hinos de uma certa América.

 

A própria música "Sweet Home Alabama" refere-se a determinada altura a Neil Young, num tom carregado de ironia, mas também ao governador do Alabama (em suposta sua defesa) e ao escândalo de Watergate. Neste último caso, a banda estaria a dirigir-se aos americanos do Norte com uma mensagem do estilo: "The band was speaking for the entire South, saying to northerners, we're not judging you as ordinary citizens for the failures of your leaders in Watergate; don't judge all of us as individuals for the racial problems of southern society."

 

Efectivamente, o vocalista Ronnie Van Zant, que viria a morrer em 1977, com 29 anos, no tristemente célebre desastre de avião com outros membros da banda, chegou a dizer que a música não pretendia fazer uma defesa do governador do Alabama, George Wallace, este um acérrimo defensor da segregação. "Wallace and I have very little in common. I don't like what he says about colored people", terá dito Van Zant. 

 

Apesar das diferentes leituras que a música possa ter, é inegável que está marcada pelos acontecimentos políticos e sociais da época e materializa o contraste que a América vivia naquela época entre o Sul e o Norte. Não é por isso de estranhar que em Maio de 2006, John J. Miller, ao enumerar na National Review as 50  músicas rock mais conservadoras em termos políticos, tenha colocado "Sweet Home Alabama" em quarto lugar.