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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Apontamentos históricos

Alexandre Guerra, 01.10.16

 

"A 2 de Agosto de 216 a.C, um terrível e apocalíptico dia no Sul de Itália, 120 000 homens envolvidos no que acabou por ser uma enorme luta de espadas. No fim da contenda, pelo menos 48 000 romanos estavam mortos ou moribundos [...] Assim foi Canas, um evento celebrado e estudado enquanto paradigma de Aníbal para futuros praticantes das artes militares, a apoteose da vitória decisiva, Roma, por outro lado, perdeu, sofrendo nesse dia mais baixas que os EUA durante toda a guerra no Vietname. [...] Canas culminava uma série de derrotas engendradas pelo próprio Aníbal, personificação do castigo merecido infligido a Roma, que atacaria a Itália por mais 13 anos. [...] Batalha de Canas foi um ponto crucial na história de Roma [...] Os acontecimentos desse mês de Agosto ou começaram ou aceleraram a tendência de empurrar Roma da municipalidade para o império, da oligarquia republicana para a autocracia, da milícia para o Exército profissional, de um reino de donos de terras para um reino de escravos e propriedades. E o talismã de todas estas mudanças foi um sobrevivente sortudo, um jovem tribuno militar chamado Públio Cornélio Cipião, conhecido na história com a alcunha de Africano, visto que ao fim de muitos anos de guerra, Roma ainda precisaria de um general e de um exército suficientemente bons para derrotar Aníbal, e Cipião Africano, com a ajuda do que restava dos refugiados desonrados no campo de batalha, atenderia à chamada e poria tudo em marcha."

 

Robert L. O'Connel in Aníbal, Cartago e o Pesadelo da República Romana (Bertrand, 2012)