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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Ainda sobre os desafios de Guterres...

Alexandre Guerra, 19.10.16

 

A imprensa internacional é unânime nos elogios ao novo Secretário-Geral da ONU, mas já fez saber que António Guterres não vai ter qualquer período de graça e muito menos uma tarefa facilitada. Como qualquer Secretário-Geral daquela organização, também Guterres terá pela frente inúmeros desafios, começando por alguns conflitos regionais, como o da Síria (vamos ver o que acontece no Mar da China), a questão da migração ou a crescente tensão entre a Rússia e o Ocidente.

 

Dificilmente conseguirá fazer algo quanto à reforma do Conselho de Segurança, no entanto, muito mais há a fazer dentro da própria ONU. E aqui neste ponto o seu papel pode ser particularmente relevante, como, por exemplo, na questão da reforma da própria estrutura burocrática da ONU. Recorde-se que recentemente a secretário-geral adjunto de Ban Ki-moon se demitiu, acusando aquela organização de ser um monstro burocrático. Veja-se este exemplo: a ONU demora em média 213 dias para contratar alguém. Outro assunto que Guterres poderá tentar resolver tem a ver com credibilidade das missões dos capacetes azuis. É um tema que tem de ser, de uma vez por todas, encarado de frente, já que ao longo dos anos têm sido muitos os problemas que têm afectado aquelas missões (insubordinação, abusos sexuais, etc). Ainda há uns dias, um relatório do Center for Civilians Conflict (Civic), baseado em Washington, confirmou aquilo que já se suspeitava, de que vários capacetes azuis da missão do Sudão do Sul, nomeadamente chineses e etíopes, se recusaram a sair do Quartel-General da ONU em Juba, durante acontecimentos violentos em Julho último, para irem proteger os civis que estavam a ser alvo de ataques de soldados governamentais. Segundo relatos, houve mesmo outros capacetes azuis que se retiraram do local do conflito, quando tinham ordens contrárias, para fazer o "engage" nos confrontos que opunham soldados governamentais e forças rebeldes.

 

Acima de tudo, Guterres terá que assumir-se como uma figura de “alto perfil”, contrastando com o “apagado” e quase irrelevante Ban Ki-moon. Só ganhando peso político, é que Guterres conseguirá enfrentar todos estes desafios e conseguir levar por diante soluções por si propostas.

 

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