A ilusão
Brave New World (part two) by Marit Otto (2018)
A reler o "Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley... "Oh, admirável mundo novo..." Disse o "selvagem" John quando reagiu ao convite do "civilizado" Bernard para regressar com este e sua companheira Lenina a Londres, capital da civilização, da utopia. John nunca tinha saído do pueblo Malpais, uma espécie de reserva indígena museológica de uma humanidade pré-civilizacional, localizada algures na região do Novo México e México. O "selvagem" nunca tinha visto nenhuma mulher como Lenina, para ele, um "anjo vestido de viscose verde garrafa, resplandecente de mocidade e de cremes de beleza, rechonchudo, sorrindo com meiguice", um ideal de perfeição e harmonia, um exemplo das "virtudes" da grande civilização de Ford, contrastando com o estádio primitivo do mundo renegado de Malpais. "Oh, admirável mundo novo, onde existem tais criaturas..." Dizia John deslumbrado com a civilização de Bernard e Lenina. Era um mundo novo, sim, mas desconhecia o jovem "selvagem" que em Londres o esperava uma sociedade sem alma nem humanismo, onde não havia vontade própria nem livre arbítrio.