Vinte anos depois da libertação, Lech Walesa ainda é o herói dos polacos
Foto AP
Cansado de se defender das acusações, insinuando que Lech Walesa esteve envolvido com a KGB durante os anos 70, o histórico líder do movimento Solidariedade ameaçou abandonar a Polónia e devolver o seu Prémio Nobel da Paz, depois de ter sido publicado um segundo livro reiterando a tese de ter sido um espião comunista.
O aviso foi feito através do seu blogue pessoal e é a reacção à nova biografia sobre Walesa à venda nas livrarias esta semana, editada pelo Institute of National Remembrance (IPN), a entidade estatal que investiga os crimes na Polónia durante o passado comunista.
Embora já tivesse sido ilibado de qualquer suspeita de espionagem para os comunistas por um tribunal especial em 2000, as acusações continuam. Na altura, os juízes concluíram que Walesa teria sido incriminado pelos serviços secretos polacos (SB) a mando de Moscovo durante os anos 80, ao forjarem documentos para que aquele sindicalista não recebesse o prémio Nobel da Paz em 1983.
Desta forma, o regime comunista tentava descredibilizar Walesa junto do Ocidente e, assim, enfraquecer a sua influência na Polónia.
Convém relembrar que Walesa iniciou um movimento sindical muito poderoso em 1980, com uma greve geral nos históricos Estaleiros de Gdansk, e que acabariam por espoletar um processo que terminaria no alucinante ano de 1989, com a libertação da Polónia do jugo soviético.
A sua influência foi de tal maneira avassaladora na sociedade polaca que Walesa foi eleito em 1990 Presidente do país, o primeiro do período pós-Guerra Fria. Desde então que a sua reputação e prestígio têm-se mantido praticamente incólumes.
E apesar das críticas que têm surgido, a maioria dos polacos, mesmo admitindo que ele, eventualmente, tenha cometido alguns erros enquanto era mais novo, continua a considerar Walesa um herói que lutou pela liberdade da Polónia.
Walesa pede agora às autoridades polacas que tomem medidas contra aqueles que estão a difamar a sua imagem e exorta os tribunais a protegê-lo daquilo que considera ser "ataques impunes". O próprio primeiro-ministro Donald Tusk prontificou-se a defender Walesa e referiu que os livros têm motivações políticas.