Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

Vladimir Putin vai revelando as suas verdadeiras intenções

Alexandre Guerra, 01.10.07

Quando o Presidente Vladimir Putin anunciou a sua "retirada" do Kremlin (relembre-se, obrigado por motivos constitucionais) surgiram de imediato vários nomes que podiam ser potenciais sucessores. Muitos analistas e jornalistas passaram a falar de uma Rússia pós-Putin, revelando uma falha grave na leitura de toda a situação. 


No entanto, e como há muito tem sido referido pelo Diplomata, Vladimir Putin nunca teve verdadeiras intenções de abandonar o poder. Conhecendo-se um pouco da história política russa e da sua liderança, facilmente se chegaria à conclusão de que Putin estava apenas a ganhar tempo para encontrar uma solução que lhe permitisse manter o controlo do poder.


A forma é apenas um pormenor porque o que está em causa é a substância da decisão. Ouvido pela rádio Ekho Moskvy, o analista russo Gleb Pavlovsky vai directo à questão central: "We can forget our favourite cliche that the president is tsar in Russia." E neste caso o Czar é Vladimir Putin que tanto o poderá ser na presidência, na chefia do Governo ou noutro cargo qualquer, desde que faça as devidas alterações constitucionais e que continue acompanhado dos seus "siloviki". Pavlovsky acrescenta ainda que o sucessor de Putin "não será um Czar" e "que surgirá um novo centro de influência fora do Kremlin".     


Nos últimos meses, o Presidente russo tem insistido nessa ideia, tendo hoje afirmado que a sua eventual candidatura nas eleições legislativas de Dezembro para o cargo de primeiro-ministro é uma opção "inteiramente realista". O anúncio foi feito durante um congresso da Rússia Unida que, segundo o correspondente da BBC Mike Sanders, caiu que nem uma bomba. Mas, talvez para os mais desatentos...


A verdade é que ainda recentemente Putin já tinha ensaiado um possível modelo para manter o controlo do poder, ao sugerir a criação de um cargo influente no qual assumiria a liderança, ao mesmo tempo que colocaria na Presidência um "fantoche" ao seu serviço. Aliás, este trabalho já começou com a nomeação de Viktor Zubkov para o cargo de primeiro-ministro, uma figura praticamente desconhecida mas totalmente leal a Putin. AG