Mariano Rajoy em pré-campanha a 100 dias das eleições legislativas
Alexandre Guerra, 25.11.07
A vitória do presidente do Partido Popular (PP), Mariano Rajoy, nas eleições legislativas de Espanha, marcadas precisamente para daqui a 100 dias, era algo impensável há uns tempos. No entanto, vários erros do primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, alteraram esse cenário, originando mesmo um empate técnico nas sondagens entre os dois candidatos.
Num entrevista publicada hoje no El Mundo, vê-se um Rajoy mais confiante na sua liderança do PP e crente numa vitória contra o PSOE. "Sinceramente, acho que o PP vai ganhar as eleições. Acredito nisso." Foi desta forma que o líder popular respondeu à pergunta do jornalista sobre as possibilidades reais do PP vir a constituir o próximo Governo de Espanha.
Efectivamente, não se trata de um mero desejo irrealista de Rajoy, uma vez que neste momento o PP tem condições para vencer as eleições legislativas do próximo ano. A persistência de Rajoy aliada aos vários erros que Zapatero tem cometido parece começar a dar os primeiros frutos.
O líder do PP tem sublinhado precisamente essas duas vertentes. Por um lado, demonstra que tem sabido esperar pela sua vez, ao referir que "depois de três anos e meio, já demonstrou que pode ser presidente do Governo espanhol". Por outro lado, tem aproveitado os erros do adversário para fragilizar a sua posição.
Nesta matéria, Rajoy tem-se referido sobretudo a três situações que têm estado a gerar bastante controvérsia em Espanha: a Lei da Memória Histórica, o processo negocial com a ETA e a revisão dos estatutos autonómicos. De facto, Zapatero não tem conseguido gerir da melhor forma estas questões, tendo inclusive uma actuação desastrada na sua política antiterrorista.
Uma das acusações que Rajoy faz a Zapatero é de ter violado o pacto entre os dois partidos no que toca aos assuntos fracturantes da Espanha, como o terrorismo ou as autonomias. Por isso, o líder do PP disse que caso seja eleito a primeira coisa que fará é convocar um projecto nacional de três bases: entendimento, concórdia e converter a Espanha numa economia líder no mundo. É uma atitude inteligente e, certamente, uma boa forma de começar a pré-campanha.
Na entrevista de hoje, Rajoy apresenta algumas medidas concretas, indo uma delas precisamente de encontro à tal concórdia e consenso de que fala. "Que não se reforme qualquer estatuto de autonomia sem o acordo de dois terços dos deputados do Congresso", porque como diz (e bem) o líder do PP, a Espanha deve ser "o único país do mundo onde o modelo de Estado está permanentemente em aberto".
Outras das medidas anunciadas por Rajoy, e que poderá ter um impacto brutal pela positiva na qualidade de vida de milhares de espanhóis, prende-se com questões fiscais. O líder do PP propõe eliminar a retenção fiscal do Imposto sobre os Rendimentos da Pessoa Singular (IRPF) a quem receba menos de 16 mil euros anuais. Uma situação que afecta sobretudo jovens empregados.
Para já, Rajoy inicia a pré-campanha eleitoral com um discurso mais coerente e positivo do que o seu adversário, que tem a difícil tarefa de gerir vários dossiers de modo a evitar que os mesmos prejudiquem a sua reeleição para o Palácio da Moncloa. Alexandre Guerra