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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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Os enviados especiais de Obama

Alexandre Guerra, 23.01.09




Richard Holbrooke (à esquerda) e George Mitchell (à direita)  Matthew Cavanaugh/Pool photo


George J. Mitchell e Richard Holbrooke vão ser os emissários especiais para o Médio Oriente e para o Paquistão e Afeganistão respectivamente. Ambos têm pela frente uma tarefa árdua, sendo que no caso de Mitchell será quase impossível, se este definir como objectivo alcançar a paz entre israelitas e palestinianos durante a administração de Barack Obama. 



Mas, atendendo à experiência do ex-líder da maioria democrata no Senado, é bastante provável que os seus objectivos não sejam tão ambiciosos, ficando-se pela já missão homérica de alcançar a estabilidade entre israelitas e palestinianos. E aqui, sim, com empenho da Casa Branca e do Departamento de Estado, Mitchell poderá ter condições para conseguir implementar um processo que conduza a alguma estabilidade na Palestina.

 

Mitchell, que efectivamente ajudou a forjar a paz na Irlanda do Norte, certamente não irá cometer o erro de comparar as duas situações. Os mecanismos diplomáticos e políticos utilizados no processo da Irlanda do Norte não se aplicarão no contexto do conflito entre israelitas e palestinianos.

 

Também Richard Holbrooke terá uma situação cada vez mais difícil para gerir enquanto representante especial dos Estados Unidos no Paquistão e no Afeganistão. De acordo com uma notícia publicada ontem no 
Politico.com, os conselheiros de Obama terão revelado que o Presidente ficou surpreendido ao ler recentes briefings diários dos serviços secretos sobre locais problemáticos no mundo, apercebendo-se que o Paquistão está numa situação muito instável e perigosa.  



Apesar dos desafios, Holbrooke tem uma vasta experiência diplomática, destacando-se os Acordos de Dayton, de 1995, que ele próprio ajudou a pôr de pé, terminando com a guerra que se vivia na Bósnia-Herzegovina.



Se a nomeação de Holbrooke foi recebida com alguma unanimidade, não obstante o seu estilo por vezes agressivo e descomprometido quando negoceia nos "corredores", já a escolha de Mitchell poderá gerar algumas desconfiança do lado israelita, nomeadamente do sector mais conservador e por parte de alguns apoiantes americanos do Estado hebraico que o poderão ver como uma figura imparcial.



Isto a propósito de um relatório que Mitchell redigiu em 2001 e no qual apontou algumas críticas ao Estado israelita, irritando na altura o Governo liderado por Ariel Sharon. Citado pelo Los Angeles Times, o antigo embaixador norte-americano Samuel Lewis pôde constatar, numa visita recente à região, que "existe muito nervosismo" em relação a Mitchell. Alexandre Guerra