Disparidades salariais
A disparidade salarial entre classes sociais é um tema que tem vindo a ganhar protagonismo no debate das sociedades ocidentais, nomeadamente nos Estados Unidos. Não tanto pelo facto de existirem diferentes níveis de rendimento entre pessoas, mas sim, por causa do fosso cada vez maior entre o "um por cento" da população mais rica americana e os restantes estratos sociais.
A revista Fortune revelava num editorial recente que, em média, o rendimento das famílias americanas aumentou 62 por cento entre 1979 e 2007. Porém, o grupo restrito dos "um por cento" mais ricos viu os seus rendimentos aumentarem 275 por cento. Enquanto os 20 por cento mais pobres ficaram-se por um aumento de rendimentos na casa dos 18 por cento.
Vários factores ajudam a explicar esta disparidade, os quais não são objecto de análise neste texto. O importante aqui a realçar é o facto destas disparidades começaram a atingir um ponto em que prejudicam o acesso equitativo às oportunidades na sociedade americana. E este princípio tem sido basilar no "american way of life".
Alan Krueger, antigo conselheiro económico do Presidente Barack Obama, acredita que esta situação representa uma ameaça ao crescimento económico. Neste sentido, diz a Fortune que "grandes disparidades de rendimentos conduzem a uma fragmentação da sociedade". E qual então a solução?
É na resposta a esta pergunta que a Fortune surpreende, ao sugerir medidas que se esperariam vindas de qualquer orgão de comunicação social europeu, mas nunca de uma revista americana, ainda por cima especializada em economia. Andy Serwer, Managing Director da publicação, deixa a receita: acentuar a carga fiscal sobre os cidadãos mais ricos, elevar a taxação sobre os ganhos financeiros e aumentar o ordenado mínimo.
Aquilo que Serwer escreve parece ter tanto de óbvio como de racional e lógico, mas mesmo assim é considerado uma heresia por uma parte considerável da elite política e social americana e por muitos cidadãos comuns do campo republicano.