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O Diplomata

Opinião e Análise de Assuntos Políticos e Relações Internacionais

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A ideia por detrás do Lisboa Downtown devia ser seguida pelos decisores políticos

Alexandre Guerra, 18.05.08


Decorreu hoje nas ruas de Alfama a 9ª edição do Lisboa Downtown, com Steve Peat a conquistar a sétima vitória nesta prova. Para os amantes da modalidade, como é o caso do autor destas linhas, esta prova é só por si motivo de atracção. 



No entanto, ninguém pode negar a sua espectacularidade e o "proveito" que a mesma tira das ruelas e das vielas de um dos bairros mais típicos de Lisboa e que não tem paralelo em mais nenhuma cidade do mundo. Talvez por isso, esta tornou-se na mais prestigiada prova de Downhill urbano do mundo.



Lisboa Downtown foi das ideias mais interessantes e felizes que surgiram em Lisboa nos últimos anos, com o objectivo de criar uma dinâmica que eleve o estatuto da capital portuguesa no panorama internacional. Talvez, por isso, o próprio antigo presidente de Câmara, Carmona Rodrigues, se tenha associado corajosamente àquele evento há dois anos... Com umas quedas pelo meio, é certo.

 

A grande virtude deste tipo de eventos é não se cingir a um único momento, sendo antes um ritual que todos os anos traz a lisboa os melhores atletas da modalidade e que mobiliza cada vez mais pessoas. Lisboa tornou-se assim uma referência para quem faz e gosta desta modalidade. Mas, talvez ainda mais importante, as pessoas sabem que uma vez por ano podem ir até a Alfama para ver algo diferente e repleto de adrenalina. Ora, esta fórmula pode aplicar-em inúmeras áreas de interesse.



Muito se tem discutido sobre a forma de como colocar Lisboa na elite das cidades mundiais, mas líderes políticos e decisores têm-se ficado quase sempre por ideas conservadoras, que pouco ou nada contribuem para dinamizar a capital portuguesa. 



São eventos como o Lisboa Downtown que podem fazer a diferença, ao explorarem da melhor forma as especificidades de Lisboa. Porém, nos últimos tempos todos parecem andar eufóricos porque Lisboa "está na moda" por, repare-se, receber cada vez mais congressos internacionais.

 

Que o Diplomata saiba (e não descurando a importância daquela evidência) cidades como Paris, Londres, Madrid ou Viena (que devem ter milhares de congressos e conferências por ano) são atractivas por outros motivos bem mais interessantes e inovadores. 



Lisboa está longe de ser uma cidade preenchida em termos de eventos internacionais relevantes (o Rock in Rio tem sido outra das boas excepções).



Pensar eventos como o Rock in Rio ou o Lisboa Downtown pressupõe uma filosofia que é praticamente existente nos políticos, decisores e opinion makers desta praça. Por desajustamento geracional ou, simplemente, por ausência criativa, é raro surgirem ideias arrojadas e inovadoras para Lisboa que adquiram uma estatuto internacional relevante. Alexandre Guerra