O pastor que se tornou no mais antigo guerrilheiro do mundo
Alexandre Guerra, 25.05.08

O chefe do Estado Maior das Forças Armadas da Colômbia, o almirante René Moreno, confirmou hoje a morte de Manuel Marulanda Vélez, chefe das FARC, a 26 de Março, sem adiantar pormenores quanto às circunstâncias em que tal aconteceu, suspeitando-se, no entanto, que tenha sido vítima dos bombardeamentos levados a cabo pela força aérea colombiana."Tirofijo", como era conhecido o "mais anitgo guerrilheiro do mundo", morreu aos 78 anos, depois de ter estado mais de quatro décadas à frente das FARC.
Apesar deste movimento ainda não ter confirmado esta informação, sabe-se que já existe um possível sucessor para a chefia das FARC: Alfonso Cano. Vai ter uma tarefa difícil ao substituir o estatuto e o carismo de "Tirofijo", que de pastor, de talhante e ou de lenhador passou a guerrilheiro, enquanto fundador e líder das FARC.
Terá nascido em Génova, uma povoação na região de Quindío, a 12 de Maio de 1930, e ao longo dos anos foi desenvolvendo uma capacidade exímia de caçar aves nas montanhas, daí a sua alcunha de "Tirofijo". Alguns biógrafos, citados pelo El País, diziam que "onde ele punha o olho, punha uma bala".
Manuel Marulanda foi desde muito novo influenciado pela violência, que o obrigou a deixar a sua terra natal, a 200 quilómetros de Bogotá. A partir deste momento, ficou claro para o guerrilheiro que só através das armas seria possível sobreviver perante a repressão de um Governo conservador. O curioso é que o primeiro grupo que Manuel Marulanda reuniu tinha um carácter liberal, só mais tarde acabou por assumir a ideologia comunista.
De acordo com Arturo Alape, o seu biógrafo oficial, Marulanda era "um homem sereno e reservado, que se dirigia aos seus homens sempre num tom paternalista". Só no final dos anos 90, sobretudo a partir do Governo de Andrés Pastrana (1998-2002), começou a surgir mais vezes à frente das câmaras dos repórteres. Pastrana e Marulanda chegaram mesmo a reunir-se várias vezes, mas nunca conseguiram chegar a qualquer acordo. Nos últimos tempos, as FARC e o Governo de Alvaro Uribe têm vivido momentos de elevado tensão, com interferências externas que têm contribuído para uma deterioração da conjuntura. Alexandre Guerra